sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

DEPOIS DA CIMEIRA DA CPLP, BYE BYE” – Xanana Gusmão

 


Lisboa, 06 fev (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, reiterou hoje em Lisboa que vai renunciar ao cargo para dar lugar às novas gerações, para que estas se preparem para defender o país das ameaças à soberania do país.
 
"Teria saído mais cedo se não fosse a responsabilidade de organizar a cimeira. Depois da cimeira da CPLP [prevista para julho], 'bye bye'", disse Xanana aos jornalistas, quando questionado sobre a sua decisão de abandonar o cargo ainda este ano.
 
O primeiro-ministro timorense falava à comunicação social na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, depois de uma reunião com o secretário-executivo da organização e antes do lançamento, também nas instalações da comunidade lusófona, do seu livro "Xanana Gusmão e os primeiros 10 anos da construção do Estado timorense".
 
Durante o lançamento do livro, que contou com a presença do ex-presidente da República portuguesa António Ramalho Eanes, de governantes, embaixadores e outras figuras das sociedades portuguesa e lusófonas, Xanana Gusmão voltou a referir-se à questão da sua renúncia, numa resposta a um apelo do bispo timorense Ximenes Belo.
 
Ao apresentar o livro, o bispo emérito de Díli disse esperar que Xanana "reconsidere a decisão de renunciar ao cargo".
 
"O povo timorense precisa da sua liderança humanista, da sua liderança de homem de paz, de reconciliação, de proximidade", disse o Nobel da Paz.
 
Recordando o lema usado por Xanana Gusmão na sua campanha para as legislativas de 2007 'libertada a pátria, libertemos o povo', Ximenes Belo reiterou: "Esperamos que continue até 2017 a libertar o povo."
 
Na resposta, durante o discurso de lançamento do seu livro, Xanana Gusmão explicou que sai após a cimeira da CPLP mas "não para descansar".
 
Para o primeiro-ministro e ex-Presidente da República, a sua saída responde a uma preocupação: "a não-preparação de novos líderes, de uma liderança coletiva para defender o país".
 
Xanana defende por isso que a 'geração de 75', aquela que lutou desde essa data contra a ocupação indonésia, deve sair e dar lugar aos mais novos.
 
"É no interesse de Timor que nós, enquanto estamos ainda capazes de pensar e de agir, promovamos uma nova liderança que possa pensar o país", afirmou.
 
Sublinhando que a sociedade timorense está muito dividida, o histórico combatente pela libertação de Timor disse querer "unir forças como antes, unir o pensamento e as ações para defender a soberania do país".
 
"Se não houver uma liderança já a preparar-se para ser um novo 'think tank', para defender os interesses do país, nós podemos afundar-nos", afirmou, sublinhando ser dever da sua geração preparar os mais novos "para evitar que todos os pequenos sucessos alcançados possam ser destruídos pela ganância, pelo individualismo, pelo divisionismo".
 
"Somos um país muito pequeno e tudo o que nos rodeia traz ameaças latentes à própria soberania", alertou ainda.
 
Timor-Leste assume em julho a presidência rotativa da CPLP, durante uma cimeira de chefes de Estado e de Governo em Díli.
 
Para a presidência timorense, Xanana voltou hoje a defender "uma nova política e um enquadramento da CPLP na economia mundial".
 
Em declarações aos jornalistas, afirmou que é preciso que a CPLP ganhe a capacidade de "intervir nos negócios do mundo": "Passarmos desta inércia e dar um impulso para fora das fronteiras da CPLP, mas como um conjunto".
 
"Vamos ver se damos um impulso nisto. Podemos coordenar ações e sair desta coisa de contarmos histórias uns aos outros. Vamos contar é [fez gesto com os dedos para significar dinheiro] para que os nossos povos sintam o benefício da CPLP."
 
FPA // HB - Lusa
 

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