sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Portugal: PENSAVAM QUE SE SAFAVAM, MAS O FMI NÃO DEIXA



Henrique Monteiro – Expresso, opinião

Bem tenho eu esfalfado os dedos a pedir uma saída cautelar, tutelada, ou o que seja, que não deixe à solta o pessoal cá do sítio. Ora bem, o FMI percebeu que a gente da nossa terra já andava em roda-viva a falar de baixar impostos e aumentar salários e deu uma cacetada valente nas nossas cabeças, tipo carolo que os professores primários pré-modernos davam nos miúdos mal comportados. E avisou o ponderado FMI que despesismo e descidas de impostos eleitoralistas são interditos. Portas engoliu em seco.

Depois veio a Europa dizer que os salários portugueses para estarem bons, mas mesmo bons, deviam baixar ainda cerca de 5%. Passos e Seguro devem ter engolido em seco.

No meio de tudo isto, acaba-se a festa antes mesmo de começar. Por mim está bem, além de não confiar nem um bocadinho nestes milagres, além de saber que ainda temos crise para muitos anos - em Portugal e na Europa toda - sustento que a mudança que estamos a viver por todo o mundo obrigará a equilíbrios precários para os quais é necessária muita prudência.

Este Governo pensava que se safava em 2015. Certas pessoas na Oposição pensavam que em 2015 já podiam estar safos. Nem uns nem outros acertaram. Talvez, deste modo, em vez das promessas de 'bacalhau a pataco'  (como se dizia em finais do séc. XIX) possamos ter debates sérios sobre o nosso papel na União Europeia e no mundo; sobre o papel da Europa no mundo globalizado e sobre as reformas que precisamos, enquanto país, de fazer para nos adaptar a estas novas realidades.

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