domingo, 18 de janeiro de 2015

Portugal: Morre após nove horas de espera nas urgências do Hospital Garcia de Orta




Uma mulher de 89 anos esteve nove horas nas urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada, mas sem atendimento atempado acabou por falecer esta madrugada, avança o Diário de Notícias.

Maria Vitória Moreira Forte morreu esta madrugada nas urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada, depois de ter dado entrada às 11h00 e só ter sido atendida por volta das 20h15.

O filho da vítima, João Carlos Silveira, mostra-se “indignado” com a forma como a mãe “foi deixada ao abandono numa maca de um corredor sem comer”.

João Carlos Silveira conta que Maria Vitória Forte foi chamada às 19h30, mas como não percebeu o número do gabinete pediu ajuda a uma enfermeira que lhe disse que não o podia ajudar naquele momento.

Ao falar com o médico ele disse-lhe que não ia ver a sua mãe lá fora e para a ir buscar. “Mas pôs-me fora antes de a ir ver”, revela, acrescentando que a mãe, de 89 anos, estava acamada há cinco meses na sua casa.

Por volta da meia-noite, o filho reparou que a mãe estava com dificuldades respiratórias e verificou que a botija do oxigénio “estava a zero”. Era 01h30 quando uma médica o informou que a sua mãe não poderia ir para casa. “Mas também não a podia internar, porque estava sem camas. Que teria que ir ficando por ali”, relata.

O óbito foi declarado pouco antes das 02h00. Esta é a segunda morte nas urgências do Hospital Garcia de Orta, no espaço de uma semana. A primeira aconteceu há oito dias.

Notícias ao Minuto

CAVACO SILVA FOI PASSEAR O BOLOR DO ANTIGAMENTE A MOÇAMBIQUE



Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Cavaco Silva foi a Moçambique à cerimónia de posse do novo presidente da República, Filipe Nyusi. Parece que foi o único PR lusofono a assistir à cerimónia. De qualquer modo o erro foi crasso por parte dos moçambicanos ao convidá-lo. Se julgam que Cavaco representa os portugueses estão muito enganados. Cavaco atualmente representa uma ínfima parte dos portugueses. Moçambique merecia melhor representante dos portugueses. Mas já está. Já foi a cerimónia. Contudo Moçambique merecia melhor representante. Este foi mais um ensejo para o casal Silva passear de cu tremido à custa dos portugueses esfaimados e miserabilizados. Não se julge que a fome de populações só existe em África e em Moçambique, neste caso. Também em Portugal a fome se instalou. O que não invalida que Cavaco não sorria ao ignorar corpos esqueléticos de portugueses. Ou ao ignorar os portugueses que morrem nas urgências dos hospitais por via dos cortes orçamentais impostos pelo governo de que Cavaco Silva é cúmplice.

Na troca de palavras de Cavaco com Filipe Nyusi o restrito presidente da República de Portugal afirmou que o país "está disponível para apoiar o novo ciclo de desenvolvimento em Moçambique". Se Cavaco referia desenvolvimento da fome, que tem sido o que mais tem pautado em Portugal com a sua cumplicidade e perícia do seu governo de eleição, o novo PR de Moçambique devia ter respondido imediatamente "não, obrigado, disso já cá temos e até demais." Se acaso se referia ao desenvolvimento de cortes orçamentais e de profissionais na saúde, também Nyusi devia ter respondido "não, obrigado, o que precisamos é de mais profissionais de saúde, mais hospitais, mais equipamentos, maiores verbas a dispensar à saúde dos nossos cidadãos." Mas parece que Nyusi sorriu e não respondeu nesse sentido. A diplomacia assim o exige. Exige mesmo quando o anfitrião fica avisado de que Cavaco Silva atualmente só representa uma ínfima parte dos portugueses, que se insere nos ricos e abastados. Uma minoria com um presidente minoritário - que mesmo assim viaja de cu tremido para aqui e acolá à custa de todos os portugueses. Até dos que passam muita fome e outro tipo de carências. Isto no país em que ainda há quem vá oferecer lá para fora seus préstimos no desenvolvimento. Ele, Cavaco, um presidente do antigamente colonial-salazarista, retrógrado para além do basta. O mesmo que se declarou contra a libertação de Nelson Mandela.

Afinal, esclareçam-me se fizerem o favor. O que foi fazer Cavaco Silva a Moçambique? Pobres moçambicanos que se contentam com tão pouco mas com muito odor a bolor do "antigamente". E convidam esse cheiro tão desagradável a passear-se por lá?

GOVERNO DE NYUSI TOMA POSSE, OPOSIÇÃO DESCONTENTE, DHLAKAMA AMEAÇA




Posse do novo Governo moçambicano marcada para segunda-feira

Maputo, 17 jan (Lusa) - Os ministros e vice-ministros nomeados pelo Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, para constituir o novo elenco governamental tomam posse na segunda-feira, informou hoje a presidência moçambicana.

A cerimónia da tomada de posse terá lugar às 14:00 (12:00 em Portugal) no palácio da Ponta Vermelha, residência oficial do chefe de Estado, segundo um comunicado enviado à Lusa.

O Presidente da República, investido na quinta-feira, anunciou hoje a nomeação de Carlos Agostinho do Rosário, embaixador na Indonésia e Timor-Leste, para o cargo de primeiro-ministro.

Adriano Maleiane é o novo ministro da Economia e Finanças, depois de ter sido governador do Banco de Moçambique, administrador da Visabeira em Moçambique e diretor-executivo do Banco Nacional de Investimento, cargo que exercia até ao momento.

O general Atanásio Ntumuke será o titular da Defesa, Oldemiro Balói mantém-se como chefe da diplomacia e a pasta do Interior foi atribuída a Jaime Basílio Monteiro, ex-vice-comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM).

Pedro Conceição Couto, vice-ministro das Finanças do anterior executivo, vai tutelar os Recursos Minerais e Energia, enquanto José Pacheco se mantém na Agricultura e Celso Correia, ex-administrador do BCI e líder da Insitec, um dos maiores grupos empresariais moçambicanos, vai ser ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural.

