Bocas
do Inferno
Mário Motta, Lisboa
O
social não existe para Cavaco, foi o discurso dos cifrões para os da sua laia. Para
último discurso Cavaco foi igual a ele próprio. Não disse mas mantém a postura:
que se lixem os portugueses. Que não semeia o desânimo nem o pessimismo, disse.
Diferente de quando choramingou pelo corte na sua reforma e em que afirmou “preocupadíssimo”
que não sabia como iria viver com tão pouco dinheiro. Isto apesar de ter um
rendimento mensal de mais de 10 mil euros, ao que se sabe. O que não se sabe…
Cavaco
já está em campanha eleitoral em defesa das suas cores partidárias e o seu
governo (PSD/CDS). Não referiu as tormentas do social em Portugal. Optou
por ser otimista e afastar pessimismos dos “profetas do miserabilismo”. Só que
os referidos não são profetas mas sim constatantes, testemunhas, da miséria que
abunda na sociedade portuguesa roubada por um sistema em que ele demonstra
estar de acordo e até ser defensor, provavelmente mentor.
Cavaco
falou de um país e para um país que só existe na cabeça dele e de outros
cavacos de contas bancárias recheadas e de barriga cheia. Mas que quer impingir
na ideia dos portugueses em relação ao futuro. Futuro que pela certa será
risonho, continuará a ser risonho, para os de sua laia. Não para os portugueses
espoliados de modo descarado e selvagem pelo governo e regime que ele defende
como anteriormente já o defendeu e impôs enquanto primeiro-ministro por mais de
uma dezena de anos. Repete a dose em mais dez anos enquanto presidente da República.
Com ele em primeiro-ministro começou a miserabilização do país, a ruína da
agricultura e das pescas. Atualmente fala da importância daqueles setores da
economia como se não tivesso contribuído para os destruir. A hipocrisia e
ignominia transbordam em Cavaco nestes dias em que discursa ou presta declarações
à comunicação social.
E
agora vem aí o céu e a terra para os portugueses. Os mundos e fundos. Daí o
otimismo de que fala. Tem de falar assim. Optou por já estar em campanha. O que ele
quer assinalar é que o seu governo, de Passos e de Portas fizeram maravilhas e
que muito mais maravilhas podem fazer se forem reeleitos. Cavaco está a fazer a
campanha eleitoral em dia que devia ser de todos os portugueses e não só de
alguns. A seu modo também ele é um vendilhão de falsidades, de mentiras. Mentiras
crónicas dos compulsivos e desmemoriados governantes que se mantiveram no poder
a semear a miséria e a vender o país em saldos com o seu apoio.
Mentiras
de um Cavaco que recusa ser mentiroso por lhe convir. Mas há provas. A
compulsividade da mentira também o infetou. Viu-se quando se pronunciou em
visita à Coreia do Sul sobre a confiança que depositava e o BES merecia, quando
essa não era a verdade. Negou que assim tenha dito mas de nada serve, há
registos. Os investidores do BES que estão a ser roubados que o digam. Espoliados
que se manifestaram hoje, em
Lamego. Lá estiveram a dizer que existem (privados da sua liberdade e direitos em Lamego) e que estão a ser
roubados. Provavelmente uns quantos a ser roubados por depositarem confiança
nas palavras de Cavaco sobre a “confiança” que o BES merecia, quando não
merecia confiança nenhuma. Assim como Cavaco, que não mereceu a confiança que
os portugueses nele depositaram. Foram nas loas de um salazarismo equipado com
apetrechos avançados para melhor iludir, para melhor se safar na vida. Ele e os
de sua laia. Têm conseguido. Cavaco tudo faz para que assim continue. Até
escolheu o dia de hoje para fazer campanha eleitoral dissimulada em favor dos
seus e do seu regime de miserabilização e esbulho da sociedade portuguesa.
