sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

GOVERNO QUER MANTER A TIMOR TELECOM COMO “ALVO TIMORENSE” - ministro




Díli, 20 fev (Lusa) - O Governo timorense quer manter, com investimento seu e eventualmente dos acionistas privados da empresa, a Timor Telecom (TT) como um "ativo timorense", disse hoje à Lusa o ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações de Timor-Leste.

"Devemos fazer todos os esforços para manter este ativo no Estado de Timor-Leste", disse Gastão de Sousa.

"A melhor solução seria algo conjunto, entre os acionistas privados e o Estado", afirmou, referindo que vai procurar que o assunto seja já debatido na reunião do Conselho de Ministros da próxima semana.

Os comentários de Gastão de Sousa surgem depois de movimentações de vários dos acionistas privados da TT para tentar garantir que investidores timorenses e o próprio Estado compram a parte da operadora atualmente controlada pela PT e que a OI quer agora alienar.

Explicando que "há várias opções em aberto", confirmou que uma das hipóteses é o Estado timorense "adquirir todas as ações da Portugal Telecom", devendo agora ocorrer conversações "com todas as partes envolvidas, com a PT e o setor privado timorense".

Gastão de Sousa confirmou que houve já interesse de pelo menos um fundo de investimento da região que terá apresentado uma oferta, por um valor não conhecido, para a compra da parte da PT.

"É um assunto muito importante que estamos a acompanhar. Já falei sobre ele, informalmente com o primeiro-ministro (Rui Maria Araújo) e também com o ministro do Planeamento (Xanana Gusmão)", afirmou.

"Vamos envolver vários Ministérios nesta questão e o assunto vai ser agora debatido ao nível do Conselho de Ministros", afirmou Gastão de Sousa que esta semana se reuniu com o presidente da Autoridade Nacional das Comunicações (ANC), António Correia, com quem analisou esta questão.

Em causa está a maior fatia de capital da TT (54,01%), controlada pela sociedade Telecomunicações Públicas de Timor (TPT) onde, por sua vez, a PT controla 76% do capital.

Os restantes acionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau) que controla 18% e pela Fundação Oriente (6%).

Na TT o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%), a empresa com sede em Macau VDT Operator Holdings (17,86%), o empresário timorense Julio Alfaro (4,49%) e a PT Participações SGPS (3,05%).

Basílio do Nascimento, bispo de Baucau e responsável da Fundação Harii confirmou à Lusa que o objetivo é que o ativo continue em Timor-Leste.

"Eu gostaria que a empresa ficasse em timor. Eu acho que Timor fica melhor servido. Mas acho que só os sócios privados não seremos capazes. Agora se o Estado entrar é outra coisa", disse.

"Para isso ficar cá, é necessário que haja uma maioria do controlo da parte de Timor. O que tenho ouvido dos responsáveis da TT é de que os membros do Governo já mostraram interesse em falar e colher informação", afirmou.

Também o empresário timorense Julio Alfaro disse recentemente à Lusa estar interessado em ampliar a sua participação na Timor Telecom se o Estado timorense assumir o controlo da operadora.

"Esta seria a melhor saída para o atual cenário. Se o Estado ampliasse o seu capital, ficando como maior acionista e gestor da empresa, nessa altura eu teria confiança e teria tranquilidade para comprar uma parte das ações de acordo com a minha participação", disse à Lusa.

Estimativas sugerem que em 2012, o "melhor ano" da operadora, a empresa poderia valer entre 200 e 250 milhões de euros e que hoje esse valor pode rondar entre 90 e 110 milhões de euros.

Uma queda em valor que se deve, em grande parte, à entrada de dois concorrentes no mercado, a indonésia Telkomsel e a vietnamita Telemor.

ASP // DM

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