quinta-feira, 27 de março de 2014

SOCIALISMO DE MÃO ESTENDIDA



Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião

Não é preciso cansar os olhos e as meninges para se perceber que o "socialismo moderno" é uma monstruosidade prescrita. Tony Blair, que deveria estar na cadeia, por crimes de felonia e alta traição, foi cúmplice, com W. Bush e Aznar, da criminosa invasão do Iraque, decisão tomada, definitivamente, nos Açores, com o pobre Durão Barroso a servir de mordomo desavergonhado. Guterres era dado ao Blair. Fugiu, espavorido, de um Portugal pantanoso para um lugar qualquer coisa de apoio aos refugiados. Coitado! Tony Blair, riquíssimo, anda por aí a bacorar sobre a democracia no mundo, auferindo milhões pelas gastas palavras. Como ensinou Castoriadis, e, mais atrás, o filósofo Kant, "não há terceiras vias", nem no pensamento nem na política. Há, sim, desenvolvimentos justificados pela própria natureza do conflito, pela incerteza e pelo inacabamento problemático das soluções.

O descalabro dos partidos "socialistas", por essa Europa fora, foi analisado, há dois anos, em A Crise da Esquerda Europeia, um ensaio indispensável de Alfredo Barroso, para se compreender as origens do mal e as suas terríveis consequências.

O que se passou em França, com François Hollande, triste vassalo da senhora Merkel e invertebrado seguidor do neoliberalismo, constitui a imagem reenviada do que acontece em Portugal, com o socialismo arquejante de António José Seguro. Em França, a extrema--direita avança impetuosamente; em Portugal, as sondagens apontam, misericordiosamente, para um "empate técnico" entre o PS e o PSD.

Passos Coelho pode, muito bem, desenvolver, sem obstáculos de maior, a estratégia de destruição do "Estado social." O sentido subjectivo das condições actuais é indissociável do sentido da acção política. E ele apercebeu-se, muito cedo, das fragilidades ideológicas de Seguro. De facto que diferença fazem, entre si, a não ser na retórica, Passos e Seguro? A "divergência insanável" é uma imposição de poder ou uma consideração efectiva de escolhas racionais? Até hoje, não se sabe no que consiste essa "divergência insanável". E é só uma?

As coisas possuem um sentido menos oculto do que aparentam. Mesmo que Passos perca as eleições, qual o plano de Seguro? Os indícios e as indicações estão aí. O significado dos acontecimentos não tem auferido, de quem ainda sabe pensar, as explicações necessárias que reflictam a actual dimensão assustadora da nossa época e do nosso mundo. A Europa tem sido o instrumento experimental de uma estratégia global de domínio por um só país: a Alemanha, que não conseguiu, com duas guerras, alcançar a expansão de agora, através das capitulações de quem devia colocar-se na primeira linha da resistência.

Portugal: Pensões mínimas estão todas muito abaixo da linha de pobreza



Luís Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo

As pensões mínimas em Portugal encontram-se todas abaixo do limiar de pobreza. Dito de outra forma, mesmo com a atualização parcial das referidas prestações, o Governo não consegue retirar da pobreza mais de um milhão de pessoas (pensionistas) em Portugal – ou todos os que ganham pensões mínimas. -- apesar de insinuar o contrário. Nem podia ser de outra forma. Como o próprio nome indica, trata-se de prestações "mínimas" de apoio à velhice e à invalidez.

Com base nos dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), que colocou a nova linha de pobreza num patamar ainda mais baixo, nos 409 euros por mês, é fácil perceber que os níveis atualizados das várias pensões mínimas (as mais baixas das mínimas, as chamadas pensões de miséria), estão bastante abaixo da 'linha vermelha' apurada pelo INE.

E mesmo as pensões mínimas que não foram atualizadas (porque o Governo decidiu não as incluir no pacote das atualizações que tem feito desde 2012, inclusive) também ficam aquém daquele limiar de pobreza.

Legalmente, as pensões mínimas, dependendo dos anos de descontos e dos subregimes existentes, variam entre 199,53 euros e 379,04 euros. Portanto, valores muito abaixo desse limiar.

Estas prestações são calculadas em percentagem do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), congelado em 419,22 euros desde 2009.

O INE revelou esta semana que a taxa de pobreza nacional aumentou: 18,7% das pessoas estavam em risco de pobreza ou nessa situação contra 17,9% no ano precedente.

No entanto, no grupo dos reformados/idosos, a intensidade do fenómeno (já depois de pagas as pensões e outros apoios sociais) diminuiu de 15,9% para 12,8%.

Paulo Portas, o vice-primeiro-ministro, tentou capitalizar imediatamente (ontem) a medida do aumento das pensões de miséria, dizendo que o alívio detetado pelo INE aconteceu “porque este governo, apesar da troika e do resgate, decidiu aumentar as pensões mínimas, sociais e rurais e foi isso que permitiu que, nesse sector, a pobreza fosse um pouco mais reduzida”.

O ministro da Segurança Social, Pedro Motas Soares, que também é do CDS de Portas, disse o mesmo e falou da "aposta inequívoca na proteção aos idosos".

Mas não será bem assim. Em Portugal, cerca de 1,3 milhões a 1,4 milhões de pessoas recebem o que legalmente se chama de pensões mínimas no âmbito do regime geral: as pensões mínimas propriamente ditas (repartidas por quatro escalões definidos pelo tempo de descontos) e as pensões mínimas atribuídas a quem nunca conseguiu descontar e dos trabalhadores agrícolas.

Tendo em conta que estas prestações estão abaixo do limiar de 409 euros (e sempre assim estiveram nos últimos anos), a redução da taxa de pobreza dos idosos terá mais a ver com o facto de a Segurança Social pagar pensões superiores ao limiar da pobreza do que com o efeito da atualização das pensões mínimas.

Nos últimos anos, o Governo PSD/CDS deixou de fora dos aumentos um milhão de pensionistas pobres ou mais. É que o aumento das pensões mínimas só abrangeu o escalão mais baixo do regime geral (259,36 euros por mês), o regime agrícola e o regime não contributivo. Os restantes pensionistas pobres ficaram com as pensões congeladas. Assim é há anos, aliás.

