Mário
Motta, Lisboa
O
que aconteceu hoje em Paris no jornal satírico Charlie Hebdo deixou milhões de
cidadãos pelo mundo atónitos e logo de seguida indignados. 12 colaboradores
daquele jornal foram assassinados, outros 10 ficaram feridos. Foi um atentado
terrorista. Disso não restam dúvidas. Fanáticos islamitas pensaram poder
“lavar” ofensas ao profeta Maomé com aquele ataque porque o jornal havia em
tempos ofendido o profeta num cartoon. E então é assim? Atentam contra a vida de
mais de duas dezenas de trabalhadores que simplesmente usam a liberdade de
expressam de acordo com a sua arte e o seu sentido crítico? Maomé, o profeta,
certamente não concordaria com tal atentado que ceifou a vida de 12 e feriu com
mais ou menos gravidade outros 10. Foi o terror à solta em Paris. Dois fanáticos
julgaram estar a proceder bem. Mas não. A vida é para ser respeitada, ainda mais
que a liberdade de expressão, porque sem ela a liberdade não tem sentido.
Em
poucos minutos soltou-se o terror em Paris, como há muitos anos soltaram o
terror no Iraque à revelia das Nações Unidas. Como o fazem na Palestina e quase
por todo o Médio Oriente petrolífero ou estratégico. E esse é o terror do
chamado Mundo Livre e Democrático do Ocidente. As vítimas são os povos daqueles
países. Os terroristas são os chefes dos governos dos respetivos países,
coligados para assassinar - com e sem drones - indiscriminadamente operacionais
e civis inocentes, mais dos últimos que dos primeiros. Chamam a esses
assassínios danos colaterais e dos seus efeitos não vimos que se insurjam ou
arrependam pela morte de milhares de vítimas que causam com os seus acordos e
assinaturas com ordens de ações para aterrorizar e matar. Com ordens que visam
“legalizar” os seus atos igualmente fanáticos e terroristas. Que não se
confundam os povos do oriente e do ocidente com tais fanáticos assassinos deste
e daquele mundo. Desta e daquela religião. A liberdade de expressão está de
luto e a liberdade dos povos também.
Constata-se
que nem por isso, pelo ataque terrorista em Paris, calaram a liberdade de
expressão. Ainda a espicaçaram mais. Cartoonistas solidarizaram-se com as vítimas
parisienses de hoje – como o fazem com as vítimas do médio oriente dos drones e
outros equipamentos militares do ocidente que causam terror, morte, choque e
espanto. No Notícias ao Minuto pode ver a fotogaleria que demonstra que nem o
terror cala o traço da razão, da indignação, do repúdio aos que não respeitam a
vida, nem a arte, nem os povos. Os povos que não se confundam e que saibam
identificar e isolar os seus inimigos comuns. Inimigos da liberdade e da
justiça. (MM / PG)
Fotogaleria: Depois
do ataque, a solidariedade pela mão dos cartoonistas
A
cidade de Paris, acordou esta quarta-feira, sob um alvo terrorista que deixou
em alerta não só o país como toda a Europa. Doze pessoas morreram num tiroteio
que teve lugar na redação do jornal satírico Charlie Hebdo, e que é
reivindicado pela Al-Qaeda.
Doze
pessoas foram mortas esta quara-feira na sequência de um ataque terrorista da
Al-Qaeda na redação do jornal satírico Charlie Hebdo.
Acredita-se
que na origem do ataque está a publicação de caricaturas de Maomé, em
2011, que geraram uma grande polémica e que foi alvo de diversas críticas por
parte de responsáveis islâmicos.
Após
o terror vivido, proliferaram nas redes sociais mensagens de solidariedade e
apoio vindos de todo o mundo. Nas mensagens tornadas públicas,
defende-se, sobretudo, e segundo o Le Monde, a necessidade de lutar contra a
ignorância, a intolerância e o fanatismo. E, acima de tudo, lembrar ao mundo
que a liberdade de imprensa não pode ser negociável.
Através
da hashtag #CharlieHebdo são vários os cartoonistas que fazem, através de
caneta e papel, a sua representação daquilo que se está a passar, mostrando
indignação e solidariedade para com os seus colegas de trabalho.
Notícias
ao Minuto
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