O novo primeiro-ministro foi exonerado, num despacho presidencial de sexta-feira, de todos os seus cargos diplomáticos, que incluíam a representação de Moçambique, desde 2010, na Indonésia, Timor-Leste e Tailândia, além de alto-comissário para a Malásia e Singapura.

Carlos Agostinho do Rosário foi ministro da Agricultura e governador da Zambézia e ainda embaixador de Moçambique na Índia e esteve presente na cerimónia de investidura de Filipe Nyusi.

O novo executivo terá 22 ministros, menos sete do que o anterior, cumprindo uma promessa de Filipe Nyusi no discurso da tomada de posse, durante o qual garantiu também seguir o critério do mérito e profissionalismo para as suas nomeações, bem como intransigência em relação à má conduta, corrupção, nepotismo e clientelismo entre os funcionários do Estado.

Após a divulgação da lista dos novos governantes, os dois principais partidos de oposição acusaram Filipe Nyusi de contrariar o seu discurso de posse e nomear um Governo de base partidária.

HB // JLG

Oposição moçambicana acusa Nyusi de nomear Governo partidário

Maputo, 17 jan (Lusa) - Os dois principais partidos de oposição de Moçambique, Renamo e MDM, acusaram hoje o Presidente da República, Filipe Nyusi, de contrariar o seu discurso de posse, na quinta-feira, e nomear um Governo de base partidária.

Os nomes hoje divulgados "são todos da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, no poder], não há nem um que não seja", disse à Lusa o porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, maior partido de oposição), acrescentando que "aqueles que tinham a expectativa de que Nyusi era diferente de Guebuza [anterior Presidente da República] estavam enganados".

"A promessa do Presidente da República, no seu discurso na posse, de fazer consultas à sociedade civil e aos partidos políticos para a tomada de grandes decisões foi desmentida pela prática dois dias depois", afirmou António Muchanga.

Também Lutero Simango, membro da Comissão Política Nacional do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), terceira força no parlamento, considerou à Lusa que "o Presidente da República disse que ia formar um governo sem ter em conta as cores partidárias, mas, no final, são todos pertencentes ao partido no poder".

O ex-líder da bancada parlamentar do MDM e atual deputado admitiu que o Presidente da República tem poderes e competências para nomear quem entender, mas insistiu que "a composição do Governo é diametralmente oposta ao longo discurso inaugural na quinta-feira", desafiando Nyusi "a ter coragem para eliminar desde já todas as células partidárias no aparelho de Estado", como "um grande sinal para libertá-lo de qualquer carga ideológica".

Embora reconheça o esforço de Filipe Nyusi em reduzir o número de ministérios, Simango observou porém que a diminuição "não é significativa, uma vez que volta ao patamar existente há uns anos e já então excessivo".

Ao excluir figuras da oposição, o novo Governo não acomoda a exigência da Renamo de um governo de gestão, com vista a ultrapassar o que alega ter sido uma fraude nas eleições gerais de 15 de outubro, mas o porta-voz do principal partido de oposição declinou fazer comentários, alegando que "não há conversações a decorrer sobre o assunto".

António Muchanga anunciou para terça-feira em Caia, província de Sofala, uma reunião do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, com os principais quadros da força política, incluindo os 89 deputados eleitos para a Assembleia da República e que faltaram à investidura no dia 09 de janeiro, para discutir a futura estratégia do partido e que passa pela reivindicação de uma república autónoma do centro e norte de Moçambique.

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi nomeou Carlos Agostinho do Rosário, embaixador na Indonésia e Timor-Leste, para o cargo de primeiro-ministro, informou hoje a presidência moçambicana.

Segundo um comunicado do novo chefe de Estado que apresenta o futuro elenco do executivo moçambicano, o ex-governador do Banco de Moçambique Adriano Maleiane será o ministro da Economia e Finanças, o general Atanásio Ntumuke será o titular da Defesa, Oldemiro Balói mantém-se como chefe da diplomacia e Jaime Basílio Monteiro, ex-vice-comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), ficará com o Interior.

Pedro Conceição Couto, vice-ministro das Finanças do anterior executivo, vai tutelar os Recursos Minerais e Energia, enquanto José Pacheco se mantém na Agricultura e Celso Correia, ex-administrador do BCI e líder da Insitec, um dos maiores grupos empresariais moçambicanos, vai ser ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural.

O elenco do novo Governo terá 22 ministros, menos sete do que o anterior, e seis nomes transitam do executivo de Armando Guebuza para o novo de Filipe Nyusi.

HB // JPF

Dhlakama promete reagir numa semana se Frelimo rejeitar governo de gestão em Moçambique

Tete, Moçambique, 17 jan (Lusa) - O líder da Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, prometeu hoje, num comício em Tete, centro do país, reagir numa semana caso a Frelimo, no poder, não aceite a sua proposta de um governo de gestão.

"Eu não vou ajoelhar-me à Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] porque não fui eu que roubei votos, mas os ladrões e comunistas da Frelimo é que se vão ajoelhar a mim, porque vou responder-lhes dentro de uma semana, caso eles continuem a brincar com o povo", declarou o presidente da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], no dia em que o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou o novo elenco governativo do país.

Num comício bastante concorrido, Dhlakama voltou a falar num governo de gestão, como forma de ultrapassar o que alega ter sido uma fraude nas eleições gerais de 15 de outubro, mas não deu indicações sobre a resposta que pretende dar caso a sua exigência continue a ser recusada.

"O povo está comigo e, se quisermos, podemos tomar este país, mas não é isso que eu pretendo. A Renamo não quer mais voltar à guerra", afirmou o líder histórico do principal partido de oposição e candidato derrotado nas últimas presidenciais.

Dhlakama pediu à assistência para não se preocupar com a posse de Nyusi, realizada na quinta-feira, porque "quem tomou posse foi um presidente da Frelimo", para liderar "um governo composto por ladrões e não um governo vindo da vontade do povo".

"Nenhum presidente neste país pode competir com o Dhlakama, o que a Frelimo está a fazer é uma brincadeira e desta vez nós vamos reagir porque o povo esta connosco", afirmou.

O porta-voz da Renamo anunciou hoje à Lusa a realização de uma reunião, na terça-feira em Caia, província de Sofala, de Dhlakama com os principais quadros do partido, incluindo os 89 deputados que faltaram à cerimónia de posse da Assembleia da República no dia 09 de janeiro, para discutir a estratégia do partido e que passa pela criação da república autónoma do centro e norte de Moçambique.