Seguem-se
apontamentos da TSF sobre a manhã em Lamego. Outros há na comunicação social com todo o odor e sabor a ignomínia. (MM /
PG)
PRESIDENTE
DA REPÚBLICA RECUSA “SEMEAR O DESÂNIMO E O PESSIMISMO”
O
Presidente da República defendeu hoje que, "independentemente de quem
governe", Portugal poderá olhar para o futuro com confiança se forem
asseguradas orientações de política económica que permitam a concretização de
quatro objetivos.
"Se,
para além da estabilidade política e da governabilidade do país, forem
asseguradas orientações de política económica que permitam a realização de
quatro grandes objetivos, estou certo de que poderemos olhar o nosso futuro
coletivo com confiança, independentemente de quem governe", afirmou o
chefe de Estado, Cavaco Silva, numa intervenção na sessão solene do 10 de
Junho, que decorreu em Lamego, Viseu.
Na
sua última intervenção enquanto Presidente da República no 10 de Junho e onde
"confiança" foi a palavra-chave, Cavaco Silva apontou como primeiro
objetivo o equilíbrio das contas do Estado e a sustentabilidade da dívida
pública.
O
Presidente da República recusou hoje "semear o desânimo e o
pessimismo" quanto ao futuro do país, sublinhando que, apesar do longo
caminho a percorrer, existem "fundadas razões" para encarar o futuro
com mais otimismo.
"Da
mesma forma que nunca vendi ilusões ou promessas falsas aos portugueses, digo
claramente: não contem comigo para semear o desânimo e o pessimismo quanto ao
futuro do nosso país. Deixo isso aos profissionais da descrença e aos profetas
do miserabilismo", disse o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, no seu
discurso na sessão solene do 10 de Junho, que decorreu em Lamego, Viseu.
Reconhecendo
que ainda há "um longo caminho a percorrer", Cavaco Silva considerou
existirem hoje "razões fundadas" para se encarar o futuro com
"mais otimismo e mais confiança".
TSF
LESADOS
DO BES LEVAM PROTESTO ATÉ LAMEGO (privados dos seus direitos)
Mais
de uma centena de lesados do papel comercial do BES manifestaram-se esta manhã
em Lamego, mas longe do local das cerimónia militar comemorativa do Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
A
cerimónia começou às 10 horas no Largo da Feira e, pouco depois, os
manifestantes chegavam junto à estátua do soldado desconhecido, a cerca de 300
metros, na presença de um forte dispositivo policial.
Com
buzinas, sirenes e bombos, os manifestantes gritavam "Justiça" e
"Queremos o nosso dinheiro", tendo ficado dentro de uma cerca
previamente colocada junto à estátua, a meio da Avenida Dr. Alfredo de Sousa.
"Nós
estamos enjaulados. Em vez de enjaularem as pessoas certas enjaulam as erradas.
A nós, que somos pessoas honestas e que fomos roubados, é que metem dentro das
grades", criticou Ricardo Ângelo, da Associação dos Indignados e Enganados
do Papel Comercial do BES.
Segundo
Ricardo Ângelo, os manifestantes foram escoltados desde a autoestrada A24 até à
avenida, sendo impossibilitados de assistirem à cerimónia.
"Estamos
aqui enjaulados e não podemos demonstrar a nossa indignação a quem de
direito", lamentou.
Ricardo
Ângelo garantiu que os manifestantes só querem entregar uma carta ao Presidente
da República, pedindo-lhe que interceda por eles.
"Esperamos
da parte dele atos reais, não fictícios, porque fictícios estamos nós fartos de
ver. É fundamental que haja atitudes de forma a que isto se resolva, porque
estas pessoas não têm culpa da falta de honestidade dos nossos governos",
afirmou.
Na
sua opinião, "é fundamental que isto se resolva o mais rapidamente
possível, porque as pessoas estão a perder a cabeça".
"Não
queremos ser violentos, a questão aqui é só de controlar as pessoas",
acrescentou.
TSF
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