Segundo a Portaria n.º 378-B/2013, de 31 de dezembro, que aumentou as pensões mínimas mais magras em 1%, o valor das prestações de invalidez e velhice para carreiras contributivas inferiores a 15 anos passou de 256,8 euros em 2013 para 259,36 euros em 2014. Apenas mais 2,56 euros por mês.

As pensões do regime não contributivo tiveram um acréscimo mensal de 2,03 euros, para 199,53 euros por mês.

No regime agrícola, a atualização de 1% fez subir a prestação de 237,08 para 239,43 euros.

O aumento de 1% aplica-se também ao regime convergente (CGA), mas só quando a carreira contributiva é inferior a 18 anos. Estamos uma vez mais a falar de valores de 252,65 ou menos. Acima deste valor não houve aumento.

Portugal: Dadores com fome impedidos de dar sangue por terem hemoglobinas baixas




O presidente da Federação das Associações de Dadores de Sangue (FAS) denunciou hoje que “há gente com fome que quer mas não consegue dar sangue, porque tem as hemoglobinas em baixo, por não comer o que devia”.

O alerta foi dado por Joaquim Moreira Alves, durante a cerimónia que assinala o Dia Nacional do Dador de Sangue, que juntou dezenas de dadores no Parque da Saúde, em Lisboa.

Na sua intervenção, Joaquim Moreira Alves, presidente da FAS, revelou-se preocupado com as consequências da fome na saúde de alguns dadores que, ao serem confrontados durante o exame médico com os níveis baixos de hemoglobina, não podem doar sangue.

“Esta situação está a fazer baixar o número de dádivas”, disse.

O presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Helder Trindade, disse não ter conhecimento de casos de dadores com fome nas brigadas de recolha de sangue.

“É natural que a situação social que se vive, e não estou a falar de fome, faça parte das razões que levam os dadores a não fazer mais dádivas”, declarou.

Helder Trindade afirmou que o IPST tem vindo a observar uma hemoglobina baixa em dadores, sobretudo em mulheres, mas escusou-se a relacioná-la com a fome.

Confrontado com a denúncia do presidente da FAS, o secretário de Estado e Adjunto da Saúde disse não ter a certeza de que exista uma perda de dadores assim tão grande, devido a anemias carenciais.

“O importante é que as pessoas a quem é identificada esta situação sejam encaminhadas para os serviços médicos para que se descubram os problemas que causam a baixa hemoglobina”, disse Fernando Leal da Costa, que também participou na cerimónia do Dia Nacional do Dador de Sangue.

O presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES), Alberto Mota, ressalvou que, apesar das “grandes dificuldades que muitos dadores atravessam, estes continuam a fazer as suas dádivas”.

“Os dadores de sangue deviam ter mais direitos”, afirmou, defendendo medidas para os mais novos serem atraídos para a dádiva.

Este é, aliás, o tema da próxima campanha do IPST: “A primeira vez é sempre memorável”.

Trata-se de um apelo às camadas mais jovens, através de mensagens que visam cativar estas faixas etárias para o importante que é dar sangue e como é inesquecível a primeira vez que um dador o faz.

“Impossível não querer repetir” é outra das mensagens que faz parte da campanha que em breve estará nas televisões, rádios, internet e imprensa escrita.

De acordo com o presidente do IPSS, nos primeiros dois meses deste ano registou-se uma descida de 11 por cento dos dadores, em relação ao período homólogo de 2013, e uma diminuição de nove por cento nas colheitas.

O secretário de Estado e Adjunto da Saúde anunciou ainda que, dentro de uma ou duas semanas, estará pronto o seguro para os dadores de sangue, uma reclamação dos dadores com mais de vinte anos.

Este seguro pretende garantir ao dador de sangue, ou candidato a dador, o direito a ser indemnizado pelos danos resultantes da dádiva de sangue ou de acidentes que eventualmente sofram no trajeto de ida e regresso para o local de colheita.

SMM // MAG – Lusa – foto Paulo Novais

Portugal está com “problemas sociais graves” - Presidente da Cáritas Portuguesa




O presidente da Cáritas Portuguesa alertou que Portugal está com “problemas sociais graves”, sublinhando que a austeridade, que visava a recuperação económica, não gerou empregos em “número suficiente” para fazer “decrescer o flagelo do desemprego”.

“Com índices de gravidade diferentes, Portugal está com problemas sociais graves, mas são praticamente os mesmos que foram identificados pelo Chipre, pela Grécia, pela Itália”, disse Eugénio Fonseca à Lusa no final da apresentação de um relatório da Cáritas Europa, em Atenas.

O relatório “A crise europeia e o seu custo humano” analisa o impacto das políticas de austeridade que estão a ser aplicadas nos países da UE mais afetados pela crise (Portugal, Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Roménia e Espanha) e os seus efeitos na vida das pessoas.

O “problema central” nestes países é o desemprego, sendo que em Portugal o desemprego juvenil “é a maior preocupação”, mas o desemprego de longa duração também é um problema e também foi referenciado pelo Chipre e pela Itália.

Dados divulgados no relatório indicam que, em abril de 2013, o número de pessoas no desemprego atingiu o valor histórico de 26,6 milhões (11% da população ativa na União Europeia a 27) e o desemprego juvenil situava-se nos 23,5%.

Eugénio Fonseca adiantou que, apesar de estar a haver uma estabilização nas taxas de desemprego e um ligeiro crescimento económico em Portugal, “isso não quer dizer que tenha algum reflexo, para já, na vida das pessoas”.

“As pessoas continuam sem ter autonomia financeira, sem ter acesso ao trabalho, muitas delas perderam os subsídios que estavam a receber” e há pessoas que continuam a precisar dos serviços das instituições públicas e particulares e a ficarem numa situação de “maior empobrecimento”.

O presidente da Cáritas Portuguesa fez, em Atenas, o retrato da situação vivida em Portugal e ouviu os relatos dos dirigentes da organização dos países analisados.

“O que verificámos (…) é que são países que fizeram uma aposta, para solucionar a crise, em medidas de austeridade e a conclusão a que chegámos é que essas medidas foram feitas à custa das políticas sociais e, em todos estes países, não se se chegaram aos resultados desejáveis”, comentou à Lusa.

Foram exigidos “sacrifícios às pessoas” e até agora não foram “beneficiadas em nada”, antes pelo contrário, disse, acrescentando que “as recompensas” têm sido, por exemplo, o encerramento de serviços de saúde de proximidade, que “eram essenciais”.

