Há cada vez mais
bebés e crianças com menos de quatro anos sujeitas à mutilação genital feminina
na Guiné-Bissau, alertou hoje a delegação no país do Fundo das Nações Unidas
para as Crianças (UNICEF).
"Infelizmente,
os dados mostram que, cada vez mais, a prática é feita nas meninas menores de
quatro anos e bebés com idade inferior a 12 meses", refere a organização
em comunicado, a propósito do Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação
Genital Feminina, que hoje se assinala.
Os dados do
Inquérito de Indicadores Múltiplos na Guiné-Bissau, documento estatístico
relativo a 2010, indicam que metade das mulheres do país "com idades
compreendidas entre os 15 e 49 anos ainda sofrem desta prática".
"Estima-se que
entre 272 a 500 mil meninas e mulheres estão exposta à mutilação genital",
acrescenta.
Apesar dos números,
"vários progressos foram conseguido no país", destaca o UNICEF,
realçando a aprovação pela Assembleia Nacional Popular de uma lei que proíbe e
o compromisso dos líderes religiosos para abandono da mutilação genital.
A excisão ou
mutilação dos órgãos genitais femininos é uma prática com tradições seculares
que persiste em muitas comunidades com o objetivo de condicionar a liberdade
sexual das mulheres até ao casamento - que em muitos casos é negociado pela
família, sendo a mutilação um requisito.
A prática é
responsável pela morte de crianças e mulheres devido a problemas como
hemorragias ou infeções, pela falta de condições em que é praticada, e é causa
frequente de traumas físicos e psicológicos para quem sobrevive.
Diário de Notícias
- Madeira
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