Na
primeira viagem à região de Horst Köhler, novo enviado especial das Nações
Unidas para o Saara Ocidental, os saarauís deixaram claro que Marrocos tem de
respeitar o Direito Internacional e insistiram na realização do referendo sobre
a autodeterminação
A
primeira viagem aos campos de refugiados saarauís do novo enviado especial da
ONU para o território, nomeado a 8 de Setembro último, está a gerar
expectativas sobre a realização do referendo de autodeterminação que a
população do Saara Ocidental exige, revela a Prensa Latina.
«Espero
que a visita pressione o secretário-general, António Guterres, e o Conselho de
Segurança [das Nações Unidas] no sentido de se fixar uma data para a celebração
da consulta sobre a nossa independência», disse, na quarta-feira, o ministro de
Estado saarauí, Rachid Mostafa Sayed.
Por
seu lado, o presidente do Parlamento saarauí, Khatri Edouh, declarou que «as
Nações Unidas deviam forçar Marrocos a respeitar o Direito internacional e a
legalidade internacional no que se refere à questão saarauí».
«Trata-se
da base para relançar as negociações de paz, estancadas desde 2012, e para o
êxito da missão de Köhler relativamente à organização do referendo de
autodeterminação no Saara Ocidental», disse Edouh após uma reunião com o
enviado especial.
Edouh
expressou a inteira disponibilidade dos representantes saarauís para cooperar
com Köhler, «com base no princípio de que a questão saarauí é um processo de
descolonização e um território cujo estatuto pós-colonial nunca foi definido»,
noticia o Sahara Press Service.
Repressão,
saque e negociações
Depois
de se reunir com líderes da Frente Polisário, braço político e armado da
República Árabe Saarauí Democrática (RASD), o enviado do secretário-geral das
Nações Unidas, que está a realizar uma visita de dois dias aos campos de
refugiados, mostrou-se ainda disponível para ouvir o governo deste país - o que
se veio a concretizar ontem, num encontro com o presidente da RASD, Brahim
Ghali.
No
primeiro dia da visita, Horst Köhler reuniu-se com representantes da sociedade
civil, na sede da associação de familiares de prisioneiros e desaparecidos
saarauís, que lhe manifestaram a sua «preocupação com a situação nos
territórios ocupados», a começar com a dos desaparecidos e presos políticos e,
em particular, com os do grupo de Gdeim Izik.
Abordaram
ainda questões como a intensa repressão que a população saarauí sofre às mãos
das autoridades marroquinas, «por se manifestar de forma pacífica ou exigir ou
direito à autodeterminação», e o «saque dos recursos naturais do Saara
Ocidental por parte de Marrocos», indica o Sahara Press Service.
A
viagem de Köhler abrange também o lado marroquino, sendo sua intenção, como
expressou à chegada aos campos de refugiados, na quarta-feira, «ouvir ambas as
partes, para compreender melhor os problemas e fazer uma avaliação pessoal». O
objectivo da viagem é, em última análise, relançar as negociações entre as
partes.
Pravda.ru
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