Esta situação obriga as pessoas a deslocarem-se e a terem ainda maiores encargos financeiros, frisou, alertando também para o facto de muitas doentes estarem a deixar de ir ao médico e a parar os tratamentos porque não terem dinheiro para os pagar.

Por outro lado, há outro fenómeno que é comum nestes países e que deve ser um motivo de preocupação: O aumento da desconfiança das pessoas relativamente às instituições europeias e nacionais, concretamente aos políticos e às políticas que são apresentadas”, disse à Lusa.

“O receio é que esta desconfiança se venha a instalar e seja difícil recuperá-la nos próximos anos, sendo tão necessária a confiança para que todos participem na recuperação económica e social destes países que estão a ser intervencionados”, salientou.

Outro motivo de preocupação para os relatores do documento é o discurso que “o pior da crise já passou”.

“Parece-nos que esta afirmação ainda é muito temerária porque a crise, no nosso entender, ainda não passou e as suas consequências continuam a ser evidentes”, como pessoas ainda a serem “empurradas pela primeira vez para situações de pobreza”.

O responsável alertou ainda para os “números significativos” da emigração, adiantando que nos meados deste ano terão saído do país 200 mil portugueses.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referem que o número de portugueses em risco de pobreza aumentou entre 2011 e 2012, atingindo 18,7% da população (quase dois milhões de pessoas).

HN//GC – Lusa – foto Manuel de Almeida

Guiné-Bissau: Koumba Yala «declara» Nuno Na Bian Presidente da República



Campanha Eleitoral

Bissau - O ex-Chefe de Estado Koumba Yala declarou o candidato Nuno Na Bian, a quem confere o seu apoio nas eleições Gerais de 13 de Abril, como Presidente da República.

«Este é o Presidente da República da Guiné-Bissau, que eu trago para vos apresentar», anunciou Koumba Yala perante um grande número de apoiantes e simpatizantes do candidato Nuno Na Bian.

Num encontro popular com o seu eleitorado esta quarta-feira, 26 de Março, no Bairro de Lala Quema, em Bissau, o antigo Chefe de Estado disse também que a Guiné-Bissau precisa da paz para a estabilidade e o desenvolvimento.

Ao nível internacional, Koumba Yalá falou das relações históricas entre a Guiné-Bissau e Portugal.

No encontro, Nuno Na Bian fez referência à falta da água potável no país, mostrando-se revoltado com esta realidade e tendo mesmo sugerido que alguém deva ser responsabilizado por tudo o que aconteceu na Guiné-Bissau.

O candidato às Presidenciais disse que é notável a corrupção generalizada no aparelho do Estado, onde se assiste a uma luta sem igual, por parte de todos, para ocuparem cargos ministeriais.

A questão da Saúde mereceu igualmente a preocupação do candidato, dado que se assiste à morte de mulheres durante o parto. A necessidade de se apostar na agricultura e a falta de luz eléctrica foram outros aspectos destacados por Na Bian.

A questão da reforma nos sectores de Defesa e Segurança esteve também em destaque no discurso do candidato apoiado por Yala, que disse ser necessária uma reforma «condigna».

Confiante na vitória, Nuno Na Bian garantiu aos seus apoiantes do Circulo Eleitoral 25 que vai vencer as eleições Presidenciais de 13 de Abril, logo na primeira volta.

Este comício foi antecedido de uma visita do candidato, no período da manhã, à Pediatria do Hospital Nacional Simão Mendes.

Bissau Digital - (c) PNN Portuguese News Network

São Tomé e Príncipe: PGR denunciou a injustiça da justiça são-tomense




Foi na sessão de quarta – feira do Diálogo Nacional. Frederique Samba(na foto), usou da palavra no âmbito do tema “Reforço da Democracia”, e apontou o dedo à Assembleia Nacional, como um dos pólos que obstaculiza a luta contra a criminalidade económica e financeira.

A imunidade parlamentar do deputado, não é retirada quando o Ministério Público, solicita ao Parlamento tal expediente para que o deputado seja ouvido pela justiça. Como se não bastasse a mesma Assembleia Nacional foi arquitecta do novo código penal que iliba os titulares de cargos políticos de quaisquer responsabilidades criminais por crime de corrupção financeira. «Efectivamete o Procurador-Geral tem feito o seu papel pedindo a autorização a Assembleia no âmbito do que está consagrado na constituição e no Estatuto dos deputados, para que efectivamente as pessoas sejam colocadas a disposição do ministério público para serem interrogadas.…..Foram feitos de facto vários pedidos, mas o Ministério Público até agora não conseguiu ter qualquer pronunciamento da Assembleia Nacional. Está cá o senhor Presidente da Assembleia Nacional,  é uma questão que preocupa», declarou o Procurador Geral da República, tendo recebido um intenso aplauso da plateia.

A imunidade parlamentar é uma barreira. « As barreiras se inserem no âmbito da imunidade parlamentar. É uma questão que deve ser discutida», frisou o procurador geral, tendo dado exemplo das ilhas Seychelles, onde segundo Frederique Samba, numa visita a aquele país africano, constatou que «não há imunidade parlamentar para os deputados».

A responsabilização penal dos titulares de cargos políticos é outra grande questão. «Tem a ver com o código penal aprovado, em que o último artigo se refere a responsabilização dos titulares dos cargos políticos, e que este conceito de funcionário público não é extensível aos titulares dos cargos políticos. E isto fragiliza muito o trabalho do ministério público», pontuou o Procurador-Geral da República.

Mesmo assim segundo Frederique Samba, brevemente algumas acusações de crime de corrupção financeira «darão entrada no Tribunal».

Enquanto isso, o Procurador-Geral da República reconheceu no Diálogo Nacional, que para os cidadãos comuns a justiça é mais célere enquanto para outras figuras detentoras de cargos políticos acaba por ter alguma morosidade.

Abel Veiga – Téla Non (st)

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Um quarto da população de Cabo Verde «ainda é pobre», reconhece PM




O primeiro-ministro de Cabo Verde reconheceu hoje que um quarto da população é pobre, que o desemprego é elevado (16,7%) e afeta sobretudo mulheres e jovens e que há muitas desigualdades sociais.