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, nomeou Carlos Agostinho do Rosário, embaixador na Indonésia e Timor-Leste, para o cargo de primeiro-ministro, informou hoje a presidência moçambicana.

O elenco do novo Governo terá 22 ministros, menos sete do que o anterior, e seis nomes transitam do executivo de Armando Guebuza para o novo de Filipe Nyusi.

Antes do comício de Dhlakama, tanto o porta-voz da Renamo, António Muchanga, como o membro da Comissão Política do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) Lutero Simango tinham acusado Nyusi de contrariar o seu discurso de posse, na quinta-feira, e nomear um Governo de base partidária

HB // JLG

*Título PG

PAPA VISITA AS FILIPINAS ENTRE O MACHISMO E A TEMPESTADE




Papa criticou sociedade machista em visita às Filipinas

O papa criticou hoje uma sociedade machista que não dá espaço à mulher, durante um encontro na Universidade de Santo Tomás, em Manila, perante milhares de jovens.

Francisco lamentou a "muito reduzida" presença de mulheres na cerimónia e defendeu que estas "têm muito mais a dizer na sociedade de hoje".

"Às vezes somos demasiado machistas e não damos espaço à mulher, mas a mulher é capaz de ver as coisas com olhos diferentes dos homens", acrescentou.
Segundo o papa, "a mulher é capaz de fazer perguntas que os homens não conseguem entender".

Francisco referia-se, em particular, a uma antiga menina de rua que lhe perguntou a razão por que sofrem os meninos.

"Ela hoje fez a única pergunta que não tem resposta, e não chegaram as palavras e teve de ser dita com lágrimas", sublinhou.

Francisco disse ainda esperar que haja mais mulheres entre a multidão quando o próximo papa for às Filipinas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Tempestade mata voluntária em missa do Papa

Uma jovem que era voluntária na missa do papa Francisco nas Filipinas morreu hoje ao ser atingida por um andaime de aço derrubado por uma tempestade, informou um porta-voz da igreja.

Devido à tempestade, o papa Francisco encurtou a sua visita à região central do arquipélago, durante a qual tinha previsto encontrar-se com sobreviventes do tufão Haiyan que causou mais de 5.700 mortos há 14 meses.

O andaime atingiu a jovem de 21 anos no peito e derrubou-a, matando-a, disse aos jornalistas o padre Amadeo Alvero, porta-voz da Arquidiocese de Palo.

O padre disse que a jovem era uma dos muitos voluntários que ajudaram na missa que o papa celebrou esta manhã no aeroporto de Tacloban, que segundo a polícia reuniu cerca de 200.000 pessoas.

O papa celebrou a missa numa altura em que foi registada chuva intensa no aeroporto e voou de regresso a Manila quatro horas antes do previsto para evitar o pior da tempestade tropical Mekkhala.

Uma média de 20 tempestades tropicais atinge todos os anos as Filipinas.

Mekkhala é a primeira tempestade a passar pelo arquipélago filipino este ano.

Lusa, em Notícias ao Minuto

*Titulo PG

Execuções: Amnistia Internacional denuncia retrocesso nos direitos humanos na Indonésia




A Amnistia Internacional classificou hoje como um retrocesso para os direitos humanos na Indonésia a execução de seis condenados por tráfico de droga, incluindo de um brasileiro, no país atualmente sob a liderança de Joko Widodo.

"Este é um grave passo atrás num dia muito triste. A nova administração tomou posse com a promessa de fazer dos direitos humanos uma prioridade, mas a execução de seis pessoas faz desses compromissos letra-morta", disse o diretor de investigação da Amnistia Internacional no sudeste da Ásia, Rupert Abbott.

Estas foram as primeiras seis de 20 execuções que o governo indonésio planeia levar a cabo este ano, depois de em 2014 não realizado nenhuma.

Rupert Abbott instou o governo indonésio a "suspender o plano de matar mais pessoas" e lamentou que o Executivo tenha mudado de direção depois dos "passos positivos" dados no país nos últimos anos.

"O uso da pena de morte em casa faz com que os esforços do governo para evitar execuções de indonésios no estrangeiro sejam hipócritas. A Indonésia deve impor uma moratória à pena de morte com vista à sua abolição", acrescentou Abbott em comunicado.

Além do Brasil, os cidadãos estrangeiros eram originários da Holanda, Vietname, Malawi e Nigéria e foram todos executados por um pelotão de fuzilamento, noticiou a AFP.

O cidadão brasileiro é Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, instrutor de voo livre, que foi condenado por tráfico de drogas em 2013.

Os condenados, entre eles, um cidadão indonésio, foram executados por fuzilamento na prisão de Nusakambangan às 00:30 horas de domingo (17:30 de hoje em Lisboa), segundo o portal Merdeka.com.

Uma cidadã vietnamita foi executada na prisão de Boyolali, pelas 00:00, de acordo com a televisão local TVOne.

Uma fonte da embaixada do Brasil em Jacarta disse à Lusa que no final da manhã de domingo (madrugada de Lisboa), realiza-se uma cerimónia antes da cremação do corpo do cidadão brasileiro, num local próximo da prisão.

A cerimónia contará com a presença de uma tia do brasileiro, que se deslocou à prisão para passar o sábado com o condenado, e um representante da embaixada.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Na foto: O brasileiro Marco Archer, 53 anos, foi fuzilado à 00h30, horário da Indonésia deste domingo, 15h30 deste sábado, horário de Brasília. A confirmação da execução do brasileiro, condenado à pena de morte por tráfico de drogas naquele país, foi dada pelo porta-voz da procuradoria-geral da Indonésia, Tony Spontana.

GOVERNO DE DILMA ROUSSEFF CHAMA EMBAIXADOR EM JAKARTA




O governo brasileiro informou que chamou o seu embaixador em Jacarta, na Indonésia, após a execução hoje de um brasileiro condenado à morte por tráfico de drogas, noticia o jornal Folha de São Paulo.

Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos e instrutor de voo livre, foi morto por fuzilamento, após esperar 10 anos no corredor da morte. O brasileiro pediu clemência, sem sucesso, assim como a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, que ligou para o seu homólogo indonésio, mas não teve a solicitação atendida.

