Empresa
subcontratada pela Vale Moçambique e suspeita de ser ilegal “maltrata”
trabalhadores em Nampula
Mais
de 100 trabalhadores da Stenconfer Moçambique Lda, uma empresa de capitais
portugueses, subcontratada pela Vale Moçambique, queixam-se de auferir salários
precários enquanto o patronato remunera da melhor forma a funcionários
estrangeiros. O director da firma em alusão, suspeita de não estar registada
pela Direcção Provincial de Trabalho em Nampula, não se pronuncia sobre as
reclamações da massa laboral, mas deixa transparecer que o pagamento de baixos
vencimentos tem a ver com o facto de a sua companhia disponibilizar alimentação
e assistência médica e medicamentosa.
A
Stenconfer Moçambique Lda destina-se à montagem de novas agulhas electrónicas
ao longo da linha férrea que liga o terminal de Nacala-a-Velha (Nampula) à
Muatize (Tete). Os funcionários moçambicanos estão deveras de costas voltadas
com esta empresa por supostas injustiças. Eles queixam-se ainda de não auferir
o subsídio referente a horas extraordinárias e deslocações fora dos seus postos
de trabalho.
Alguns
técnicos moçambicanos que fazem o trabalho acima referido auferem entre 4.500 e
7.000 meticais, contra 40 mil e 70 mil meticais pagos a trabalhadores
portugueses, acrescidos de 2.500 euros. O que mais agasta os empregados
nacionais é que eles é supostamente instruíram os estrangeiros.
“Existem
também alguns colegas que são motoristas mas que nunca são pagos por este
trabalho. Não recebemos horas extraordinárias referentes aos sábados e
domingos, que somos forçados a trabalhar, alegadamente porque as tarefas assim
exigem. Não há ajudas de custo, uma vez que trabalhamos fora dos locais para os
quais fomos contratados. Tentámos, por inúmeras vezes, negociar com a direcção
mas recusa resolver esta situação”, lamentou um dos empregados.
Os
lesados acusam igualmente a Stenconfer Moçambique Lda de viciar os resultados
das análises laboratoriais feitas numa clínica privada contratada para prestar
assistências aos funcionários em caso de doenças. Tal situação visa não pagar
pelos medicamentos.
Sobre
este assunto, o @Verdade ouviu director-geral daquela firma, João da Silva.
Este declinou todas alegações apresentadas pela massa laboral, justificando que
os trabalhos realizados aos fins-de-semana visam que os funcionários aumentem
as suas remunerações através de horas extras.
“Os
salários são pagos em função da evolução profissional de cada trabalhador. Nós
oferecemos alimentação e os valores referentes a horas extras são pagos com os
salários. Para além de assistência médica, todos os trabalhadores têm um kit
para primeiros socorros”, disse o dirigente, sem no entanto se pronunciar-se
sobre as disparidades salariais entre os moçambicanos e estrangeiros.
Por
seu turno, Astante Ossufo, inspector-chefe na Direcção Provincial de Trabalho
em Nampula, disse que a Stenconfer Moçambique Lda não consta dos registos desta
instituição do Estado, o que abre espaço para que se pense que opera
legalmente. Ele prometeu apurar a situação.
João Paulino - @Verdade
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