segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Guiné-Bissau: PAIGC É O PARTIDO LIBERTADOR OU O PARTIDO OPRESSOR DO POVO?



José Augusto Severino da Silva – O Democrata, opinião

“Como se pode falar bem de um país sem futuro… de um país em que, para ser deputado basta ser burro, doutorado sem diploma?! O nosso povo já não sonha… ̋ São palavras que se podem ouvir na música do jovem “rapper” guineense MC Mário, que intitulou de “Relatório”.

Na verdade, a situação da nossa terra é lastimável e leva o martirizado povo ao desespero total sobre o seu futuro que mais uma vez corre o risco de ser adiado, por causa de guerrinhas que se registam na fileira do partido libertador. No passado essas guerrinhas descambaram e tornaram-se num problema do país.

Este povo que tanto confiou e apostou tudo nos dirigentes do partido libertador. Em eleições livres escolheu o partido e o seu candidato a Presidente da República nas últimas eleições gerais. Os guineenses estão cansados de guerrinhas políticas e o que querem é o sossego, a tranquilidade e que sejam criadas as condições para que se possa trabalhar para criar riqueza e desenvolver o país. É isso que querem do executivo, da presidência da república, do parlamento e da justiça.

Não querem mais ouvir falar de guerrinhas por causa de “interesses mesquinhos”… O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) tem que estar a altura de corresponder às expectativas do povo. Os seus dirigentes devem esforçar-se e deixar de lado as divergências políticas e trabalhar para materializar o sonho deste povo martirizado.

Sabe-se que o PAIGC é o partido que libertou o país do jugo colonial, mas também não pode continuar a cobrar a factura desta forma… O povo já pagou o suficiente a divida que tem com os libertadores. Foram 40 anos de sacrifícios, de corrupção, de injustiças e de assassinatos. Foi a factura paga ao partido pela sua gloriosa luta.

O povo desesperou-se com o partido e por isso questiona sempre: PAIGC é o partido libertador ou opressor do povo? O partido deve começar a pensar em acções concretas para desenvolver o país e dar ao povo a felicidade e o sorriso, porque os guineenses deixaram de sorrir há 40 anos. O último sorriso dos guineenses foi aquando da proclamação da independência e de lá para cá, são apenas derramamento de sangue, corrupção e a injustiça.

Especula-se muito na cidade de Bissau que há divergências entre a Presidência da República e a primatura, a semelhança daquilo que passou entre o falecido Presidente, Bacai Sanhá e o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. É verdade que isso pode ser apenas mais uma especulação dos guineenses, mas a maior verdade é que Bissau não mente e tudo o que se especulou nesta terra, veio de cima, boca-a-boca, até que caiu nos ouvidos do povo. O que está se assistir neste momento, sobretudo a falta de consenso registada entre a Presidência da República e a primatura em relação à nomeação do novo Ministro de Administração Interna, entre outros assuntos que passaram pelos nossos ouvidos sem querer, leva-nos acreditar que na verdade existe “puxa-puxa” entre estas duas instituições da República. Qual a razão?   Não sabemos responder!

Senhor Primeiro-ministro e Senhor Presidente da República, têm a responsabilidade acrescida perante o povo guineense, por isso devem esforçar-se ao máximo para deixarem as guerrinhas políticas de lado e começarem a pensar no povo. Estão lá com o objectivo de trabalhar para o povo guineense, ou seja, para defender os interesses dos cidadãos guineenses, e não o contrário.

José Mário Vaz e Domingos Simões Pereira estão condenados a se entenderem em nome do povo guineense que vos colocou ali. A única coisa que poderiam e que deveriam fazer é não decepcionar, ou mesmo, desrespeitar a vontade do povo por causas de guerrinhas políticas que servem o interesse de um punhado de pessoas. Não queremos mais ouvir nem nos bastidores que a presidência e a primatura estão de costas viradas…Na nossa opinião, os senhores deveriam entender-se muito bem e trabalhar sem grandes problemas, porque são do mesmo partido. Ambos são guineenses e por isso estão condenados a viver juntos e a entenderem-se com base no diálogo franco e aberto.

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