Pelo
menos 30 pessoas morreram de malnutrição na província do Moxico (Angola)
durante o ano de 2016, o que significa (a verdade aguarda confirmação via
“ordens superiores”) um aumento de 21 casos face a 2015, de acordo com números
hoje revelados.
Ainformação
resulta do relatório anual do Hospital Geral do Moxico, na cidade de Luena, que
contabilizou 144 casos de malnutrição que passaram por aquela unidade no último
ano.
Mas
será isso possível no reino de sua majestade José Eduardo dos Santos? O
relatório deve ter sido elaborado por alguém da oposição, por algum grupo que
quer levar a efeito um golpe de Estado, por alguma seita que atenta contra a
segurança do país. Só pode. Morrer de malnutrição em Angola? Não pode ser…
O
desmame precoce é apontado como principal causa da malnutrição no caso das
crianças daquela província, mas o problema afecta praticamente todo o país,
sobretudo a região sul, devido à seca prolongada.
Algumas
comunidades rurais do Cunene e da Huíla tinham no final de Setembro reservas de
comida para menos de seis semanas e 400.000 pessoas precisavam de alimentos e
assistência, segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para
Desenvolvimento (PNUD).
De
acordo com o documento, relativo à seca que afecta o sul do país há vários anos
e que analisa o período entre 13 de Agosto e 13 de Setembro, a falta de água e
a necessidade das comunidades de procurarem outros pastos para os animais está
a aumentar fortemente as taxas de abandono escolar na região.
A
situação de seca prolongada, relacionada com o fenómeno “El Niño”, afecta
actualmente, segundo o PNUD, cerca de 1,2 milhões de pessoas no sul de Angola,
nomeadamente pelo défice de 40% na produção agrícola esperada para este ano,
motivando fortes aumentos nas taxas de malnutrição severa, que chegam aos 5%
nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
Além
da seca prolongada, o relatório daquela agência das Nações Unidas reconhece os
efeitos também da crise que atinge mais de 20 milhões de pessoas e que, com
poucas variantes, é a mês há 41 anos.
As
falsidades dos opositores…
Sem
prévia autorização do regime angolano (o que constitui gravosa matéria de facto
indiciadora de desrespeito pelas instituições) o Índice Global da Fome 2016,
elaborado pelo Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas
Alimentares (IFPRI), diz que Angola está na lista dos 50 países com as taxas
mais alarmantes de fome.
(Fome:
Falta de nutrição, carência alimentar penúria, míngua, miséria)
Contrariando
todos os dados em poder do Governo de José Eduardo dos Santos, que contrariam
totalmente os divulgados pelo IFPRI, o relatório garante que Angola é o País
Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) onde a população mais sofre por
causa da fome.
Até
aqui nada de novo, ou não fosse conhecido que Angola é um dos países mais
corruptos do mundo, é um dos países com piores práticas democráticas, é um país
com enormes assimetrias sociais e é igualmente o país com o maior índice de
mortalidade infantil do mundo.
É
claro que Angola não é caso único. Também Moçambique e Guiné-Bissau registam
altos índices de fome.
Para
atingir a meta de Fome Zero até o ano de 2030 em todo o mundo, estipulada pelos
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas, o relatório aponta
que é preciso criar estratégias de acção para acelerar o combate à fome nas
regiões mais afectadas por este mal, nomeadamente África Austral e sul da Ásia.
No
caso de Angola, segundo as previsões dos mais eloquentes e assertivos peritos
do regime, para que isso aconteça é necessário que o MPLA junto aos 41 anos que
já leva de poder aí mais uns 59 anos.
Em
termos gerais, o relatório apontou uma redução de 29% da fome no mundo desde o
ano 2000. De acordo com a presidente da ONG alemã Welthungerhilfe, Bärbel
Dieckmann, esta redução tem a ver com o trabalho realizado pelos Governos e
seus parceiros nos últimos anos.
“Há
Governos que assumem as responsabilidades dos problemas que os seus povos
enfrentam. E há países que investem em educação, e trabalham juntos com outros
parceiros para, de fato, fazer alguma diferença”, referiu Dieckmann.
Apesar
da redução de 29%, pelo menos 795 milhões de pessoas ainda sofrem com a falta
de alimentos no planeta. Segundo a presidente da Welthungerhilfe, é preciso
investir, principalmente, na agricultura.
“A
nossa reivindicação principal é o investimento em agricultura, pois assim as
pessoas conseguem produzir o suficiente para elas e suas famílias”, destaca
Dieckmann.
A
miragem da Fome Zero
Em
termos absolutos, a África Austral apresentou grandes melhorias entre os anos
2000 e 2016, com uma redução de 14,3% no Índice Global da Fome. No entanto, as
taxas ainda são baixas para atingir o objectivo de Fome Zero até 2030.
Segundo
o relatório, citando a África Austral e o sul da Ásia, “se essas regiões
tivessem que reduzir o nível da fome entre 2016 e 2030 com a mesma velocidade
que vêm experienciando desde o ano 2000, elas ainda teriam os piores e mais
baixos índices, muito aquém da meta de reduzir para zero a fome até 2030”.
Entre
os 50 países com as taxas mais preocupantes no Índice Global da Fome 2016 estão
Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. Contudo, o caso angolano é o mais alarmante,
visto que o país está na décima terceira posição do índice, atrás de países
como República Centro-Africana e Etiópia. Moçambique aparece na décima quinta
posição, enquanto Guiné-Bissau na vigésima sétima. No total, o índice apresenta
dados de 118 países.
Sua
majestade o rei José Eduardo dos Santos terá já dado “ordens superiores” para
que o Instituto Nacional de Estatística apresente um estudo aprofundado e
credível que comprove que tudo isto é mentira.
O
estudo ressalta que “conflitos violentos, má governação, e impactos
relacionados com as mudanças climáticas na agricultura” são factores que
favorecem a escassez de alimentos na maioria daqueles países.
O
exemplo do Brasil
O Índice
Global da Fome 2016 coloca o Brasil como “exemplo” no combate ao problema. O
relatório cita os programas de protecção social aplicados nos últimos anos como
modelos para outros países. A organização, porém, alerta que a crise económica
e política podem representar uma ameaça à evolução brasileira no combate à fome.
“A
expansão efectiva de programas de protecção social e de intervenção na nutrição
levou a uma dramática queda na pobreza, fome e desnutrição no Brasil”, afirma o
relatório, publicado em Bruxelas.
Actualmente,
1,6% da população brasileira passa fome e o índice de mortalidade entre os
menores de cinco anos é também de 1,6% – o que resulta num índice inferior a 5
pontos, de acordo com os critérios do IFPRI. Em 2001 a fome afectava 12,3% dos
brasileiros e 3,2% das crianças morriam antes de completar cinco anos, segundo
dados da organização.
Para
os pesquisadores, “esse tipo de experiência de estratégias baseadas na
protecção social no Brasil ou na agricultura familiar na China oferece modelos
que podem ser adaptados e reproduzidos por outros países”.
“Com
a crise económica e política que o Brasil enfrenta actualmente, os programas
públicos podem não ser mantidos e a tendência positiva na redução da pobreza e
da desnutrição poderá reverter-se”, afirmou Andrea Sonntag, uma das autoras do
relatório, em entrevista à BBC.
O
Brasil figura entre os 16 países que dividem a melhor posição no Índice Global
da Fome 2016, juntamente com Argentina, Chile, Costa Rica e Cuba. Todos têm
índices inferiores a 5 pontos, comparado a uma média global de 21.3 pontos.
Folha 8 com Lusa
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