terça-feira, 15 de março de 2016

Três mortos em ataques da Renamo na semana passada no centro de Moçambique - polícia



Três pessoas morreram e outras 23 ficaram feridas na sequência de oito ataques de supostos homens armados da Renamo na semana passada no centro de Moçambique, informou hoje a Polícia moçambicana.

"No total, entre os dias 5 e 11, nós registamos oito ataques de homens da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], que causaram três mortes", disse o porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina, falando durante uma conferência de imprensa de balanço semanal da atividade policial em Maputo.

De acordo com o porta-voz do Comando Geral da PRM, os incidentes foram registados nas províncias da Zambézia, Manica e Sofala, centro de Moçambique, e deixaram, além de vítimas, que incluem uma criança de três anos, danos avultados.

"É uma situação triste e que merece o repúdio de todas as forças da sociedade", afirmou o porta-voz da polícia moçambicana.

Além de escoltar viaturas no troço entre Muxúnguè e o rio Save, na principal estrada que liga o sul e o centro ao norte de Moçambique, de acordo com Inácio Dina, as forças de defesa e segurança estão a posicionar-se nos considerados "pontos negros", locais que têm registado com frequência incidentes envolvendo os homens armados da Renamo.

"Nós estamos posicionados nestes pontos para assegurar que as pessoas circulem à vontade, garantindo a sua segurança contra estas ações criminosas", afirmou o porta-voz da PRM, avançando, sem mais detalhes, que já há pessoas detidas em conexão com estes ataques.

Na manhã de segunda-feira, três pessoas ficaram feridas num novo ataque de homens armados a uma coluna escoltada pelo exército no troço Save-Muxúnguè, Sofala, centro de Moçambique, e várias viaturas sofreram danos, disseram testemunhas à agência Lusa.

O ataque ocorreu a escassos quilómetros de Muxúnguè, quando um grupo de homens armados disparou e dividiu a primeira coluna, que fazia o trajeto Muxúnguè-Save, relatou uma testemunha.

"Tínhamos andado pouco depois que saímos de Muxúnguè, e de repente os caros pararam, afinal estavam a ser metralhados. A coluna ficou dividida. O carro blindado da escolta seguiu com parte dos carros e mais tarde voltou para pegar a outra metade", contou à Lusa.

A instabilidade em Moçambique tem vindo a deteriorar-se, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios de dirigentes políticos, além do registo de milhares de pessoas da província de Tete em fuga para o vizinho Malaui.

A polícia atribui ao braço armado da Renamo vários ataques a tiro nas últimas semanas nas principais estradas das províncias de Sofala, Manica e Zambézia, uma acusação que o maior partido de oposição nunca desmentiu.

O agravamento da crise política e militar levou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, a dirigir uma carta convite ao líder da Renamo para a retoma do diálogo, mas Afonso Dhlakama condicionou as conversações à presença da mediação do Governo da África do Sul, Igreja Católica e União Europeia.

A Renamo ameaça tomar o poder, a partir de março, em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

EYAC (PMA/AYAC) // VM - Lusa

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