sábado, 7 de março de 2015

Portugal. À desonestidade e aos calotes de Passos Cavaco chama “luta político-partidária”


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Quase nem merece o tempo de leitura e atenção as atividades e bacoradas vindas de Cavaco Silva. Portugal tem naquela triste figura um quase Américo Thomaz da modernidade. São gente desta que contagiam o país com o cinzento triste e enfadonho do desemprego, da fome e da miséria em que sobrevivemos. Os arrependidos de terem votado em Cavaco ascendem a números astronómicos. Tal arrependimento não livra Portugal nem os portugueses de terem de “gramar” a figura nefasta e cinzentona de Cavaco Silva por mais um ano.

Para Cavaco o seu primeiro-ministro, Passos Coelho, merece todo o branqueamento que lhe possa dispensar. À desonestidade e aos calotes de Passos Coelho Cavaco considera estarmos perante uma “luta político-partidária”. Convem-lhe. Afinal ele lá sabe se receber favores em formato de títulos que geraram rapidamente bons lucros – negócio entre ele e o amigo e criminoso Oliveira Costa – também não serão “luta político-partidária” porque nada de ilegal cometeu, só imoral e muito opaco. E isso de imoralidades são lutas político-partidárias. Qualquer outro sevandija não diria melhor.

Para Cavaco, como certamente para Passos e iguais, não importa que as figuras sejam públicas e desempenhem cargos de grandes poderes e responsabilidades, como um PR ou um PM – ou até somente candidatos. O que importa é rechear os alforges com negócios. Não importam calotes e incumprimentos que demonstram as baixas moralidades dos indivíduos por via das suas febris ganâncias e olhos ladeados de palas fixos nos cifrões. Um PM ou um PR, mesmo que até somente perspetivem vir a candidatar-se a tais cargos, não se podem dar ao luxo de cometer imoralidades como incumprimentos à Segurança Social, nem ao fisco, vindo depois no desempenho dos cargos, com toda a hipocrisia e falsidade, crucificar os caloteiros e incumpridores, impondo-lhes coimas exageradas por punição, fazendo-lhes penhoras cegas, tendo os faltosos onde habitar e o que comer ou não. Se isto é luta político-partidária e não a demonstração de que os poderes foram ocupados por falsos moralistas de honestidade igualmente falsa ou, pelo menos, dúbia, vamos ali e já voltamos… para afirmar o mesmo.

Cavaco demonstrou que os seus valores carecem de qualidades para desempenhar os cargos que desempenhou e desempenha - mais de uma década em primeiro-ministro e outra em presidente da República. Cavaco deverá ter presente a frase que muito provavelmente lhe dá certezas e conforto: "com papas e bolos se enganam os tolos". Se é assim que secretamente vê (demonstra) e julga os portugueses, nem como pessoa nos merece consideração e respeito. Como político já está morto, a definhar. Há até os que já lhe chamam múmia. Será por isso?

Fiquem com Cavaco, através da Lusa, nos seus 9 anos de desgraça e de dizeres no estilo Américo Thomaz, ou ainda pior. Um branqueador de Passos que vale tanto quanto aquele que quer branquear. Só falta cerca de um ano para nos deixar de pesar em Belém. O que não significa que não vá continuar a pesar nos nossos bolsos, a par de outros parasitas da sua espécie. (MM / PG)

Cavaco Silva Caso das dívidas de Passos é "luta político-partidária"

O presidente da República escusou-se hoje a comentar a dívida do primeiro-ministro à Segurança Social, alegando que "um presidente de bom senso deve deixar aos partidos as suas controvérsias político-partidárias que já cheiram a campanha eleitoral".

"Um Presidente da República de bom senso não deve entrar em lutas político-partidárias e o Presidente da República está acima dos partidos, das polémicas que eles desenvolvem, mas convida-os a resolverem os problemas do país", repetiu por diversas vezes aos jornalistas quando questionado sobre a polémica que envolve Passos Coelho.

Cavaco Silva assinalou que Passos Coelho "deu as explicações que entendia dever dar", escusando-se a comentar porque, disse: nunca revelo em público as conversas que tenho com o primeiro-ministro".

Afirmando ter "muita experiência para saber distinguir entre aquilo que são jogadas político-partidárias e o que são outras matérias" o chefe de Estado apelou aos partidos políticos que "se concentrem na resolução dos reais problemas do país".

Pediu ainda aos partidos que "evitem crispações de forma a que no pós-eleições existam condições para assegurar a estabilidade política, a governabilidade do país e uma solução governativa que seja consistente e coerente".

"É aí que os partidos devem colocar o seu esforço", frisou o chefe de Estado para quem "é matéria dos comentadores políticos, é esse o seu ofício, o seu modo de vida, comentar todo o tipo de polémicas político-partidárias".

Cavaco Silva falava à margem de uma cerimónia de comemoração dos 125 anos da Unicer que contou também com a presença do ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro.

No sábado passado, o jornal Público noticiou que Passos Coelho esteve cinco anos sem pagar contribuições para a Segurança Social, entre 1999 e 2004, o que o primeiro-ministro justificou com a falta de conhecimento dessa obrigação legal, declarando que já pagou entretanto o montante em dívida, apesar de prescrito.

Na terça-feira, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD, no Porto, o primeiro-ministro e presidente dos sociais-democratas alegou que querem expor a sua vida fiscal e, admitindo a entrega de "declarações fora de prazo", afirmou que não é "um cidadão perfeito", mas que nunca usou o lugar de primeiro-ministro "para enriquecer".

Na sexta-feira, em Vimioso, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que já respondeu às perguntas colocadas pelos deputados, reafirmou que não tem dívidas e disse não se orgulhar das falhas na sua carreira contributiva.

Em repostas a perguntas do PCP e do PS, às quais a agência Lusa teve acesso, Pedro Passos Coelho reitera que julgava que as contribuições para a Segurança Social à época - entre 1999 e 2004 - "não eram devidas", adiantando que pela mesma razão "também não as declarou em sede de IRS".

O PCP considerou que as respostas dadas pelo primeiro-ministro sobre a sua relação com o sistema de Segurança Social "adensam as suspeições" e requerem uma avaliação do Presidente da República sobre a ausência de regular funcionamento das instituições.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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