A
Novo Macau, a maior associação pró-democracia do território, acusa o líder do
Governo local de "fraca integridade" e alegada corrupção pela
atribuição de um apoio a uma universidade da China continental e pede a sua
demissão.
As
acusações, que o executivo já rejeitou, constam de uma petição colocada
'online' no sábado à noite e hoje apresentada numa conferência de imprensa pela
Associação Novo Macau.
Em
causa está a atribuição, através da Fundação Macau, de um apoio de 100 milhões
de yuan (13,5 milhões de euros) à Universidade de Jinan.
A
associação diz que a aprovação deste apoio foi feita sem conhecimento público e
sublinha que o chefe do Governo de Macau, Fernando Chui Sai On, preside ao
Conselho de Curadores da Fundação e é, em simultâneo, vice-presidente do
Conselho Geral da Universidade de Jinan.
Para
a Associação Novo Macau, Chui Sai On está, "sem dúvida, envolvido num
conflito de interesses".
A
associação apela para a assinatura, até segunda-feira, da petição que pede a demissão
do chefe do executivo pela sua "fraca integridade e alegado envolvimento
em corrupção" e promete novas ações se não houver resposta por parte do
Governo.
Ainda
antes de se conhecer o teor da petição da associação, o Governo de Macau emitiu
um comunicado sobre esta questão, para esclarecer "rumores e acusações no
seio da sociedade".
"O
chefe do executivo foi convidado para desempenhar as funções de vice-presidente
do Conselho Geral da Universidade de Jinan, não recebendo qualquer remuneração
ou interesses, pelo que não existe tráfico de influências, tal como tem sido
acusado", lê-se no texto.
Segundo
a mesma nota, o apoio atribuído à universidade é para construir um edifício
para o ensino na área da comunicação social no campus de Cantão e duas residências
para estudantes de Hong Kong e Macau no campus de Panyu.
"Estas
são instalações que beneficiam os estudantes locais, por isso, o Governo de
Macau espera poder contribuir para o crescimento e o fortalecimento desses
jovens, que após conclusão dos cursos, regressam e participam no
desenvolvimento da Região Administrativa Especial de Macau", acrescenta.
O
Governo diz ainda que Macau "registou um desenvolvimento acelerado"
desde 1999, quando a administração do território passou de Portugal para a
China, e, "por isso, retribuir à pátria e contribuir para o
desenvolvimento e educação do país é de facto um dever de Macau".
O
executivo garante, por outro lado, que esta doação não afeta os apoios a
instituições do território.
Também
a Fundação Macau emitiu um comunicado no qual explica que desde 1999 "tem
prestado, de uma forma adequada, apoio financeiro às zonas menos desenvolvidas
do interior da China (...) para ajudar a construção das suas infraestruturas,
luta contra a miséria e desenvolvimento educativo".
"Por
outro lado, a fundação tem mantido uma estreita cooperação com as universidades
chinesas de renome" e a Universidade de Jinan já formou cerca de 20.000
alunos de Macau, que beneficiam de uma "política de preferência" e
apoio por parte da instituição de ensino, nomeadamente ao nível das propinas e
beneficiando de bolsas de estudo.
A
fundação garante ainda que "todos os procedimentos sobre a concessão de
subsídios da Fundação Macau foram devidamente cumpridos" neste caso.
MP
// CSJ - Lusa
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