Centro
de Integridade Pública afirma que a maioria dos deputados não paga aos
motoristas os Kz 134 mil que recebem do Estado para esse efeito
Um
estudo feito pelo Centro de Integridade Pública (CIP) revela que os deputados
da Assembleia Nacional têm estado a apropriar-se indevidamente dos Kz 134 mil
atribuídos pelo Estado para o pagamento de salários dos motoristas que
transportam os parlamentares, noticiou o jornal O Crime.
Segundo
motoristas dos deputados ouvidos pelo Centro, pelo facto de os representantes
do povo não prestarem contas dos valores monetários que recebem dos cofres do
Estado, não entregam o valor aos seus motoristas.
“Sabemos
que o parlamento dá Kz 134 mil para nos pagar, mas alguns de nós recebem
valores inferiores a este e não sabemos onde podemos denunciar porque eles
tentam fazer transparecer que nos estão a fazer um favor”, lamentou um
motorista.
De
acordo com o estudo, entre os oito deputados da CASA-CE, apenas dois aceitaram
falar sobre o caso, quatro deputados da UNITA tiveram o mesmo comportamento, no
universo de 32, e entre os 175 parlamentares do MPLA, apenas cinco aceitaram
falar.
Lindo
Bernardo Tito (CASA-CE), um dos deputados escutados pelo Centro, disse que
utiliza o agente de segurança atribuído pela Unidade Protocolar para conduzir a
sua viatura e usa o subsídio de motorista para outros fins.
Durante
a conversa mantida entre o deputado e o Centro, Lindo Bernardo Tito justificou
que destina o referido subsídio aos seus dois filhos que dão apoio à família
com a viatura doméstica que lhe foi atribuída pelo Estado.
Outro
que também não tem motorista é o deputado pela bancada parlamentar da UNITA,
Mfuca Muzemba, que diz utilizar os Kz 134 mil para outros fins. “Ao ser
questionado pelo Centro sobre o destino que dá a tal montante, afirmou ter
cabimentado o subsídio para o resto dos funcionários que a casa tem”, diz o
relatório.
Ainda
de acordo com o documento, o deputado do MPLA, Sérgio Luther Rescova paga
mensalmente ao motorista Kz 80 mil, dos 134 mil que recebe. Na conversa com
Rescova, o mesmo disse que seu condutor é mais que um motorista. “O que mais me
preocupa é o tratamento humano que ele precisa e sempre que posso tento
ajudá-lo”, referiu.
Os
motoristas, por seu lado, lamentam o comportamento dos parlamentares: “ O que
vamos fazer? Se são eles a quem nós votamos, vamos recorrer mais a quem”,
clamou um outro motorista.
Há
quem paga
No
entanto, de acordo com o CIP, a deputada Albertina Navemba Ngolo, da UNITA,
paga ao funcionário que a transporta o valor completo. Durante o diálogo, a
deputada realçou que o facto dela ser religiosa a impede de roubar o pouco
dinheiro atribuído ao motorista.
“É
sim. Era um valor de Kz 124 mil e foi reajustado a Kz 134 mil , que como
religiosa não posso deixar de pagar”, disse.
O
CIP é um projecto de jornalistas que visa investigar, fiscalizar e denunciar
actos contra integridade pública em Angola. O órgão também tem a missão de comparar
os discursos dos titulares de cargos públicos com a realidade.
Rede
Angola
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