Novo
Presidente assume cargo com os desafios de fortalecer o diálogo com a sociedade
civil e fomentar a economia. Para especialista, Filipe Nyusi terá mais
capacidade de empreender mudanças do que o antecessor.
O
novo ciclo político que se inicia em 2015, em Moçambique, será marcado pelo
desafio de reduzir déficits democráticos e pela necessidade de melhorar as
políticas de combate à pobreza. Alcançar essas metas, no entanto, vai depender
não só de um novo jogo de forças dentro do governo, mas, em grande parte, da
capacidade de influência exercida pela sociedade civil.
Para
o professor da Universidade Politécnica e diretor do Observatório do Meio Rural
de Moçambique, João Mosca, as possibilidades de mudança são reais, ainda que o
Presidente proclamado eleito em outubro, Filipe Nyusi, pertença ao mesmo
partido no poder desde 1975,
a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
Nyusi
assume após dois mandatos consecutivos do antecessor Armando Guebuza e, segundo
o especialista, tem maior capacidade de empreender avanços.
"Penso
que o nosso Presidente irá certamente introduzir algumas reformas. Portanto, há
alguma luz de esperança para que as coisas possam melhorar. Partimos de uma
situação em que piorar, em certas linhas, é difícil. São desafios muito
grandes, na medida em que os últimos ciclos políticos não foram fáceis nesses
aspectos," assinala.
Centralização
do poder
Por
um lado, essas chances podem esbarrar no fato de que, por enquanto, Guebuza
permanece à frente do partido, reforçando incertezas sobre onde, de fato,
encontra-se o verdadeiro centro de poder.
Mas
João Mosca aponta para a tendência de que Nyusi assuma também este cargo,
corroborando a histórica mistura entre partido e Governo no país.
"Vamos
ver do que este Presidente será capaz. Ele próprio está influenciado por
algumas forças de interesse político e económico, de equilíbrios étnicos e
sociais. Vamos ver como ele consegue introduzir seu cunho pessoal,"
pondera.
No
recém lançado livro "Proposta de Reforma do Estado para Boa Governação:
Uma Perspectiva para o Pós-2014," Mosca e o constitucionalista Gilles
Cistac defendem o fortalecimento de mecanismos de diálogo com a sociedade, uma
maior abertura para a circulação da informação e um estado mais eficiente,
capaz de aplicar corretamente os recursos dos cidadãos e de manter a dívida
pública sob controle.
Desafios
para a economia
Na
área económica, Nyusi terá o desafio de acelerar o processo de exploração do
gás natural, existente em abundância no país e com grande mercado em potencial. Para
isso, será preciso superar dificuldades relacionadas à infraestrutura e à
formação de mão de obra.
Outro
setor merecedor de atenção será a agricultura, especialmente a de pequena
escala. "[É preciso] fazer com que a agricultura seja de fato um setor
importante e para onde seja dedicada uma parte significativa dos recursos da
economia. Até aqui, sobretudo a agricultura de pequena escala, a agricultura
familiar e a produção alimentar têm sido pouco priorizadas em relação à
importância que essas atividades têm na sociedade e na economia," finaliza
João Mosca.
Joyce
Copstein – Deutsche Welle
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