Durão
tem razão quando reclama por justiça: a sua carreira ao serviço da finança já
começou há longos anos e nunca ninguém se queixou quando era presidente da
Comissão Europeia. Pelo contrário!
AbrilAbril,
editorial
Já
muito se escreveu sobre a contratação de Durão Barroso como o novo cromo
político da Goldman Sachs. A sua «ascensão ao Olimpo»
do dinheiro nada tem de novo: segue as pisadas de tantos outros que transitaram
entre as instituições europeias e a sombria instituição financeira, de Carlos
Moedas a Mario Draghi.
Quando
Durão e os seus mais acérrimos defensores clamam por justiça para com o pobre
português que tenta fazer pela vida, numa coisa têm razão. Ele está a ser
discriminado.
O
problema é que a discriminação não se explica só pelos outros que, antes dele,
palmilharam a estrada entre a política e a finança. A verdade, por indizível
que seja para os responsáveis europeus, é que a única coisa que mudou nas
últimas semanas foi o contrato estar assinado. Durão sempre foi um fiel lacaio
dos grandes grupos económicos.
Um
trabalho recente do Público mostra lembra como a Goldman Sachs foi chamada para ajudar a privatizar o sector
energético, enquanto Durão foi primeiro-ministro, assim como a proximidade nos anos de Durão, presidente da Comissão
Europeia. O homem defende-se: «eu tinha encontros com muita gente, não foi
por ter feito algum favor especial que os meus patrões me contrataram».
De
facto, olhando para os seus dois anos como primeiro-ministro e para os seus dez
anos como presidente da Comissão, ele foi um agente do capital transnacional e
dos grandes grupos económicos e financeiros, que a Goldman Sachs tão bem
representa. A coroação de Barroso no mundo da finança mais não é que um justo
reconhecimento dos seus serviços que, aliás, começaram bem antes da sua chegada
a São Bento.
Muitos
dos que hoje se indignam com a contratação são os mesmo que o ajudaram no seu
percurso, o elogiaram e acompanharam no caminho de aprofundamento das
imposições europeias.
Durão
tem razão para reclamar a retirada dos privilégios de ex-presidente da Comissão
em Bruxelas para ser tratado como um lobista. É que, se alguma coisa o fez
chegar ao topo da hierarquia europeia, foi a sua capacidade para influenciar a
política em favor da finança. Não é por agora ter passado isso a contrato que
Durão mudou: foi como que uma medalha pelo tempo de serviço.
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