João
Carlos Lopes Pereira [*]
Os
meus meninos de Gaza não existem.
Não existem.
Não existem.
Não têm sangue, nem pernas,
nem carrinhos de bebé.
nem olhos, riso ou sandálias. Nem orelhas.
Nem brinquedos. Nem calções,
nem jardins, nem casas onde dormir,
nem pais, avós ou irmãos.
Nem chão, nem água, nem flores,
nem língua, lábios, nariz, mamilos, berço ou lençóis.
Nem têm lápis de cor. Nem manhãs. Nem amanhãs.
Como não tiveram ontens.
Não têm coisa nenhuma porque, afinal, não existem.
Os meus meninos de Gaza
já foram solucionados pelos homens do Sião.
E nem foi preciso gás. Nem fornos de cremação.
[*] Jornalista.
Este poema encontra-se em http://resistir.info/
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