Numa curta mensagem gravada alusiva ao Dia da Mulher Cabo-Verdiana, que hoje se assinala no arquipélago, José Maria Neves insistiu na ideia de que a data constitui uma oportunidade para se refletir na forma como o país pode evoluir na igualdade e equidade na sociedade local.

"Já fizemos muito na redução da pobreza, baixámo-la de cerca de 50% para 25%, mas um quarto da população ainda é pobre, o desemprego é elevado e há índices elevados de desigualdades sociais", salientou o chefe do executivo cabo-verdiano, que se encontra em Yamoussoukro (Costa do Marfim) para participar, sexta-feira e sábado, na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da África Ocidental.

"Agora que falamos em mais oportunidades, igualdades e equidade, temos de continuar a trabalhar com muita energia para enfrentar com sucesso esses desafios e construirmos uma sociedade mais justa, mais igual, mais inclusiva, com oportunidades para todas as mulheres e para todos os homens", pediu.

"Temos de continuar a trabalhar para enfrentar os desafios que se colocam atualmente à sociedade cabo-verdiana, como a questão da pobreza e do desemprego, que atingem sobretudo as mulheres e os jovens, as desigualdades sociais que corroem qualquer sociedade", reiterou.

O Dia da Mulher Cabo-Verdiana, cuja lema deste ano é a violência sexual, celebra-se em várias cidades do país desde 1981, ano em que se fundou a Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV), que, desde então, tem combatido a violência contra a mulher.

A efeméride é assinalada, ao fim da tarde, com uma marcha subordinada ao tema "Homem que é Homem Não Bate na Mulher", promovida pela OMCV, que visa sensibilizar a sociedade para a questão, bem como outras atividades de cariz cultural, recreativo e desportivo.

Lusa, em Diário Digital

Operação contra acusados de desestabilizar Timor-Leste só acaba com entrega de armas





O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje que a operação que a polícia timorense está a realizar contra grupos acusados de desestabilizar o país decorre sem problemas, mas só termina com a entrega de armas.

"A operação feita pela polícia continua a decorrer por todo o território. Não há ameaças de violência, não há ameaças de confrontos físicos e armados. A população tem reagido bem e as pessoas que receberam fardas têm cooperado e entregado", afirmou Xanana Gusmão, em declarações à agência Lusa.

"A operação só acabará quando vierem entregar as armas", salientou Xanana Gusmão, que acumula também a pasta da Defesa e Segurança.

O primeiro-ministro explicou também que no início a polícia enfrentou alguns obstáculos, "mas a população começou a compreender que é necessário contribuir e participar".

"A democracia dá direito a tudo, críticas, comentários, mas a democracia não dá direito a revoluções à Tailândia, à Ucrânia, à Venezuela. Não dá. Há outros meios para mudar a situação, para exprimir a nossa vontade de mudança, mas nunca com meios ilegítimos", sublinhou Xanana Gusmão.

O parlamento de Timor-Leste aprovou este mês uma resolução em que pede à polícia para fazer cumprir a lei e a condenar o classifica como tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas pelo Conselho de Revolução Maubere e pelo Conselho Popular da Defesa da República de Timor-Leste (CPD-RDTL).

No âmbito da operação desencadeada pela polícia, na sequência da resolução do parlamento, foram detidos preventivamente Paulino Gama (Mauk Moruk), ex-comandante das Brigadas Vermelhas, e o comandante Labarik, também ex-comandante das Falintil.

O Conselho de Revolução Maubere, liderado por Mauk Moruk, exige a dissolução do parlamento, a demissão do Governo, a convocação de eleições, a restauração da Constituição de 1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.

O CPD-RDTL é um grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que se encontra sob termo de identidade e residência, que, após a restauração da independência, realizou várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento da independência proclamada em 1975, bem como a saída das organizações internacionais do país.

MSE // VM – Lusa – foto António Amaral

PM DE TIMOR-LESTE VISITA MALÁSIA, AUSTRÁLIA E CHINA




Díli, 27 mar (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, anunciou hoje que viaja no domingo para visitas oficiais à Malásia e à China e para participar num exercício das forças especiais na Austrália.

"Parto no domingo, dia 31 começo a visita à Malásia, no dia 03 (abril) estou em Perth (Austrália) e no dia 06 começo a visita à China e regresso no dia 15", afirmou Xanana Gusmão, que falava no final de um encontro com o Presidente timorense, Taur Matan Ruak.

Sobre a deslocação à China, o primeiro-ministro timorense explicou que vai participar numa conferência internacional sobre desenvolvimento económico e cooperação na Ásia.

"Nesse sentido, pediram-me para ir, já que nós vamos entrar na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN)", disse.

Segundo Xanana Gusmão, na conferência vai falar das potencialidades da Zona Especial de Oecússi, que "pode ser uma ponte de ligação entre a região asiática com outras regiões do mundo".

"É bom que se compreenda que Timor-Leste não é um sítio de investimento para dentro, mas para além do território", afirmou.

A deslocação à Malásia ocorre no âmbito do reforço das relações de cooperação com os países membros da ASEAN.

Em Perth, Xanana Gusmão participa numa cerimónia das forças especiais australianas.

Questionado pela Lusa sobre se vai reunir-se com o seu homólogo australiano, Tony Abbott, durante a sua deslocação à Austrália, Xanana Gusmão disse que "talvez haja um momento de abertura para uns contactos".

Timor-Leste acusou a Austrália formalmente, junto do Tribunal Permanente Arbitral de Haia, de espionagem quando estava a ser negociado um tratado sobre a exploração do petróleo e gás no Mar de Timor.

Com a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e tirar todos os proveitos da exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale milhares de milhões de dólares.

MSE // VM - Lusa

POLÍTICOS PORTUGUESES PAGOS CONFORME SUCESSO DOS SEUS DESEMPENHOS



Mário Motta, Lisboa

Os cidadãos portugueses não têm de se admirar nem indignar pela medida hoje anunciada em que o Valor das pensões vai ser ajustado à evolução da economia e demografia. Esta é uma decisão de um governo que transpira equidade. Em adágio usado em Portugal diz-se que não deves querer para os outros o que não queres para ti. Por isso mesmo este governo cumpre e respeita o adágio, assim como a equidade e todas as qualidades que é de enaltecer em cidadãos e dirigentes responsáveis, dotados de solidariedade e humanismo como Passos Coelho, seus colegas de governo, incluindo a caterva de boys e girls do CDS e do PSD que estão apensos ao governo como analistas, conselheiros ou nas diversas especialidades de penduras e crápulas imaginativos que num “dolce far niente” enchem as suas contas bancárias a expensas dos contribuintes, reformados famintos e moribundos, etc., etc. Seria injusto não mencionar aqui o presidente da República, Cavaco Silva e as suas elevadas qualidades na sôfrega desbunda que vem sendo o debulho hérculo que todos e mais alguns daquelas cores partidárias assumiram como seus objetivos para que Portugal esteja melhor mas os portugueses não – como dizem.