Rousseff disse estar "consternada e indignada" com a execução, em nota divulgada hoje pelo Ministério das Relações Exteriores, e lamentou que o Presidente Joko Widodo tenha negado o seu pedido de clemência.

"A Presidenta Dilma lamenta profundamente que esse derradeiro pedido, que se seguiu a tantos outros feitos nos últimos anos, não tenha encontrado acolhida por parte do Chefe de Estado da Indonésia(...). O recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena, afeta gravemente as relações entre nossos países", diz a nota.

O Ministério afirmou ainda que a Presidente dirigiu uma palavra de "pesar e conforto à família enlutada".

O cidadão brasileiro condenado à morte foi hoje executado conjuntamente com outras cinco pessoas, entre elas quatro estrangeiros, noticiou o Indonesian on Sunday, citando fonte do gabinete do procurador-geral da Indonésia.

Além do Brasil, os cidadãos estrangeiros eram originários da Holanda, Vietname, Malawi e Nigéria e foram todos executados por um pelotão de fuzilamento, noticiou a AFP.

Uma fonte da embaixada do Brasil em Jacarta disse à Lusa que no final da manhã de domingo (madrugada de Lisboa), realiza-se uma cerimónia antes da cremação do corpo do cidadão brasileiro, num local próximo da prisão.

A cerimónia contará com a presença de uma tia do brasileiro, que se deslocou à prisão para passar o sábado com o condenado, e um representante da embaixada.

A tia do recluso levou-lhe bacalhau comprado em Portugal e algumas cartas de familiares, segundo o jornal Globo.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Brasil: DINHEIRO CONTRA A DEMOCRACIA




Se o governo Dilma não conseguir quebrar a resistência do mundo do dinheiro para voltar a investir, a democratização social encontrará grandes obstáculo.

Emir Sader – Carta Maior, em Blog do Emir

A contradição fundamental que vive o Brasil hoje, e que explica a crise atual, é aquela entre um modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, que amplia, como nunca, o mercado interno de consumo popular, e a falta de disposição do grande empresariado de adequar-se a esse modelo. Como estamos numa sociedade capitalista, este dispõem, nas suas mãos, dos grandes capitais que poderiam permitir que o modelo apoiado pela maioria do povo brasileira há 12 anos – e projetado por pelo menos mais 4 anos – se intensifique e acelere. Ou, como tem acontecido nestes últimos tempos, canalize esses recursos para a especulação financeira - na Bolsa e nos paraísos fiscais – ou a seguir produzindo para a alta esfera do mercado e para a exportação.

 Pela primeira vez um presidente é eleito no Brasil “contra o mercado”, isto é, contra o grande empresariado, que não apenas mostrou, ha tempos, que preferia qualquer candidato opositor – Aécio, Eduardo Campos, Marina – à Dilma, como militou firmemente por esses candidatos, até o nível de manipulação da Bolsa, além de atuar sabotar diretamente a economia, valendo-se do terrorismo econômico e favorecendo a especulação financeira, contra a retomada da expansão econômica. Esse é o poder do grande capital numa sociedade de mercado. Pode ser uma ínfima minoria, mas exerce seu poder através do grande capital que concentra nas suas mãos.

O Brasil vive um processo de democratização social como nunca havia vivido em toda sua história. Pais conhecido como o mais desigual do continente mais desigual, a questão da desigualdade social é a central do pais. Os governos do PT a erigiram na maior das prioridades, por isso obtiveram o apoio da maioria do povo nas últimas quatro eleições. Por isso fizeram do Lula o maior líder popular da sua história.

A transição da ditadura à democracia não havia tocado na desigualdade social. Esses governos vieram para dar conteúdo social à democracia brasileira. Mas se chocam com os donos do capital, com a sua lógica de maximização dos lucros, que vai em outras direções: especulação financeira, exportação de capitais, produção de soja e de autos, entre outros, que se distanciam totalmente do modelo de desenvolvimento com distribuição de renda, apoiado pela maioria da população.

Dilma foi eleita, em grande medida, com o voto popular, resultados das políticas sociais dos últimos 12 anos. Mas teve a grande maioria da opinião pública – fabricada pelo monopólio privado da mídia – contra ela. A prioridade das políticas sociais foi mantida no primeiro mandato da Dilma, que fortaleceu e estendeu as politicas sociais, mesmo com a economia estagnada.

Seu maior desafio no segundo mandato é conseguir retomar um ciclo expansivo na economia. Porém, os arranjos das finanças públicas que até aqui tem sido postos em prática, incluem novos aumentos das taxas de juros, que conspiram diretamente contra a expansão da economia, tem um acento fortemente recessivo.

Se a Dilma não encontrar a equação que permite cumprir com o objetivo proposto em 2010, de baixar as taxas de juros aos níveis internacionais, desincentivando a especulação financeira, a própria centralidade das políticas sociais estará em questão, pela limitação dos recursos do governo.

Em outras palavras, se o governo não conseguir quebrar a resistência do mundo do dinheiro para voltar a investir e acompanhar a implementação do modelo apoiado majoritariamente pela população, a própria democratização social – a alma dos governos do PT – encontrará grandes obstáculos para seguir em diante.

BOKO HARAM: OS MASSACRES NA NIGÉRIA E O SILÊNCIO DO OCIDENTE




Em meio à comoção gerada pelos atentados terroristas em Paris, um arcebispo nigeriano acusou países ocidentais de ignorarem as ameaças do grupo Boko Haram.

IHU – Carta Maior

Em meio à comoção gerada pelos atentados terroristas em Paris, na França, um arcebispo nigeriano acusou países ocidentais de ignorarem a ameaça representada pelo grupo extremista Boko Haram.

O Arcebispo da cidade de Jos, Ignatius Kaigama, ainda pediu que a mesma atenção dada aos atentados na França seja dada aos militantes que atuam com cada vez mais violência no nordeste do país africano.

Segundo ele, o mundo precisa agir de forma mais determinada para conter o avanço do Boko Haram na Nigéria.

No último fim de semana, 23 pessoas foram mortas por três mulheres-bomba, uma das quais tinha apenas 10 anos de idade.

A reportagem é publicada por BBC Brasil, 12-01-2015.

