Luís M. Faria –
Expresso, opinião
É a prova de que
nem só em Portugal os tribunais e os procuradores se ocupam de coisas fúteis
enquanto esquecem o essencial. Na Nicarágua, dois homens vão ser julgados por
alegadamente terem roubado duas bananas na rua.
Sabe-se pouco sobre
o assunto. Os homens foram vistos a roubar, fugiram, não correram o suficiente.
Como o típico miúdo ladrão dos filmes clássicos, que geralmente acabava muito
mal.
O julgamento será
em abril, e dois dos homens já estão na cadeia (o terceiro ficou em prisão
domiciliária) o que significa que, à despesa do julgamento, haverá que somar a
do encarceramento. Um custo final milhares de vezes superior ao das bananas.
Como agravante,
talvez se deva referir que a vítima do roubo foi um vendedor ambulante. Eventos
recentes na Tunísia mostram que a indignação de tais vendedores causa às vezes
grandes terramotos. Embora nesse caso o ladrão - ou prepotente, o que é a outra
face desse ladrão em particular - fosse o Estado...
Enfim, é preciso
castigar os pobres para se ver bem que há justiça. Só assim é possível o
apaziguamento social e deixar os ricos à vontade. Como noutros países que
conhecemos.
Sem comentários:
Enviar um comentário