De acordo com o adágio e a referida equidade, porque o valor das pensões vai ser ajustado à evolução da economia e demografia, o governo chefiado por Passos, Portas e Cavaco (além do FMI, da UE e outros não eleitos a designar) tomaram a decisão – ainda secreta – de ajustar o valor das remunerações aos políticos portugueses conforme o sucesso do desempenho das suas políticas, do cumprimento das suas promessas eleitorais, da sua honestidade e transparência, na rejeição a legislarem de acordo com os lobies que representam, nas luvas, nas mordomias, conluios e nepotismos. Incluindo as nomeações lautas de cargos em empresas a quem fizeram favores e assim lhes “pagam” quase logo que deixam os seus ministérios e cargos nos poderes executivos ou outros às ilhargas.

Em conformidade com estas decisões equitativas (Passos cumpre e para Portas isto é irrevogável) os ajustamentos prevêem que ministros, primeiros-ministros e presidentes da República que violem o estipulado sofrerão ajustamentos nas suas remunerações, assim como deputados. Governam bem, têm bons desempenhos, então recebem o ordenado por inteiro. Governam mal, não cumprem os requesitos essenciais de governantes e o ajustamento cumpre-se na redução do que recebem por vencimento mensal. Se acaso forem muito estúpidos, bastante imbecis e prejudicarem o país e os portugueses com as suas decisões e desempenhos políticos terão ainda de pagar para desempenharem o cargo. Se reincidirem no mau desempenho calha-lhes a punição de irem acarinhar e tratarem as cagarras na ilha grande das Desertas, no meio do Oceano Atlântico. A permanência naquela ilha será estipulada de acordo com a gravidade dos incumprimentos apurados por comissão de cidadãos eleita equitativamente entre jovens, idosos, sem-abrigo, desempregados e outros portugueses que se encontrem na fossa económica em que Portugal se encontra.

Como se vê, a flutuação ou ajustamentos que vai caber aos políticos, é exemplar e muitissimo equitativa. Fonte melhor informada e que não se quis identificar adiantou que os deputados da maioria PSD/CDS já ameaçaram o primeiro-ministro Passos Coelho de fazerem uma manifestação de protesto (contra a medida) no edifício-sede do governo na Gomes Teixeira quando ocorrer uma reunião de ministros. Também Cavaco Silva se dispôs a participar na manifestação logo que soube que este novo diploma do governo (ainda secreto) contempla retroativamente todos os ministros e primeiros-ministros do passado, assim como restantes secretários de estado e apensos. Do largo do Rato o Partido Socialista fez saber que também participará na manifestação.

Pelo sim, pelo não, já quase todos os idos e atuais detentores dos poderes políticos ou seus nomeados (boys e girls), principalmente deputados, encomendaram o livro “Como acarinhar e tratar as cagarras na Deserta Grande”. Livro que já comecei a escrever, com consultoria e prefácio de Cavaco Silva – um especialista na matéria das cagarras daquelas paragens.

Portugal: Valor das pensões vai ser ajustado à evolução da economia e demografia




Contribuição Extraordinária de Solidariedade, que atinge os pensionistas que recebem mais de mil euros brutos, pode tornar-se definitiva

O Governo está a avaliar a possibilidade de aplicar a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) de forma permanente, devendo o impacto da medida ser quantificado no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) em abril, revelou fonte do Ministério das Finanças.

"A CES é um processo relativamente estreito, direto. A nossa ideia é que esse mecanismo não seja visto como um corte, mas como um ajustamento da evolução dos fatores subjacentes, como a evolução da economia e a dimensão demográfica", afirmou fonte oficial do Ministério das Finanças num encontro informal com jornalistas.

Esta possibilidade de tornar a CES definitiva está a ser avaliada pelo grupo de trabalho nomeado pelo Governo, no inicio do ano, que deverá apresentar ao executivo cenários que permitirão "traçar pistas para uma reforma global do sistema de segurança social".

De acordo com a mesma fonte, o grupo de especialistas está "a tentar criar um 'mix' de políticas que permita que essa evolução [da eventual aplicação definitiva da CES] seja vista como um ajustamento, que possa variar de acordo com determinados indicadores", embora o indicador a aplicar "tenha de ser estudado".

"Tem de haver um 'mix' de critérios que sejam sustentados, equitativos, que protejam segmentos de pensionistas com baixo valor de pensão", referiu a mesma fonte.

É intenção do Governo que "esta fórmula tenha aplicação universal, pois se assim não for, o resultado não será o esperado", ressalvou.

"Mudança mais profunda" da segurança social

A eventual aplicação desta medida em definitivo insere-se numa "mudança mais profunda" do sistema de segurança social mas que, segundo a mesma fonte, " não deverá estar concluída em 2015".

A nova CES que passa a aplicar-se a pensões acima de 1000 euros, foi publicada a 14 de março em em "Diário da República", no primeiro Orçamento Retificativo do ano, mas só se aplica aplica às pensões referentes a abril.

A reformulação da CES incluída pelo Governo na proposta de Orçamento Retificativo para 2014, apresentada a 9 de janeiro, determina que seja cobrada uma taxa de 3,5% sobre a totalidade das pensões a partir dos 1000 euros e até aos 1800 euros, e não a partir dos 1350 euros como definido no Orçamento do Estado para 2014.

O regime estabelece ainda uma norma que assegura que, nos casos em que após o pagamento da CES os pensionistas fiquem com um valor mensal inferior a 1000 euros, "o valor da CES devida é apenas o necessário para assegurar a perceção do referido valor", ou seja, há uma norma que garante que os pensionistas que pagam CES não fiquem com uma pensão inferior a 1000 euros.

