Henrique Monteiro –
Expresso, opinião
Bem tenho eu
esfalfado os dedos a pedir uma saída cautelar, tutelada, ou o que seja, que não
deixe à solta o pessoal cá do sítio. Ora bem, o FMI percebeu que a gente da
nossa terra já andava em roda-viva a falar de baixar impostos e aumentar
salários e deu uma cacetada valente nas nossas cabeças, tipo carolo que os
professores primários pré-modernos davam nos miúdos mal comportados. E avisou o
ponderado FMI que despesismo e descidas de impostos eleitoralistas são
interditos. Portas engoliu em seco.
Depois veio a
Europa dizer que os salários portugueses para estarem bons, mas mesmo bons,
deviam baixar ainda cerca de 5%. Passos e Seguro devem ter engolido em seco.
No meio de tudo
isto, acaba-se a festa antes mesmo de começar. Por mim está bem, além de não
confiar nem um bocadinho nestes milagres, além de saber que ainda temos crise
para muitos anos - em Portugal e na Europa toda - sustento que a mudança que
estamos a viver por todo o mundo obrigará a equilíbrios precários para os quais
é necessária muita prudência.
Este Governo
pensava que se safava em 2015. Certas pessoas na Oposição pensavam que em 2015
já podiam estar safos. Nem uns nem outros acertaram. Talvez, deste modo, em vez
das promessas de 'bacalhau a pataco' (como se dizia em finais do séc.
XIX) possamos ter debates sérios sobre o nosso papel na União Europeia e no
mundo; sobre o papel da Europa no mundo globalizado e sobre as reformas que
precisamos, enquanto país, de fazer para nos adaptar a estas novas realidades.
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