Díli 13 dez (Lusa)
- Dar uma vertente mais económica à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) é um dos objetivos de Timor-Leste, que vai assumir a presidência da
organização em 2014, mas só depois do mundial de futebol do Brasil.
"Se nós não
começarmos já a ver a comunidade a olhar para o setor económico vamos
morrer" e "vamos ficar sem força", avisou o primeiro-ministro
timorense, Xanana Gusmão sobre a primeira presidência timorense da CPLP.
O primeiro-ministro
timorense admitiu mesmo querer mudar a "face da CPLP" para uma
comunidade de países com investimentos estratégicos, aproveitando as
mais-valias e capacidade financeira de uns e as necessidades de outros.
A mesma opinião é
partilhada pelo antigo chefe do governo timorense e líder da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri.
"O que nós
pretendemos é que com a cimeira em si se possam estabelecer as linhas de
atuação através de protocolos bilaterais e multilaterais e capazes de dar uma
nova dinâmica para toda a comunidade, porque há necessidade", disse Mari
Alkatiri.
Para Mari Alkatiri,
o saudosismo tem dominado a CPLP, "parece que é só cultura e história",
mas na organização, acrescentou, "há já países com capacidade de
intervir".
Segundo o
secretário-geral da Fretilin, a cimeira vai ser uma oportunidade para
"lançar novas ideias".
Novas ideias que
possam projetar a CPLP para o mundo e em especial para a região do sudeste
asiático, defendeu, por seu lado, o presidente do parlamento timorense, Vicente
Guterres.
"Nós,
timorenses podemos ser uma plataforma para os outros membros da CPLP para a
região. É benéfico para Timor, é benéfico para os países da CPLP e é benéfico
para a região também", afirmou Vicente Guterres.
Vicente Guterres
destacou ainda que os Estados-membros da CPLP têm uma "outra forma da
visão da vida, de estar na vida", que deve ser partilhada com o sudeste
asiático.
Outra forma de
estar na vida que passa, também, por uma paixão comum pelo futebol, que levou
já as autoridades timorenses a garantir que a cimeira de Díli só se vai
realizar depois do Mundial de Futebol do Brasil.
"Faz sentido
nós não realizarmos a cimeira durante o campeonato de futebol. O bom senso
diz-me que temos de encontrar uma data posterior que seja aceitável para todos
e pela nossa parte queremos é que os mais altos dignitários estejam presentes
em Timor-Leste porque também queremos homenagear os países irmãos que nos apoiaram
muitos anos", disse o chefe da diplomacia timorense.
Sem avançar se a
cimeira se pode realizar num outro mês que não em julho, quando decorrem
tradicionalmente as reuniões dos chefes de Estado e de governo, José Luís
Guterres disse apenas que "talvez", mas que a data está dependente da
agenda dos chefes de Estado e de Governo.
O mundial de
futebol do Brasil vai realizar-se entre 12 de junho e 13 de julho de 2014.
Certo para já, é
que a primeira presidência de Timor-Leste da CPLP, tem conseguido
"popularizar" a língua portuguesa junto dos timorenses.
"É notório. O
que tem acontecido nos últimos dois três anos com visitas constantes de
políticos e jornalistas (timorenses) para países da CPLP e isso criou um novo
interesse na juventude de aprender a língua portuguesa. Isso é notório e é bom
que assim aconteça", afirmou Mari Alkatiri.
Segundo Mari
Alkatiri, aquela "popularização" mostra "claramente" que se
Timor-Leste conseguir ter uma presidência da CPLP pró-ativa ainda fazer
conseguir reformar mais a presença da língua portuguesa no país.
De acordo com os
censos da população realizados em 2010, dos poucos mais de um milhão de
habitantes do país apenas 25,2 por cento fala e escreve o português.
O tétum, outra das
línguas oficiais do país, é falado e escrito apenas por 56,1 por cento da
população.
Timor-Leste aderiu
oficialmente à CPLP em julho de 2002, durante a cimeira de chefes de Estado e
de Governo realizada em Brasília, após a restauração da independência em maio
do mesmo ano.
MSE // PJA - Lusa
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