Sobre as pensões superiores a 1800 e até 3750 euros mantém-se uma taxa de 3,5% para a parcela até 1800 euros e uma taxa de 16% sobre o valor remanescente, perfazendo uma taxa global que varia entre 3,5 e 10%.

Lusa, em Expresso - Foto João Carlos Santos

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PASSOS COELHO, O CALCINHAS PORTUGUÊS



Daniel Oliveira – Expresso, opinião

Em mais uma reação ao "Manifesto dos 70", que tão nervoso deixou o governo, Passos Coelho disse que ele revela "uma concepção infantil, nem sequer é política, da Europa". Infantil porquê? "Estão a falar de uma Europa que não existe, nem existirá e ainda bem, porque ninguém aceitaria uma Europa em que uns poupam para que outros possam gastar". Repare-se que Passos não apela a um suposto realismo. Ele diz que ainda bem que a tal Europa não existe. E explica que essa Europa que felizmente não existe é aquela em que uns poupam e outros gastam. A dicotomia não é entre credores e devedores, centro e periferia, economias mais e menos desenvolvidas. Nada disso. Ele remete-nos para distinções éticas. Uns são poupados, outros gastadores. Eles vítimas pacientes, nós abusadores infantilizados.

Podia discutir a infantilidade (devolve-se o epíteto) deste ponto de vista. Mas isso obrigar-me-ia a descer o nível intelectual do debate até à imbecilidade. Não consigo. Poderia mostrar, através de quase todos os dados fundamentais, como este preconceito racista (estou a medir as palavras) é contrariado por quase todos os factos. Mas isso só faria sentido se estivesse a discutir com alguém que não conhece a realidade do País. O preconceito perdoa-se ao ignorante. Podia indignar-me com a utilização de estereótipos como arma política. Mas isso só faria sentido se estivesse a debater com um qualquer político estrangeiro e me visse obrigado a defender o bom nome de Portugal. Na realidade, tal como disse Constança Cunha e Sá,  apenas um líder de um partido de extrema-direita do norte da Europa teria o desplante de fazer este tipo de simplificação das relações entre Estados membros da União Europeia e lançar este anátema sobre os países periféricos. Acontece que esta frase é do primeiro-ministro de Portugal. É ele, e não Angela Merkel ou mesmo Marine Le Pen, que se encarrega de alimentar o preconceito contra os portugueses.

Indigna-me a insensibilidade social de Passos Coelho, que muitas vezes se evidencia na frieza com que fala do "ajustamento interno" (que, traduzido para a vida prática, corresponde ao engrossar do exército novos pobres vindos da classe média, que deixaram de poder comer peixe e carne ou de aquecer a casa). Mas poucas coisas me deixam mais perplexo do que o seu deslumbramento provinciano. Um sentimento comum em muitos portugueses, que se traduz nos elogios ao que se faz "lá fora" e à autoflagelação por coisas que "só neste País" acontecem. Um complexo de inferioridade que é responsável por muitos dos erros que cometemos no passado recente, a começar pela falta de sentido critico que mantivemos em todo o processo da nossa integração europeia. Mas como Passos Coelho a coisa chega a um ponto que roça o racismo contra nós próprios. Se isso seria incómodo em qualquer cidadão, num primeiro-ministro de um país em crise, deprimido e intervencionado por instituições externas, é assustador. Como pode o governo negociar com outros Estados e instituições externas se o homem que o dirige é o primeiro a produzir o argumentário e a reproduzir os preconceitos que são usados contra o seu próprio povo?

No passado, quando Portugal ainda tinha um Império, usava-se um termo para os mestiços assimilados, que supostamente queriam ser considerados "civilizados". Eram os "calcinhas". Apesar da ter várias leituras, conforme quem a usava, a expressão era geralmente pejorativa e carregada de preconceito. O africano podia fazer o esforço para se vestir como o branco, falar como o branco e até pensar como o branco. Podia também ser mais instruído que o colono vindo das berças. Aos olhos do branco, nunca seria um deles. Um "preto de calcinhas", mas um "preto". É uma coisa que o nosso "calcinhas" um dia perceberá sobre si próprio e o papel que decidiu desempenhar nesta Europa em crise: que se pode esforçar para repetir o que os líderes das Nações que ele considera "civilizadas" pensam sobre esta "piolheira" e a excelente opinião que têm - e ainda bem para eles - sobre os seus próprio Países. Pode até dizer o que apenas o alemão mais preconceituoso pensa de nós. Será sempre apenas e só "the nice guy", como lhe chamou Angela Merkel quando o conheceu. Um "tuga" que gostaria de não o ser e que vive deslumbrado pelo seu próprio "colono".

Portugal: Governo só anuncia cortes salariais na função pública depois das europeias



Rosa Pedroso Lima - Expresso

Na próxima segunda-feira, o Executivo reúne em sessão extraordinária para fechar o Documento de Estratégia Orçamental. Ponto forte: o modo de tornar definitivos os cortes definitivos de salários e pensões dos funcionários do Estado. Uma medida que vale quase 2 mil milhões de euros.

Os actuais cortes de salários e pensões de funcionários do Estado vão ser definitivos. A notícia não é nova, foi até noticiada pelo Expreso em Janeiro, mas ganha agora actualidade quando se aproxima a reunião extraordinária do conselho de ministros, marcada para segunda feira e onde o tema vai ficar definido. No entanto, os cortes definitivos dos salários dos trabalhadores da Administração Pública só serão conhecidos depois de Maio - isto é após a saída da troika e das eleições europeias.


O Documento de Estratégia Orçamental (DEO) é o ponto único da agenda do encontro dos ministros e será aí que, em linhas gerais, será estabelecido como serão permanentes os cortes de cerca de 2 mil milhões de euros que representam a redução remuneratória aplicada, desde 2011, aos funcionários públicos e aos pensionistas do Estado.

"O objectivo de acomodar a actual redução de salários e pensões estará no DEO", disse fonte oficial do Ministério das Finanças. As contas estão feitas: os cortes a aplicar 'valem' 800 milhões em pensões e 1,1 mil milhões em salários. São estes os valores orçamentais incluídos no OE 2014 e que terão de se prolongar no próximo ano.

