Em
Moçambique, autoridades da Educação de Inhassunge, na Zambézia, acusam
professores de excessivos atrasos e absentismos e vão descontar nos salários
dos profissionais que faltarem ao trabalho.
s
professores faltam às aulas e os alunos têm más notas: esta é uma realidade que
está a preocupar as autoridades da Educação no distrito de Inhassunge, na
Zambézia. A situação é registrada não só no ensino primário, mas também no
secundário.
Os
pais e encarregados da Educação dizem, por exemplo, que os alunos das classes
iniciais têm apenas três aulas por semana por causa das faltas dos professores.
No resto dos dias letivos, as crianças vão para as machambas apoiar os
familiares na colheita de arroz e feijões.
Agora,
as autoridades distritais resolveram implementar medidas duras para tentar
acabar com as faltas.
Segundo
o diretor distrital de Educação de Inhassunge, Martins Alige, os professores
faltosos vão passar a receber menos. Quanto mais os professores faltarem, mais
será descontado nos seus salários.
"Ninguém
gostaria de se ver com menos dinheiro, não é? Há pessoas que podem não aparecer
ao serviço por motivos graves, digamos, doença. Isso pode justificar-se. A
culpa não reside no fato de falta de sensibilidade que as pessoas têm. Mas o
que está a acontecer é que alguns professores normalmente vêm dez minutos, 30
minutos depois de iniciar as aulas,” revela.
Consequências para os alunos
As
ausências e atrasos têm tido diversas consequências para os estudantes.
"Primeiro,
desmoraliza os próprios alunos. Segundo, desativa a relação entre o professor e
a comunidade. O professor não está na escola, [o aluno] está a esperar o
professor. O professor não chega. São alunos da primeira e da segunda classe. O
que fazem? Voltam para casa. Não têm interesse," avalia o responsável.
Ainda
de acordo com Martins Alige, quando um professor falta, há um efeito sobre
outras disciplinas. "Se for no ensino secundário, a ausência dele
[professor]perturba o decurso normal das outras aulas dos que estão
presentes," avalia.
Em
Inhassunge, lecionam 800 professores. A maioria reside na cidade de Quelimane,
a 30 quilómetros de distância. Mas, segundo Martins Alige, o fato de os
profissionais viverem longe não pode ser motivo de faltas e atrasos constantes
às salas de aula.
"Nós,
na Educação, o nosso dever é mais social. Estamos a promover uma sociedade,
amanhã, boa. E essa [sociedade] de amanhã só poderá ser vitoriosa, se ela
dominar a ciência e a técnica. Isso cabe ao professor," diz.
Nem
diálogo, nem informação
Alguns
professores de Inhassunge dizem que as novas regras do setor da Educação são
infundadas e reclamam da falta de diálogo e informação.
Uma
profissional ouvida pela DW-África, sugeriu ao diretor de Educação de
Inhassunge "chamar os professores, sentar-se com eles e ouvir qual é o
problema". "Então, depois, se não houver boa resolução, pode cancelar
os salários," disse.
Um
outro professor considerou a avaliação de Martins Alige como "não tão
compatível - porque, primeiro, nem todos os professores tiveram a informação, o
que não é muito bom. Cada um tem a sua justificativa. Então, não écompatível
cortar o salário de um funcionário".
O
professor tentou defender a si e aos colegas, alegando: "Quanto à
participação, os professores participam. Agora, essa faltas, não sei."
Marcelino
Muéia – Deutsche Welle
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