Outras centenas de mortes foram registradas na semana passada, segundo relatos, durante a captura pelo Boko Haram da cidade de Baga, no Estado de Borno, no nordeste do país.

Em entrevista ao programa Newsday, da BBC, o arcebispo nigeriano disse que o massacre em Baga é a prova de que o Exército do país não consegue conter o grupo extremista.

"É uma tragédia monumental. Deixou a todos na Nigéria muito tristes. Mas parece que estamos desamparados. Porque, se fossemos capazes de deter o Boko Haram, já o teríamos feito. Eles continuam a atacar, matar e a tomar territórios impunemente", disse Kaigama.

Segundo ele, a luta contra o extremismo no país requer o mesmo apoio internacional e espírito de unidade que foi demonstrado após os ataques de militantes na França.

"Precisamos que este espírito se multiplique, não apenas quando isso ocorre na Europa, mas também na Nigéria, no Níger ou em Camarões."

Mulheres-bomba

No domingo passado, duas mulheres-bomba mataram quatro pessoas e deixaram mais de 40 feridas na cidade dePotiskum.

Um dia antes, uma menina realizou outro ataque suicida em Maiduguri, a principal cidade do nordeste do país, matando ao menos 19 pessoas.

No último mês, mais de 30 pessoas foram mortas em ataques suicidas simultâneos na cidade de Jos, que tem cristãos e islâmicos em sua população.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, condenou os ataques do Boko Haram, que classificou como "atos depravados".

Em junho, o Reino Unido disse que intensificaria sua ajuda ao país nas áreas militar e de educação, para conter o Boko Haram.

Essa ajuda também inclui treinamento das tropas do país, assim como vêm fazendo os Estados Unidos.

No entanto, a Nigéria criticou o governo americano por sua recusa de vender armas ao país alegando que as tropas nigerianas estavam cometendo abusos de direitos humanos.

Uma iniciativa liderada pelo governo francês pediu que Nigéria, Níger, Camarões e Chade contribuíssem com 700 soldados cada para uma força internacional contra o Boko Haram, mas nenhum país implementou o plano.

Violência chocante

O Exército nigeriano informou que está tentando retomar a cidade de Baga, que está sob o controle de militantes, mas não deu detalhes da operação.

Também disse que, no último sábado, conseguiu impedir que o Boko Haram assumisse o controle de Damaturu, outra grande cidade do nordeste nigeriano.

Will Ross, correspondente da BBC News em Lagos, a principal cidade da Nigéria, diz que a violência no país não tem fim e é cada vez mais chocante, citando o uso de uma criança em um dos ataques do último fim de semana.

"As Forças Armadas nigerianas tiveram algumas vitórias, mas têm uma tarefa muito difícil, de proteger civis de homens-bomba e atiradores que estão espalhados por uma grande área no nordeste do país. Por isso, com frequência, são dominadas pelos militantes e falham em sua missão. As autoridades do país não gostam de ouvir isso, mas é verdade", afirma Ross.

"O mundo está lentamente começando a manifestar indignação com a recente violência, mas, além disso, e de uma ajuda limitada, não parece haver vontade de se envolver mais profundamente no conflito."

Créditos da foto: European Commission DG ECHO / Flickr

OFICIAIS ENERGUMENOS NAS CHEFIAS MILITARES DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE (vídeos)




Um vídeo produzido em Setembro do ano passado mas só agora divulgado mostra o selvático espancamento a um cidadão sãotomense por parte de oficiais (ditos superiores) das forças armadas daquele país lusófono. Ao que se sabe o cidadão havia cometido um roubo (de pouca monta). Os militares em vez de entregar o caso à polícia chamaram a si a punição do cidadão. Vai daí, como animais irracionais, infligiram o castigo que consideraram recomendável: espancar o jovem. O que se deve perguntar é como é possível indivíduos energúmenos serem nomeados e exercerem tão altos cargos nas forças armadas. Quantas atitudes de prepotência não cometem enquanto exercem aqueles cargos de altas patentes? Alguma vez se saberá quantas vítimas já causaram?

Patrice Trovoada, primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, já apelou ao presidente da República para que tome as evidências em consideração. Ignora-se por enquanto o resultado. É muito provável que o PR recorra a panaceias e proceda a “lavagem” do energúmeno ato das animalescas altas patentes por serem de sua confiança. Se essa for a decisão do PR será ele a evidenciar a sua falta de civismo e de cumprimento do seu cargo. A oficiais energúmenos daqueles, mostrados no vídeo, só lhes resta um caminho: a demissão das forças armadas. É que não só desrespeitam a cidadania (pior que o ladrão) como também o disposto na Constituição do país. A legalidade não dá o direito de espancarem os cidadãos a seu belo prazer. Fiquemos atentos à reação e atitude do PR sãotomense. (MM / PG)

São Tomé: Altas patentes militares agridem cidadão

Imagens que mostram o espancamento brutal de um cidadão estão a circular nas redes sociais.

Óscar Medeiros – Voz da América

Em São Tomé, um vídeo que começou a ser divulgado há dois dias na internet mostra um civil, a ser espancado brutalmente por altas chefias militares do país entre elas o próprio Chefe de Estado Maior, o brigadeiro Justino Lima.

A Plataforma dos Direitos Humanos já condenou o acto, e o primeiro-ministro solicitou ao presidente da república a convocação urgente de uma reunião extraordinária do Conselho Superior de Defesa Nacional enquanto isso o ministro da defesa ordenou a abertura de um inquérito.

As imagens que mostram o espancamento brutal de um cidadão civil, santomense, alegadamente por ter cometido o crime de furto estão a circular desde última Quarta-feira nas redes sociais. Tendo tomado conhecimento do caso o Ministro da Defesa Carlos Stok reuniu o Estado Maior Geral Das Forças Armadas e ordenou a abertura de um inquérito para apurar responsabilidades.

Nas imagens vê-se que entre os militares que torturavam o jovem cidadão Santomense está o próprio Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, o Brigadeiro Justino Lima. O tutelar da pasta da Defesa não tem dúvidas que o vídeo compromete altas patentes do exército.