A fórmula para tornar permanentes os cortes, até agora dados como provisórios, passa pela revisão da Contribuição Extraordinária de Solidariedade, assim como pela alteração das tabelas salariais e de suplementos remuneratórios dos funcionários públicos. A primeira parte do trabalho está mais adiantada e resulta das contribuições do grupo técnico, nomeado em janeiro pelo Governo, para estudar a fórmula como a CES podia passar a ser uma medida definitiva.

"Já foi encontrada uma solução", garantiu a mesma fonte oficial das Finanças, que esclarece que o assunto vai ser discutido na última avaliação da troika ao programa de ajustamento. O grupo técnico´, que tinha como missão encontrar uma solução blindada constitucionalmente e tecnicamente execuível, terá avançado com a possibilidade de indexar as pensões de reforma a indicadores demograficos e económicos. Uma solução, aliás, já ensaiada pelo Governo na altura de apresentação ao TC do diploma sobre convergência de pensões. Nessa altura, dois constitucionalistas - Vieira de Andrade e João Loureiro - elaboraram pareceres, incluídos num vasto dossie enviado aos juízes constitucionais, sustentado que os cortes definitivos das pensões do Estado se justificavam constitucionalmente em nome do princípio da equidade entre-gerações e para garantir a sustentabilidade do sistema de segurança social público.

No diploma da convergência de pensões, o Governo previu pela primeira vez a possibilidade de indexar uma alteração dos valores das pensões a indicadores de crescimento económico e de redução da dívida pública. Ou seja, admitia que os cortes não seriam definitivos, se houvesse um crescimento da economia sustentado ao longo de um período de, pelo menos, dois anos consecutivos. O mesmo modelo seria, então, introduzido na alteração da CES: se o País crescesse economicamente e os níveis de natalidade aumentassem, então as pensões públicas podiam ser automaticamente revistas.

A outra grande tarefa do Governo é a da redução salarial da função pública. Não só porque a medida tem um peso orçamental grande - 1,1 mil milhões de euros - como também por não estar imune a riscos orçamentais. A mesma fonte oficial adianta que o trabalho da revisão da tabela salarial única está mais atrasado e não será apresentado em concreto na última avaliação da troika em Portugal - isto é, antes das eleições europeias. A este diploma e com o mesmo objectivo de redução estrutural da despesa do Estado em salário está na forja o diploma de revisão da tabela de suplementos dos trabalhadores da Administração Pública e do sector empresarial do Estado. O Governo deixa claro que vai reduzir o número de suplementos existentes actualmente - não dizendo quais deixará 'cair' - e que vai acabar com a existência de complementos associados percentualmente ao valor do salário do funcionário. Os suplementos remuneratórios serão fixados em euros e terão um teto máximo para toda a Administração do estado.

Portugal: PCP diz que Governo quer pôr reformados a pagar erros de política económica




O deputado comunista Jorge Machado disse, esta quinta-feira, que o novo modelo de cortes nas pensões em estudo pelo Governo vai fazer com que sejam os reformados a pagar erros da política económica, sendo, por isso, inaceitável.

"O Governo prepara-se, relativamente ao valor das reformas, para fazer o mesmo que fez relativamente à idade da reforma, isto é, pôr a inflação e o PIB [Produto Interno Bruto] a determinar uma redução da reforma", afirmou Jorge Machado em declarações à Lusa.

Segundo o deputado comunista, este caminho tem por objetivo "pôr os reformados a pagar pelas asneiras do Governo relativamente à política económica".

Uma fonte do Ministério das Finanças avançou, na quarta-feira, que o Governo está a avaliar a possibilidade de aplicar a CES de forma permanente, devendo o impacto da medida ser quantificado no Documento de Estratégia Orçamental em abril.

Esta possibilidade de tornar a CES definitiva está a ser avaliada pelo grupo de trabalho nomeado pelo Governo no início do ano e que deverá apresentar ao executivo cenários para "traçar pistas para uma reforma global do sistema de segurança social".

De acordo com a mesma fonte, o grupo de especialistas está "a tentar criar um 'mix' de políticas que permita que essa evolução [da eventual aplicação definitiva da CES] seja vista como um ajustamento, que possa variar de acordo com determinados indicadores", embora o indicador a aplicar "tenha de ser estudado".

Jornal de Notícias – foto Eduardo Negrão/Global Imagens

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Eurostat: CUSTO DA MÃO DE OBRA EM PORTUGAL É METADE DO DA ZONA EURO




A mão-de-obra custava na zona euro 23,7 euros por hora em 2013 e 28,4 euros no conjunto da União Europeia, com os 11,6 euros de Portugal abaixo da média, segundo dados hoje divulgados pelo Eurostat.

Segundo o gabinete de estatísticas da União Europeia (UE), a Bulgária é o país onde a mão-de-obra é mais mal paga à hora (3,7 euros), seguindo-se a Roménia (4,6 euros), a Letónia (6,3 euros) e a Lituânia (6,2 euros).

Os países onde os custos da mão-de-obra são mais elevados são a Suécia (40,1 euros), a Dinamarca (38,4 euros), a Bélgica (38,0 euros), o Luxemburgo (35,7 euros) e a França (34,3 euros).

O Eurostat, neste indicador, não leva em conta os setores agrícola e administração pública.

A indústria é o setor onde a média é mais alta (24,6 euros na UE e 31,0 euros na zona euro), seguindo-se os serviços (23,9 euros e 28,0, respetivamente) e a construção (21,0 euros e 24,5).

Os custos da mão-de-obra incluem os salários e outras despesas, como obrigações sociais a cargo do empregador.

A fatia dos custos não-salariais chegava aos 23,7% na UE e aos 25,9% na zona euro -- variando entre os 8,0% em Malta e os 33,3% na Suécia, com Portugal nos 19,3%.

O Eurostat indica ainda que o indicador cresceu 10,4% na zona euro e 10,2% na UE, entre 2008 e 2013, tendo contraído 5,1% em Portugal.

A Grécia (-18,6%), a Hungria (-5,2%), a Croácia (-4,0%) e o Reino Unido (-0,3%) são os outros países onde os custos da mão-de-obra baixaram entre 2008 e 2013.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angola-Guiné-Bissau: PAIGC EM OFENSIVA




O MPLA e o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) manifestaram ontem, em Luanda, disponibilidade para continuarem a trabalhar com vista ao fortalecimento dos laços de amizade e solidariedade que unem os dois partidos, Estados e povos, desde os primórdios da luta pela independência.

