Surpresa
com subida do preço em vigor desde ontem
Domingos
Bento.- Rede Angola
A
subida na ordem dos 20 por cento no preço dos combustíveis foi mal recebida
pelos luandenses. Ontem, os automobilistas foram surpreendidos com um
comunicado do Ministério das Finanças que autoriza a Sonangol a proceder um
ajuste aos preços dos produtos derivados de petróleo. Doravante, o
Decreto Executivo 405/14 de 24 de Dezembro, define o preço do litro da gasolina
de Kz 75 para 90 e o gasóleo que era Kz 50 passa a ser comercializado agora a
Kz 60 o litro.
Este
aumento é o segundo do ano em curso, depois de no passado mês de Setembro os
preços dos combustíveis terem sofrido um ajuste na ordem dos 46,4 por cento.
Entretanto, cidadãos entrevistados pelo Rede Angola, mostram-se
surpreendidos com o aumento e manifestaram total desánimo com esta
“mexida”.
É
o caso do funcionário público Mário Jorge, 62, que disse que quando havia saído
de casa não sabia deste aumento. Segundo o funcionário público, esta atitude é
a demonstração na prática do desrespeito das autoridades para com os cidadãos.
“Então,
como é possível fazer-se o ajuste sem antes comunicarem as pessoas? E ainda
mais sendo o segundo deste ano. As autoridades devem ter respeito pelos
cidadãos porque estas mexidas acabam por criar embaraços nas nossas vidas. É
muito negativa a forma como o nosso governo age”.
Quem
também se surpreendeu com o aumento do preço da gasolina foi a dona de
casa Rofina Pemba, residente em Viana. De acordo com a dona de casa, o aumento de
mais Kz 15 vai complicar muito a sua economia doméstica que já anda fragilizada
devido à sua condição de desempregada.
“Não
ouvi na rádio, nem vi na televisão que deviam aumentar o preço dos
combustíveis. Eu que dependo do gerador para ter luz em casa, nem sei o que
fazer. Já sei que terei muitas dificuldades”, afirmou.
Por
sua vez, o taxista Pedro Soto fez saber que este aumento terá implicações
negativas na sua rotina diária e nas contas com o patrão. O mesmo já começa a
pensar na possibilidade de aumentar o preço do táxi, que custa Kz 100.
“Só
este ano já vamos no segundo aumento do preço. E para quem, como eu, trabalha
com carro do patrão, fica ainda mais complicado. Acho que desta vez não teremos
outra saída senão o aumento da corrida de táxi. Se a polícia nos actuar, vamos
ter que fazer linhas curtas ou então paralisar a nossa actividade”, atestou.
Entretanto,
o decreto do Ministério das Finanças esclarece ainda que a alteração nos preços
dos combustíveis está dentro da estratégia de melhoria da qualidade da despesa
pública, consubstanciada na redução da carga de subsídios. Por outro lado, o
mesmo Decreto sublinha que passam a ser excluídos do regime de preços fixados o
Fuel Leve, o Fuel Pesado e o Asfalto, passando os seus preços a ser formados no
âmbito do regime de preços livres, cessando assim o ónus do Estado com o
custeio de subvenções.
Medida
previsível
Contactado
pelo RA, o economista José Rafael fez saber que cada vez mais o governo
está a dar prova do tão esperado fim da subvenção aos combustíveis. De acordo
com o também professor universitário, só em 2012, o valor total da subvenção
atingiu cerca de USD 4 mil milhões. No entanto, o especialista fez saber que,
na eventualidade de se retirar a subvenção aos combustíveis, os angolanos
poderão conhecer grandes subidas do preço da gasolina e do gasóleo nos próximos
tempos.
“Esta
subida foi uma medida previsível. Portanto, a retirada da subvenção aos
combustíveis é o desejo do governo, que não é de todo mau. Mas é preciso se pôr
em conta uma série de factores porque o país ainda não está preparado para este
processo. A maioria da nossa população é pobre ainda depende muito dos
combustíveis. Não temos uma linha de transporte público eficaz e a nossa
energia ainda é muito deficitária. Eu acho que este processo todo devia estar
acompanhado com o ajuste equilibrado do salário da função pública que ainda é
muito baixo ”, finalizou.
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