Desde 1º de
janeiro, cidadãos da Bulgária e da Romênia podem trabalhar em qualquer país do
bloco, o que alimenta campanhas nacionalistas de direita. Comissão Europeia diz
que não haverá migração em larga escala.
A partir desta
quarta-feira (01/01), cidadãos de Bulgária e Romênia podem viver e trabalhar em
qualquer um dos 28 países da União Europeia (UE) sem a necessidade de uma
permissão de trabalho. A novidade passa a valer sete anos após a adesão desses
países à UE e provoca temores de uma invasão de imigrantes nas economias mais
ricas do bloco, principalmente entre setores conservadores na política e na
mídia.
Autoridades
europeias tentam tranquilizar nações como Reino Unido, França e Alemanha. A
poucos meses das eleições para o Parlamento Europeu, em maio, o medo alimenta a
campanha de partidos populistas de direita, como a Frente Nacional francesa, o
Partido da Liberdade, da Holanda, e o britânico Partido da Independência do
Reino Unido (UKIP, na sigla em inglês).
Tentando botar
panos quentes no debate, o comissário europeu do emprego, Laszlo Andor, afirmou
que já existem mais de 3 milhões de búlgaros e romenos vivendo em outros países
da UE e que o fim das restrições não deve provocar um grande aumento da
migração.
"Acredito
firmemente que a restrição à livre circulação de trabalhadores europeus não é a
resposta para o desemprego elevado nem uma solução para a crise", disse.
Andor reconheceu que possam ocorrer problemas a nível regional se a migração
aumentar. "A solução é resolver estes problemas de forma pontual e não
erguendo barreiras contra esses trabalhadores", frisou.
Principal tema na
mídia britânica
A queda das
barreiras se transformou no principal tema de quase todos os veículos da mídia
britânica na quarta-feira, com os repórteres indo aos aeroportos para
entrevistar pessoas que chegavam em voos originados de Bucareste ou Sofia.
O primeiro-ministro
britânico, David Cameron, acelerou a criação de regras para impedir migrantes
provenientes de países mais pobres da UE de pedirem benefícios sociais
imediatamente após chegarem ao Reino Unido.
O presidente
búlgaro, Rosen Plevneliev, atacou Cameron, dizendo que as propostas do líder
britânico prejudicam a imagem do Reino Unido no mundo às custas de vantagem
política a curto prazo. Segundo Plevneliev, os búlgaros preferem ter um bom
emprego no seu país a comprar um bilhete só de ida para outro lugar.
Na Alemanha,
conservadores também querem impedir imigrantes europeus de reivindicar apoio
social do Estado nos primeiros três meses de estada. O debate causa
controvérsia dentro do próprio governo.
Deportação
O presidente da
União Social Cristã (CSU), Horst Seehofer, propõe, entre outras medidas, a
deportação e a proibição de retorno à Alemanha para imigrantes europeus que
sejam pegos tentando fraudar o sistema de bem-estar social do país. A CSU
integra a coalizão de governo, juntamente com a União Democrata Cristã (CDU),
da chanceler federal Angela Merkel, e o Partido Social-Democrata (SPD).
Mas o porta-voz do
governo alemão, Steffen Seibert, observou que "a liberdade de trânsito de
pessoas é também uma chance para os alemães e a Alemanha".
O ministro alemão
do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que quem coloca em questão a
liberdade de circulação de trabalhadores "prejudica a Europa e prejudica a
Alemanha". O político social-democrata ressaltou que ela é "parte
indispensável da integração europeia", da qual a Alemanha, segundo ele, se
beneficia até "mais do que os outros".
Estimativas da
agência alemã de trabalho afirmam que cerca de 180 mil trabalhadores oriundos
da Romênia e da Bulgária devem chegar à Alemanha com as novas regras.
Deutsche Welle - MD/afp/rtr/dpa
– Edição: Alexandre Schossler
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