A intenção foi comunicada pelo presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, no final de um encontro com o vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida, na sede da organização política angolana.

Domingos Simões Pereira disse que a visita a Angola se enquadra  no périplo que efectua a alguns países da Europa, América e África, com a finalidade de apresentar a nova direcção do PAIGC saída do oitavo congresso do partido, em Fevereiro último. O dirigente do PAIGC referiu que as visitas efectuadas a Portugal, Espanha, Senegal, Brasil e agora a Angola têm também como objectivo a realização das eleições presidenciais e legislativas que o Governo interino pretende realizar a 13 de Abril próximo, na expectativa do retorno à normalidade democrática e constitucional naquele país africano. 

“Levamos a estes países amigos o testemunho e a forma como o PAIGC está a preparar-se para as eleições legislativas e presidenciais, na expectativa do retorno pleno à normalidade constitucional na Guiné-Bissau”, afirmou o líder do maior partido político guineense. 

O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) referiu que no encontro de ontem o MPLA demonstrou que continua a acompanhar a situação na Guiné-Bissau.

Para a corrida ao pleito eleitoral, o líder do PAIGC garantiu estar tudo a postos, acrescentando que o seu partido cumpriu com todos os pré-requisitos para voltar a merecer a confiança do povo guineense.

Garrido Fragoso - Jornal de Angola – foto João Gomes

Angola-Alemanha: GRANDES LAGOS E A UCRÂNIA SÃO AMEAÇA À PAZ MUNDIAL




O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, recebeu ontem em audiência, no Palácio da Cidade Alta, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Frank-Walter Steimeier.

No centro da agenda do encontro esteve a cooperação entre os dois países, impulsionada pelas visitas ao mais alto nível além de missões sectoriais nos dois sentidos e os acordos nos vários domínios. A Chanceler alemã Angela Merkel esteve em Luanda em Julho de 2011, retribuindo a visita do Presidente angolano a Berlim em Fevereiro de 2009. 

À saída do Palácio Presidencial, Frank-Walter Steimeier informou que a audiência com o Chefe de Estado angolano teve também outras incidências, por exemplo, a Ucrânia. “O Presidente perguntou-me de forma muito interessada sobre as causas do conflito e a actual situação na Ucrânia. Nós, na Europa, 70 anos após o fim da II Guerra Mundial e 25 anos após o fim da Guerra Fria, não estávamos à espera que situações de conflitos violentos voltassem a ensombrar o continente”, disse o chefe da diplomacia germânica.

Frank-Walter Steimeier considerou a crise entre Moscovo e Kiev de “muito séria, com risco de uma cisão”. O ministro alemão garantiu que Berlim está fortemente empenhada na busca de soluções que impeçam uma “escalada do conflito na Ucrânia”.

Um passo no caminho certo

Para o chefe da diplomacia alemã o acordo conseguido na passada sexta-feira para o envio de um grupo de observadores da OSCE à Crimeia constitui um “grande sucesso” na medida em que foi possível fazê-lo juntamente com representantes dos governos russo e ucraniano. “É um primeiro passo no caminho certo para reduzir a tensão”, resumiu.

Frank-Walter Steimeier admitiu haver dificuldades para chegar a uma solução na situação na Ucrânia. “Não é fácil alcançar êxitos rápidos por ser um conflito político sobre a desintegração de um Estado”, disse o ministro alemão que está confiante na possibilidade de se criar um grupo de contacto internacional para a situação na Ucrânia. “Estamos ainda numa fase de sondagens e sem nada ainda de concreto, mas depois do passo que demos em relação ao grupo de observadores da OSCE talvez seja possível, com a Rússia e Ucrânia, darmos um outro passo, criando uma espécie de grupo de contacto internacional”, declarou Frank-Walter Steimeier.

Cooperação diplomática

O ministro germânico disse que apesar de serem países com relações “tradicionais e de grande proximidade”, Angola e a Alemanha têm grande margem de progressão em termos de cooperação. “É importante olhar para o futuro e ver que temos pontos em que esta cooperação pode ser reforçada”, disse Frank-Walter Steimeier. Para o chefe da diplomacia alemã, a experiência de Angola ao presidir à Conferência dos Grandes Lagos é também uma oportunidade para analisar formas de reforçar a cooperação, especialmente em matéria de política externa. “É uma experiência difícil, juntando interesses da região muitas vezes tão divergentes para criar um denominador comum, evitando uma escalada de violência”, referiu.

Frank-Walter Steimeier convidou o seu homólogo de Angola, Georges Chikoti, a visitar a Alemanha, no âmbito do interesse mútuo manifestado no sentido de reforçar a cooperação bilateral. A visita de Frank-Walter Steimeier a Angola faz parte de um périplo africano que o levou antes à Etiópia e à Tanzânia. O chefe da diplomacia alemã justificou a iniciativa com o facto de a Alemanha estar apostada em actualizar a percepção da sua política externa em relação a África. “Por isso decidimos fazer a visita neste momento e a países diferentes”, declarou.

Em relação à Tanzânia, Frank-Walter Steimeier disse que as relações entre Dar es Salaam e Berlim são “muito intensas, mas também muito antigas”. Quanto à Etiópia, a escolha deveu-se ao facto de ser um país que atravessa uma fase de profunda mudança e também por acolher a sede da União Africana. 

“Fomos a Addis Abeba com grande respeito em relação a tudo o que está a ser feito nos últimos anos em relação à capacidade de solucionar os problemas de África, nas questões de segurança, de cooperação económica e em relação ao financiamento”, frisou.

Angola potência mundial

Angola, última paragem do périplo africano de Frank-Walter Steimeier, mereceu a escolha por ser a “economia que regista o crescimento económico mais forte não só em termos africanos, mas em todo o mundo e por existirem boas perspectivas de cooperação entre empresas alemãs e angolanas”.

Mas a inclusão de Luanda na agenda do chefe da diplomacia alemã não se deveu apenas aos bons indicadores de crescimento económico: “Do ponto de vista da política externa, a Alemanha está neste momento a envidar esforços semelhantes aos de Angola em relação a conflitos regionais nas nossas proximidades”, disse Frank-Walter Steimeier, referindo-se à tensão entre Moscovo e Kiev.

Kumuênho da Rosa – Jornal de Angola

Foto em Deutsche Welle

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