Perante a gravidade do acto, o primeiro-ministro Patrice Trovoada solicitou ao Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, com carácter de urgência, a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho Superior da Defesa Nacional. Enquanto isso a Plataforma dos Direitos Humanos já condenou a atitude dos militares.

De acordo com informações que circulam no país este vídeo amador, captado do interior das instalações das Forças Armadas Santomenses, é de Setembro de 2014, mas só agora foi divulgado.


O TERRORISMO E AS CRISES NO MUNDO APÓS A GUERRA FRIA



Benjamim Formigo – Jornal de Angola, opinião - 14 de Janeiro, 2015

A incompreensão ocidental relativamente à Síria levou a escolhas precipitadas e, portanto, pouco ajustadas, como o excesso de confiança ou incompetência em lidar com a situação iraquiana conduziu à quase desagregação do Estado

Para surpresa da opinião pública, surgiu em 2014 um movimento – o Califado do Iraque e do Levante – que recorre à decapitação pública como forma de intimidação. 

Não é verdade, ele não surgiu agora, já existia desde a Guerra do Golfo, apenas tomou novo alento e se projectou internacionalmente quando as vítimas dos actos de intimidação deixaram de ser curdos, iraquianos ou sírios para serem ingleses, americanos, cidadãos do tal mundo ocidental que pretende controlar as relações internacionais. 

A resposta foi a inevitável: o recurso à aviação para dar apoio aéreo aos combatentes Peshmergas, milícia armada curda, a única força que se mostrou capaz de fazer face aos extremistas do autoproclamado califado. Claro que seria possível apoiar as forças regulares sírias, mas isso implicaria o reconhecimento de um erro e os dirigentes políticos de hoje olham o Mundo do seu Olimpo, analisam-no segundo a sua verdade:Assad é um inimigo a abater, mesmo quando é o único capaz de se opor ao “califado”, tal como os curdos. Mas os curdos Peshmergas não vêm só do Curdistão iraquiano, vêm da Turquia também, e Ancara não se sente nada à vontade com a força e a importância que os curdos assumiram e não vão querem recuar.

No eterno conflito do Médio Oriente, tudo na mesma depois de um agravamento com os ataques israelitas a Gaza. A Arábia Saudita e seus vizinhos, em especial o Qatar, tornaram-se actores do conflito sírio e outras crises – Egipto, designadamente – pagam para manter alguma tranquilidade no poder. 

Com a crise financeira em expansão, a América do Sul perdeu o ímpeto de influência que lhe dava o crescimento económico e a visão de Lula da Silva.Com a Venezuela em crise profunda, a América do Sul vê a sua influência recuar sem que ninguém ocupe o espaço político esvaziado. Lula da Silva tinha uma ideologia, Dilma Rousseff é apenas uma ténue sombra do velho líder trabalhista que levantou a classe média do Brasil e o empurrou para o topo. Sem Brasil, a América do Sul é quase irrelevante.

Os Estados Unidos estão a ultrapassar a crise lentamente. Criam mensalmente mais empregos que o mercado de trabalho, o que permite reduzir de forma aparentemente sustentada o desemprego e relançar o consumo interno. 

Mas ao mesmo tempo, os norte-americanos lançam nova crise, desta vez nas economias emergentes dependentes do petróleo. O “fracking” reduz em mais de metade as importações petrolíferas norte-americanas e, em simultâneo, entra no mercado internacional com custos de produção relativamente baixos, criando um problema aos países produtores em geral, excepto aos países do Golfo, particularmente á Arábia Saudita e talvez ao Iraque. 

Uma guerra pela manutenção de mercados leva os sauditas a não só descerem os preços do crude como a um aumento da produção, visando por fora do mercado o “fracking”norte-americano e conseguindo assim o aumento de preços. Os sauditas têm reservas de divisas suficientes para arrastar esta guerra por mais de um ano. E os outros produtores? 

Na Europa desenha-se nova crise. A Ucrânia pretende aderir à OTAN. Como era expectável, o Kremlin reagiu de forma dura e ameaçadora. Ninguém ainda explicou a Kiev que o apoio que recebeu foi um erro de cálculo de tecnocratas de Bruxelas que nunca exerceram um cargo de responsabilidade política e desconhecem os princípios básicos da política e relações internacionais. E nesta fase do campeonato nem me surpreenderia se houvesse quem apoiasse essa loucura. 

Mas vai haver. A Polónia em especial irá apoiar e tentar que outros antigos membros do Pacto de Varsóvia façam o mesmo. A Alemanha e a França, pelo menos esses, já indicaram que essa adesão da Ucrânia não é uma atitude inteligente. Resta saber o que farão os Estados Unidos, que se mantêm em silêncio.

Trinta anos depois do fim da Guerra Fria ficou um vazio deixado pelo abrupto desaparecimento da URSS. O mundo deixou de ser bipolar e entrou numa fase de domínio norte-americano. Entre meados dos anos 90 do século passado e hoje os valores do mercado varreram a ideologia, o poder financeiro sobrepôs-se ao político, os burocratas tiveram o seu tempo de glória para mostrarem a sua incapacidade de se relacionarem com o povo, com o eleitorado, com a opinião pública. 

E assim vai continuar na Europa, que perde progressivamente a sua importância política sem ser financeiramente relevante.A Alemanha impôs o seu “diktat”: a austeridade contra a inflação, os défices orçamentais, pelo rigor financeiro dos governos. O resultado está à vista, na Europa desapareceram as ideologias, os eleitores que não se sentem representados pelos partidos tradicionais viram-se para forças xenófobas e muitas vezes racistas, como se isso resolvesse os problemas. Desperta, ainda que vagamente, a consciência de que os mercados, o dinheiro, não podem continuar a governar, mas a desertificação política é imensa. Não há líderes de referência, nem quem queira entrar num mundo – o da política – que considera contaminado por relações espúrias com o mundo financeiro, os Media, os interesses não eleitos.

Em síntese, 2015 vai ser apenas 2015+1 em que 1 representa “n” – os problemas que ficaram e os que já se desenham, bem como os que nem se adivinham. Neste contexto mundial, a voz do novo Papa Francisco desperta a imaginação de ateus, agnósticos e, evidentemente, dos católicos, mesmo que alguns não se sintam bem com o realismo do Papa jesuíta face ao Mundo. 

