Lisboa, 06 fev
(Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, reiterou hoje em
Lisboa que vai renunciar ao cargo para dar lugar às novas gerações, para que
estas se preparem para defender o país das ameaças à soberania do país.
"Teria saído
mais cedo se não fosse a responsabilidade de organizar a cimeira. Depois da
cimeira da CPLP [prevista para julho], 'bye bye'", disse Xanana aos
jornalistas, quando questionado sobre a sua decisão de abandonar o cargo ainda
este ano.
O primeiro-ministro
timorense falava à comunicação social na sede da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa, depois de uma reunião com o secretário-executivo da
organização e antes do lançamento, também nas instalações da comunidade
lusófona, do seu livro "Xanana Gusmão e os primeiros 10 anos da construção
do Estado timorense".
Durante o
lançamento do livro, que contou com a presença do ex-presidente da República
portuguesa António Ramalho Eanes, de governantes, embaixadores e outras figuras
das sociedades portuguesa e lusófonas, Xanana Gusmão voltou a referir-se à
questão da sua renúncia, numa resposta a um apelo do bispo timorense Ximenes
Belo.
Ao apresentar o
livro, o bispo emérito de Díli disse esperar que Xanana "reconsidere a
decisão de renunciar ao cargo".
"O povo
timorense precisa da sua liderança humanista, da sua liderança de homem de paz,
de reconciliação, de proximidade", disse o Nobel da Paz.
Recordando o lema
usado por Xanana Gusmão na sua campanha para as legislativas de 2007 'libertada
a pátria, libertemos o povo', Ximenes Belo reiterou: "Esperamos que
continue até 2017 a libertar o povo."
Na resposta,
durante o discurso de lançamento do seu livro, Xanana Gusmão explicou que sai
após a cimeira da CPLP mas "não para descansar".
Para o
primeiro-ministro e ex-Presidente da República, a sua saída responde a uma
preocupação: "a não-preparação de novos líderes, de uma liderança coletiva
para defender o país".
Xanana defende por
isso que a 'geração de 75', aquela que lutou desde essa data contra a ocupação
indonésia, deve sair e dar lugar aos mais novos.
"É no
interesse de Timor que nós, enquanto estamos ainda capazes de pensar e de agir,
promovamos uma nova liderança que possa pensar o país", afirmou.
Sublinhando que a
sociedade timorense está muito dividida, o histórico combatente pela libertação
de Timor disse querer "unir forças como antes, unir o pensamento e as
ações para defender a soberania do país".
"Se não houver
uma liderança já a preparar-se para ser um novo 'think tank', para defender os
interesses do país, nós podemos afundar-nos", afirmou, sublinhando ser
dever da sua geração preparar os mais novos "para evitar que todos os
pequenos sucessos alcançados possam ser destruídos pela ganância, pelo
individualismo, pelo divisionismo".
"Somos um país
muito pequeno e tudo o que nos rodeia traz ameaças latentes à própria
soberania", alertou ainda.
Timor-Leste assume
em julho a presidência rotativa da CPLP, durante uma cimeira de chefes de
Estado e de Governo em Díli.
Para a presidência
timorense, Xanana voltou hoje a defender "uma nova política e um
enquadramento da CPLP na economia mundial".
Em declarações aos
jornalistas, afirmou que é preciso que a CPLP ganhe a capacidade de
"intervir nos negócios do mundo": "Passarmos desta inércia e dar
um impulso para fora das fronteiras da CPLP, mas como um conjunto".
"Vamos ver se
damos um impulso nisto. Podemos coordenar ações e sair desta coisa de contarmos
histórias uns aos outros. Vamos contar é [fez gesto com os dedos para
significar dinheiro] para que os nossos povos sintam o benefício da CPLP."
FPA // HB - Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário