Instituição,
presidida por Henrique Meirelles, é acusada de corromper agentes da Receita
para sonegar R$ 509 milhões em impostos. Nenhum destaque nos jornais — talvez
para proteger o comandante da agenda de retrocessos
Altamiro
Borges, em seu blog | Outras Palavras, em Outras Mídias*
No
último 21/7, o juiz Vallisney Oliveira acolheu a denúncia movida pelo
Ministério Público Federal no âmbito da ofuscada Operação Zelotes contra o
BankBoston, que já foi presidido por Henrique Meirelles, atual czar da economia
do covil golpista de Michel Temer. Segundo a denúncia, o poderosa instituição
internacional pagou cerca de R$ 25 milhões a uma organização criminosa para
obter vantagens em processos que tramitavam no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf). Segundo o despacho do juiz, “foram verificados
diversos atos de corrupção, gestão fraudulenta, desvio de dinheiro da
instituição financeira e lavagem de dinheiro relacionados a casos de
compensação, encerramento ou revisão de autos de infração/créditos tributários
em favor do BankBoston/Itaú, mediante a intervenção da organização criminosa”.
O escândalo não ganhou as manchetes dos
jornalões e nem foi motivo de comentários ácidos na tevê – talvez porque a
mídia privada esteja hoje totalmente associada ao setor financeiro, dependendo
dos seus empréstimos e anúncios publicitários. As poucas notinhas que saíram
sobre o caso também evitaram citar o nome de Henrique Meirelles. A
revista Época, por exemplo, até mencionou alguns dos envolvidos nesta
operação em matéria sem maior destaque postada nesta segunda-feira (24). Ela
destaca que os pagamentos das propinas “ocorreram entre 2006 e 2015,
beneficiando o grupo criminoso que atuava no Carf, composto à época de
conselheiros do próprio órgão, como José Ricardo da Silva e outros
funcionários”.
Ela
ainda registra que “o ex-diretor jurídico do BankBoston, Walcris Rosito,
tornou-se réu sob suspeita de gestão fraudulenta e desvio de recursos da
instituição financeira. O juiz Vallisney Oliveira também tornou réus outros dez
suspeitos de operarem irregularidades relacionadas ao BankBoston e seus
processos no Carf, órgão recursal para multas da Receita Federal. Em seu
despacho, Vallisney aponta que Rosito, segundo a denúncia, “seria o responsável
pelo pagamento de valores milionários com base em percentual das exonerações de
créditos tributários e, inclusive, beneficiário de parte desses valores,
lesando a instituição bancária, o Fisco e o sistema financeiro”. Nenhuma
lembrança de que Henrique Meirelles presidiu o BankBoston!
Já
o jornalista Rubens Valente, autor do imperdível livro Operação Banqueiro,
revela na Folha que o esquema mafioso “teria causado prejuízo de R$
509 milhões à União, valor relativo a autuações da Receita que deixou de ser
recolhido pelo banco”. Ele lembra que “operando no Brasil desde os anos 40, o
BankBoston teve as suas operações compradas em 2006 pelo Banco Itaú, que dois
anos depois incorporou o Unibanco, formando o atual Itaú Unibanco”. Apesar
deste histórico, ele também evita citar Henrique Meirelles. Vale lembrar que o
atual ministro da Fazenda não foi um mero funcionário do banco – que agora foi
pego com a boca na botija, mas que já deve ter cometido vários outros crimes
financeiros. Basta um clique no Wikipédia:
“Sua
carreira se iniciou em 1974 no BankBoston onde trabalhou por 28 anos com atuação
nacional e internacional. Em 1984, por indicação de um membro do conselho do
BankBoston, Meirelles cursou o Advanced Management Program (AMP) pela Harvard
Business School, um curso que prepara executivos que assumirão a presidência de
grandes corporações… Em junho do mesmo ano, com seu retorno ao Brasil,
Meirelles foi nomeado presidente do BankBoston no país, cargo que ocupou por 12
anos. Em 1996, Meirelles mudou-se para Boston, nos Estados Unidos, e assumiu o
cargo de Presidente e COO do BankBoston mundial. Ele ocupou o cargo até 1999.
Em 1999, o BankBoston Corp fundiu-se com o Fleet Financial Group formando o
Fleet Boston Financial onde assumiu a presidência”.
*O
Outras Mídias é uma seleção de textos publicados nas mídias livres, que Outras Palavras republica. Suas
sugestões podem ser enviada para caue@outraspalavras.net
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