Mas o Papa não é um governante, apenas uma consciência moral e cívica a que os políticos em exercício ou aprendizes deviam estar atentos. Sem a assunção de ideais, de valores morais (que não moralistas) a mudança é possível.


"Não há razão para preocupações com a comunidade islâmica residente em Angola"



António Nogueira – Novo Jornal (ao)

Na sequência do ataque à redacção da revista francesa Charlie Hebdo, ocorrido na passada quarta-feira, o Novo Jornal manteve uma breve conversa com o professor de Relações Internacionais e analista político, António Luvualu de Carvalho.

O especialista diz, na entrevista que se segue, que o islão não é, na actualidade, a grande questão que deve preocupar o Estado angolano.

Que considerações pode fazer nessa altura sobre os ataques perpetrados na passada quarta-feira contra a revista francesa Charlie Hebdo?

Antes de qualquer abordagem, acredito que é quase que unânime a posição de que devemos todos condenar veementemente os atentados da última quarta-feira em Paris. Os ataques ao jornal Charlie Hebdo não foram só ataques contra uma publicação mas sim ataques a liberdade como tal. Não se podem chacinar pessoas pelo facto de elas terem cometido algo que supostamente nos tenha ofendido. Temos que procurar os mecanismos legais próprios do século XXI e do mundo civilizado (falo concretamente dos tribunais e do sistema de justiça) para podermos encontrar soluções aos problemas que lesam os nossos interesses ou até mesmo os nossos sentimentos. Há crimes contra a moral e o bom nome que podem ser condenados em tribunal. Vemos casos diversos destas matérias a serem julgados por todo mundo. Foi um atentado muito grave e pela primeira vez, vejo condenações de todas as partes do mundo desde a Europa passando pelo mundo árabe sem nos esquecermos das américas, Ásia, África e Oceânia.

Qual acha que deve ser o posicionamento das autoridades angolanas face ao ataque ocorrido em Paris, sobretudo nessa altura em que Angola assumiu a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU?

Sobre a posição das autoridades angolanas numa altura em que o país já trabalha efectivamente no seu mandato como Membro não Permanente do Conselho de Segurança da ONU, acredito que para além de condenar todos e quaisquer tipos de terrorismo como tem condenado, as autoridades angolanas estarão solidárias em apoiar alguma resolução apresentada com o objectivo de condenar este acto bárbaro. Lembramo-nos todos do atentado terrorista ocorrido em solo nacional por ocasião do CAN 2010, muitos foram os países ocidentais que condenaram este acto. Para esta situação muito particular, como Membro não Permanente do Conselho de Segurança da ONU, o papel de Angola será apenas de solidarizar-se na condenação do acto e se for proposta alguma resolução para, por exemplo, restringir os acessos às zonas de combate no médio oriente (como já foi avançado que um dos três jovens já terá tido participação em combates no Iraque ou na Síria nas fileiras do auto designado Estado Islâmico o que lhe terá dado preparação militar), acredito que será unanime a aprovação por parte de todos os Membros do Conselho de Segurança tanto os permanentes como os não permanentes onde está Angola nos também já designados A3 (os três representantes não permanentes do continente africano que neste momento são Angola, Nigéria e Tchad).

A comunidade islâmica tem presença cada vez mais significativa em Angola. Este quadro não deverá preocupar as autoridades nacionais, sobretudo depois do que ocorreu em Paris?

Não, acredito que não há uma razão para preocupações com a comunidade islâmica residente em Angola. Como é normal neste tipo de situações, as autoridades de segurança de todos os países do mundo activam ou reforçam os seus sistemas de vigilância para poderem antecipar-se a qualquer tipo de sucedâneos ou de tentativas de replicar algumas situações que possam ser menos abonatórias (neste caso particular para que alguns fanáticos não repliquem o que aconteceu em França). Na minha visão muito particular, eu sou contra o alarme e contra a generalização. Sempre que acontecem actos terroristas do género, existe (se calhar no subconsciente de grande parte da população das grandes cidades em paralelismo com os atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001 nos EUA) de se confundir o fundamentalismo islâmico com as várias comunidades islâmicas residentes nos nossos países, o que é errado.

Quer dizer então que não há nenhuma ligação entre o islão e o fundamentalismo islâmico?

Não podemos confundir o radicalismo ou o fundamentalismo islâmico com quem pratica o islão puro que é uma religião pacifista como todas outras que defendem um mundo bom para que todos vivam em harmonia. De 1992 (ano que o país abriu-se ao multipartidarismo e que começaram a crescer as igrejas no nosso país) aos nossos dias, acredito que não temos verificado grandes excessos não só nas comunidades islâmicas bem como em todas outras comunidades religiosas que existem no nosso país. Defendo sim que primeiro, todas as religiões presentes no nosso país devem estar devidamente legalizadas e controladas. Apesar de existir liberdade, o Estado tem que saber o que é que se faz dentro das suas fronteiras. Só assim se sabe quem faz o uso ilegal de armas, quem transfere ilegalmente fundos, quem faz tráfico ilícito de mercadorias diversas, quem paga impostos enfim, só com um controlo de proximidade é que se podem evitar situações desagradáveis.

Qual é a grande questão que neste momento deve preocupar Angola?

A grande questão que se coloca neste momento é o reforço das nossas fronteiras. Sabemos e vamos assistindo a um ritmo preocupante a tentativa quase que suicida de muitos cidadãos de várias partes do continente africano e não só a tentarem entrar no nosso país muitos para trabalharem na exploração ilegal de diamantes mas outros para dedicarem-se a outros tipos de tráficos e claro muitos deles com certeza hão-de querer dedicar-se a outras práticas e o radicalismo religioso pode muito bem constar nas práticas ilegais que muitos destes emigrantes ilegais podem querer praticar no nosso território. Defendo um maior controlo ao fenómeno religioso de todo tipo. O radicalismo existe em todas as religiões.

Angola, com a visibilidade que tem tido sobretudo no campo diplomático, pode ou não estar na mira dos radicais islâmicos?

