Guiné
Equatorial e São Tomé e Príncipe (STP) vão ter "muita dificuldade" em
atrair investidores pela incerteza e pelos preços baixos do petróleo
Economist
Intelligence Unit (EIU) considera que a Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe
(STP) vão ter “muita dificuldade” em atrair investidores para a anunciada Zona
Conjunta de Desenvolvimento Marítimo pela incerteza e pelos preços baixos do
petróleo.
“No atual ambiente de preços baixos do petróleo, atrair investidores
para uma área de fronteira com perspetivas incertas vai ser particularmente
difícil”, escrevem os analistas da unidade de análise económica da revista
britânica The Economist.
Numa
nota de análise enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os
peritos da EIU afirmam que “o facto de vários blocos que atravessam as
fronteiras marítimas entre os dois países já terem sido atribuídos deve
complicar ainda mais a constituição de uma zona marítima conjunta”. Em
fevereiro, o primeiro-ministro de STP fez uma visita de 24 horas à capital da
Guiné Equatorial para debater a implementação de uma zona mista de exploração
de petróleo e eventualmente a criação de uma empresa de capitais públicos
mistos para orientar a exploração conjunta, cujos termos deverão estar
definidos até final do ano. “Os detalhes do acordo ainda estão por estabelecer
e exatamente como a zona vai ser administrada também não está claro”, escrevem
os peritos da EIU. Na nota de análise, a questão de quem paga é também abordada
de forma crítica dadas as dificuldades económicas dos dois países: “a Guiné
Equatorial foi severamente atingida pelo petróleo barato e pela queda na
produção, obrigando-a a cortar na despesa pública, e São Tomé, por seu lado,
está fortemente dependente da ajuda externa e vai ter dificuldades para pagar a
sua parte na Zona”. Para exemplificar as dificuldades financeiras que prevê, a
EIU dá o exemplo da Zona de Desenvolvimento Conjunto criada em 2011 com a
Nigéria, dizendo que é a maior economia africana quem tem pago a maior parte
das contas, e lembrando também que “o entusiasmo inicial” das grandes
companhias petrolíferas foi temperado com a falta de resultados. “Desde 2007,
várias companhias petrolíferas optaram por abandonar a Zona e o seu futuro como
uma região produtora de petróleo é incerto”, lê-se na nota enviada aos
investidores. “As perspetivas de petróleo no local onde a zona conjunta entre
STP e Guiné Equatorial seria implementada são também incertas”, acrescentam,
concluindo que “os blocos de petróleo da GE em funcionamento são um bocado
longe da noza zona, e a pouca atividade de exploração na zona económica
exclusiva de STP, compreendendo principalmente análises sismológicas e exercícios
do género, ainda não indicou a presença de blocos petrolíferos”.
Lusa,
em Dinheiro Vivo
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