A
Indonésia vai formalizar um pedido de estatuto de observador associado da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) nas "próximas semanas ou
meses", disse hoje à agência Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros da
Indonésia, Marty Natalegawa.
Jacarta,
20 ago (Lusa) - A Indonésia vai formalizar um pedido de estatuto de observador
associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) nas
"próximas semanas ou meses", disse hoje à agência Lusa o ministro dos
Negócios Estrangeiros da Indonésia, Marty Natalegawa.
O
ministro indonésio fez saber que esse passo depende apenas daquilo que forem os
procedimentos necessários, admitindo desconhecer todas as possibilidades de
participação e, como tal, não descartando um eventual pedido de adesão como
membro permanente.
O
desejo de a Indonésia vir a ser observador associado foi inicialmente
manifestado em 2008, pelo então embaixador da Indonésia em Portugal, Francisco
Lopes da Cruz, mas nunca houve uma formalização dessa intenção.
Marty
Natalegawa frisou que "será maravilhoso" que a Indonésia passe a ser
um observador associado da CPLP durante a presidência de Timor-Leste da CPLP -
que teve início a 23 de julho, na cimeira de chefes de Estado e de Governo de
Díli, e que durará dois anos - para ajudar a torná-la numa "presidência
bem sucedida".
"Nós
não somos proficientes em Português e isso é uma grande lacuna. Mas, ao mesmo
tempo, não devemos deixar de nos associarmos e de desenvolvermos parcerias com
os nossos amigos dentro da CPLP", justificou, falando em "relações
bilaterais muito fortes e em crescimento".
O
chefe da diplomacia indonésia destacou o passado em comum entre Portugal e a
Indonésia, dado que os portugueses foram os primeiros europeus a chegar ao país
asiático, em 1512, deixando um vasto património material, cultural e
linguístico e sendo também os responsáveis pela introdução do Catolicismo ao
arquipélago.
Esse
contacto traduziu-se na inclusão de centenas de palavras de origem portuguesa
em dialetos regionais e também na língua indonésia, como "bola",
"bendera", "bolu", "gereja", "armada"
ou "jendela".
Na
última cimeira da organização lusófona, a Indonésia foi representada pela
ministra do Turismo e das Indústrias Criativas, Mari Pangestu, o que, destacou
o governante, "reflete o tipo de compromisso que queremos ter com a
CPLP".
A
CPLP, criada em 1996, conta com nove membros permanentes - Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe, Timor-Leste - e seis observadores associados - Geórgia, Ilhas
Maurícias, Japão, Namíbia, Senegal e Turquia.
Marty
Natalegawa salientou que a Indonésia e Timor-Leste têm hoje "relações
muito fortes" e, por isso, o país procura envolver o jovem país em fóruns
regionais.
Questionado
sobre a esperada adesão de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste
Asiático (ASEAN), o governante confessou esperar que tal aconteça em breve, mas
admitiu que há oposição por parte de um dos dez membros da associação, sem
querer revelar qual.
As
dúvidas, adiantou o ministro, prendem-se com a situação económica de
Timor-Leste a cerca de um ano e meio da esperada criação da comunidade
económica das nações do sudeste asiático, que será semelhante ao modelo da
União Europeia.
Singapura
tem tornado públicas as suas objeções à entrada de Timor-Leste, que tem
estatuto de observador na ASEAN desde 2002, na organização regional.
AYN
// JMR - Lusa
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