Não acredito que Angola esteja na mira de radicais islâmicos, porque Angola e os angolanos sempre respeitaram todo e qualquer tipo de religião. Os ataques ao jornal Charlie Hebdo foram realizados porque este jornal satírico francês replicou uma publicação dinamarquesa que satirizava o Profeta Maomé em 2006. Em 2011, o mesmo jornal voltou a publicar uma sátira designada Sharia Hebdo e em 2012 voltaram a satirizar o Profeta maior do Islão em poses menos dignas. Claro que a resposta jamais poderia ser a que foi na quarta-feira. Se alguém sentiu-se ofendido, deveria procurar os tribunais e não usar desproporcionalmente a força.


Angola: MILITARES DAS FAA E POLICIAS DESCONTENTES ALERTAM DOS SANTOS



Folha 8 Digital (ao), 17 janeiro 2015

O regime teme que possa haver uma sublevaçãoo so­cial, à qualquer momento, capaz de mobilizar alguns sectoes da Polícia Nacio­nal e Forças Armadas, de tal forma, que a Unidade da Guarda Presidencial, “na realidade um exército privado do comandante em chefe, fora do nosso controlo, nas FAA, está neste momento, a enqua­drar novos efectivos, para além de estar em perma­nente prevenção” assegu­rou ao F8, uma alta patente militar, demonstrar saber do que fala.

Os militares estão a pas­sar muitas dificuldades “e os que se encontram no interior do país e, ao longo das fronteiras pior, pois chegam a ter falta de botas, roupa de frio e pas­sar privação alimentar, ao ponto de muitas vezes te­rem de recorrer de forma violenta a lavras do povo para retirar alimentos. E a Polícia não fica atrás,” afir­mou, acrescentando, “exis­tirem, actualmente, duas realidades enganadoras: a de Luanda e a do interior, onde o nível de descon­tentamento dos efectivos é elevado e nem mesmo o reforço do sector de Ensi­no Patriótico, do general Disciplina consegue esba­ter a realidade, pois o mili­tar para além de tudo tem família e esta vê agravada, com a política do governo, a sua condição económica social todos os dias”.

Para este estado de situa­ção, a alta patente consi­dera que “a corrupção e a extrema riqueza ostentada por alguns generais que têm grandes possessões de terras, minas de diamantes, poços de petróleo e empre­sas de toda ordem, enquan­to aquele que sempre esti­veram nas linhas da frente, estão cada vez mais pobres, poderão fazer com que as Forças Armadas tenham enquanto garante da sobe­rania, chamadas a intervir em nome da estabilidade do país e da paz social”.

Longe, na sua opinião, de ser um apelo a desobe­diência militar, “apenas chamo a atenção das con­sequências, do ponto de vista psicológico, que as actuais condições sociais e económicas do país e de muitos oficiais e mili­tares no activo, que são a maioria, para além daque­les nossos companheiros, que depois de desmobi­lizados, na reserva ou na reforma, são humilhados pelo Estado e Governo que serviram, muitos dando os membros mais impor­tantes ou a vida, sem uma pensão condigna, poderão vir a reagir. Temos de pen­sar seriamente, enquanto responsáveis no colectivo. Por outro lado, penso que não é com paliativos de por vezes se aumentar sa­lários e meios dos chefes que se resolvem os proble­mas. Existem muitas situa­ções incubadas e adiadas”, denunciou.

Para a fonte que temos es­tado a citar, “o comandan­te – em – chefe deixou de ter dimensão da situação real das FAA, por acreditar que a UGP lhe basta e ain­da acreditar nos informes de generais, que vivem de dinheiro para esconderem a real situação, que não é boa e nada aponta que venha melhorar nos próxi­mos tempos”.

O regime teme que possa haver uma sublevaçãoo so­cial, à qualquer momento, capaz de mobilizar alguns sectoes da Polícia Nacio­nal e Forças Armadas, de tal forma, que a Unidade da Guarda Presidencial, “na realidade um exército privado do comandante em chefe, fora do nosso controlo, nas FAA, está neste momento, a enqua­drar novos efectivos, para além de estar em perma­nente prevenção” assegu­rou ao F8, uma alta patente militar, demonstrar saber do que fala.

Os militares estão a pas­sar muitas dificuldades “e os que se encontram no interior do país e, ao longo das fronteiras pior, pois chegam a ter falta de botas, roupa de frio e pas­sar privação alimentar, ao ponto de muitas vezes te­rem de recorrer de forma violenta a lavras do povo para retirar alimentos. E a Polícia não fica atrás,” afir­mou, acrescentando, “exis­tirem, actualmente, duas realidades enganadoras: a de Luanda e a do interior, onde o nível de descon­tentamento dos efectivos é elevado e nem mesmo o reforço do sector de Ensi­no Patriótico, do general Disciplina consegue esba­ter a realidade, pois o mili­tar para além de tudo tem família e esta vê agravada, com a política do governo, a sua condição económica social todos os dias”.

Para este estado de situação, a alta patente considera que “a corrupção e a extrema ri­queza ostentada por alguns generais que têm grandes possessões de terras, minas de diamantes, poços de pe­tróleo e empresas de toda ordem, enquanto aquele que sempre estiveram nas linhas da frente, estão cada vez mais pobres, poderão fazer com que as Forças Armadas tenham enquanto garante da soberania, cha­madas a intervir em nome da estabilidade do país e da paz social”.

Longe, na sua opinião, de ser um apelo a desobe­diência militar, “apenas chamo a atenção das con­sequências, do ponto de vista psicológico, que as actuais condições sociais e económicas do país e de muitos oficiais e mili­tares no activo, que são a maioria, para além daque­les nossos companheiros, que depois de desmobi­lizados, na reserva ou na reforma, são humilhados pelo Estado e Governo que serviram, muitos dando os membros mais impor­tantes ou a vida, sem uma pensão condigna, poderão vir a reagir. Temos de pen­sar seriamente, enquanto responsáveis no colectivo. Por outro lado, penso que não é com paliativos de por vezes se aumentar sa­lários e meios dos chefes que se resolvem os proble­mas. Existem muitas situa­ções incubadas e adiadas”, denunciou.

Para a fonte que temos es­tado a citar, “o comandan­te – em – chefe deixou de ter dimensão da situação real das FAA, por acreditar que a UGP lhe basta e ain­da acreditar nos informes de generais, que vivem de dinheiro para esconderem a real situação, que não é boa e nada aponta que venha melhorar nos próxi­mos tempos”.


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