José
Augusto Severino da Silva – O Democrata, opinião
“Como
se pode falar bem de um país sem futuro… de um país em que, para ser deputado
basta ser burro, doutorado sem diploma?! O nosso povo já não sonha… ̋ São palavras que se podem ouvir na música
do jovem “rapper” guineense MC Mário, que intitulou de “Relatório”.
Na
verdade, a situação da nossa terra é lastimável e leva o martirizado povo ao
desespero total sobre o seu futuro que mais uma vez corre o risco de ser
adiado, por causa de guerrinhas que se registam na fileira do partido
libertador. No passado essas guerrinhas descambaram e tornaram-se num problema
do país.
Este
povo que tanto confiou e apostou tudo nos dirigentes do partido libertador. Em
eleições livres escolheu o partido e o seu candidato a Presidente da República
nas últimas eleições gerais. Os guineenses estão cansados de guerrinhas
políticas e o que querem é o sossego, a tranquilidade e que sejam criadas as
condições para que se possa trabalhar para criar riqueza e desenvolver o país.
É isso que querem do executivo, da presidência da república, do parlamento e da
justiça.
Não
querem mais ouvir falar de guerrinhas por causa de “interesses mesquinhos”… O
Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) tem que estar a
altura de corresponder às expectativas do povo. Os seus dirigentes devem
esforçar-se e deixar de lado as divergências políticas e trabalhar para
materializar o sonho deste povo martirizado.
Sabe-se
que o PAIGC é o partido que libertou o país do jugo colonial, mas também não
pode continuar a cobrar a factura desta forma… O povo já pagou o suficiente a
divida que tem com os libertadores. Foram 40 anos de sacrifícios, de corrupção,
de injustiças e de assassinatos. Foi a factura paga ao partido pela sua
gloriosa luta.
O
povo desesperou-se com o partido e por isso questiona sempre: PAIGC é o partido
libertador ou opressor do povo? O partido deve começar a pensar em acções
concretas para desenvolver o país e dar ao povo a felicidade e o sorriso,
porque os guineenses deixaram de sorrir há 40 anos. O último sorriso dos
guineenses foi aquando da proclamação da independência e de lá para cá, são
apenas derramamento de sangue, corrupção e a injustiça.
Especula-se
muito na cidade de Bissau que há divergências entre a Presidência da República
e a primatura, a semelhança daquilo que passou entre o falecido Presidente,
Bacai Sanhá e o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. É verdade que isso pode
ser apenas mais uma especulação dos guineenses, mas a maior verdade é que
Bissau não mente e tudo o que se especulou nesta terra, veio de cima,
boca-a-boca, até que caiu nos ouvidos do povo. O que está se assistir neste
momento, sobretudo a falta de consenso registada entre a Presidência da
República e a primatura em relação à nomeação do novo Ministro de Administração
Interna, entre outros assuntos que passaram pelos nossos ouvidos sem querer,
leva-nos acreditar que na verdade existe “puxa-puxa” entre estas duas
instituições da República. Qual a razão? Não sabemos responder!
Senhor
Primeiro-ministro e Senhor Presidente da República, têm a responsabilidade
acrescida perante o povo guineense, por isso devem esforçar-se ao máximo para
deixarem as guerrinhas políticas de lado e começarem a pensar no povo. Estão lá
com o objectivo de trabalhar para o povo guineense, ou seja, para defender os
interesses dos cidadãos guineenses, e não o contrário.
José
Mário Vaz e Domingos Simões Pereira estão condenados a se entenderem em nome do
povo guineense que vos colocou ali. A única coisa que poderiam e que deveriam
fazer é não decepcionar, ou mesmo, desrespeitar a vontade do povo por causas de
guerrinhas políticas que servem o interesse de um punhado de pessoas. Não
queremos mais ouvir nem nos bastidores que a presidência e a primatura estão de
costas viradas…Na nossa opinião, os senhores deveriam entender-se muito bem e
trabalhar sem grandes problemas, porque são do mesmo partido. Ambos são
guineenses e por isso estão condenados a viver juntos e a entenderem-se com
base no diálogo franco e aberto.
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