A
organização de jornalistas Repórteres Sem Fronteiras (RSF) criticou a escolha
da Guiné Equatorial como anfitriã da Taça das Nações Africanas (CAN 2015),
lembrando que o país “é uma ditadura que espezinha os direitos fundamentais dos
cidadãos”.
“A
Guiné Equatorial tem algumas cartas na manga, principalmente os depósitos
consideráveis de petróleo e gás, que parecem fazer toda a gente esquecer-se do
seu historial chocante no que diz respeito aos direitos fundamentais”, escreve
o líder da RSF em África, Cléa Kahn-Sriber, defendendo que os fãs do
futebol “não se devem esquecer que, apesar da sua face polida, a Guiné
Equatorial é na verdade uma ditadura que espezinha os direitos dos cidadãos”.
A escolha
da Guiné Equatorial seguiu-se à recusa de Marrocos em servir de anfitrião ao
mais importante evento futebolístico africano, previsto para janeiro do próximo
ano, e depois de a África do Sul, Argélia e do Sudão terem alegadamente
recusado o convite, também com medo do previsível aumento de casos de Ébola
resultante da movimentação dos seguidores das seleções.
Para
os RSF, o Presidente guinéu-equatoriano, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo,
continua a aparecer nos eventos internacionais “sem nunca ser desafiado sobre a
maneira chocante como esmagou a liberdade de informação no seu país”.
A
organização de jornalistas lembra que o país aparece em 168º lugar numa lista
de 180 países avaliados sob o prisma da liberdade de imprensa e explica que
apenas a rádio consegue fugir ao controlo e censura do próprio Presidente ou
dos seus associados.
A
Guiné Equatorial tem seguido uma política de credibilização internacional,
tendo aderido à Comunidade de Países de Língua Portuguesa e servido de anfitriã
à cimeira da União Africana, em junho.
A liberdade
de informação “inexistente” é exemplificada também pela presença de
jornalistas internacionais no país: “nenhuma agência de notícias internacional
tem um correspondente baseado na Guiné Equatorial e os poucos jornalistas
estrangeiros autorizados a visitar o país são vigiados de perto”, escreve a
RSF, pormenorizando que dois jornalistas do Financial Times “foram presos por
agentes da segurança armados em janeiro e depois de ficarem detidos durante
três horas, foram escoltados para o aeroporto e postos num avião para fora do
país sem recuperarem os computadores, blocos de apontamentos e gravadores”.
ZAP
/ Futebol365 /
Lusa
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