Díli, 08 dez (Lusa) - Os gastos
operacionais e de capital com a exploração do poço Bayu Undan no Mar de Timor
representaram benefícios para a Austrália de mais de 15 mil milhões de dólares
desde o arranque do projeto, segundo o regulador timorense.
As contas de "impacto
económico", que não incluem os benefícios com impostos, foram divulgadas
hoje pelo presidente da Autoridade Nacional de Petróleo e Minerais (ANPM),
Gualdino da Silva num seminário sobre o Mar de Timor em Díli.
"Setenta e um por cento dos
custos de capital e 81% dos custos operacionais beneficiaram a Austrália",
explicou.
"A análise concluiu que até
ao final do contrato do Bayu Undan a Austrália terá benefícios com despesas de
capital e operacionais de mais de 15 mil milhões de dólares", explicou.
Os benefícios em gastos
operacionais e de capital devem-se diretamente, segundo a ANPM, ao facto de a
exploração dos campos de Bayun Undan ser feita com recurso a um gasoduto até
Darwin (mais de 500
quilómetros ) em vez de até Timor-Leste (a cerca de 250 quilómetros ).
"Mais de 90% do fornecimento
de bens e serviços para as operações no Bayu Undam e os impostos associados
foram para a Austrália", afirmou Silva.
Numa apresentação em que,
pontualmente, foi 'ajudado' com intervenções de Xanana Gusmão, negociador
principal para os assuntos do Mar de Timor, Gualdino da Silva recordou que o
projeto traduz-se numa ampla gama de benefícios par ao país vizinho, apesar do
Bayun Undan estar em águas timorenses.
O poço, recorde-se, está na Joint
Petroleum Development Area (JPDA) que correspondia à região do Mar de Timor
onde havia disputa sobre fronteiras entre Timor-Leste e a Austrália e que era,
como tal, gerida conjuntamente.
Timor-Leste sempre reivindicou
essa zona como parte das suas águas territoriais, aspeto que se confirmou com a
assinatura a 06 de março do novo tratado de delimitação de fronteiras
permanentes entre os dois países.
O responsável da ANPM explicou
que os campos de Bayu Undam já representaram para Timor-Leste receitas de 20,5
mil milhões de dólares até ao final de 2017, estimando-se que até ao final da
vida do projeto (em 2002) se somem mais cerca de dois mil milhões.
Este total de 22,49 milhões de
dólares inclui royalties, lucros e impostos.
Já no que toca a custos de
capital, as contas da ANMP referem que totalizaram cerca de 3,5 mil milhões até
final de 2017, alcançando cerca de 3,8 mil milhões até ao final do projeto,
incluindo o custo de desmantelamento.
O total das despesas operacionais
foi de 8,27 mil milhões de dólares até final do ano passado e será de 9,49 mil
milhões até ao final da vida do Bayu Undan e as despesas downstream foram de
4,86 mil milhões de dólares até ao fim de 2017 e serão de 6,36 mil milhões até
ao final de 2021.
O responsável da ANPM falava num
"Seminário nacional sobre assuntos relacionados com Fronteiras Marítimas e
o seu impacto sobre atividades petrolíferas" para que foram convidados todos
os membros do Governo, diretores-gerais, diretores nacionais e responsáveis das
autoridades municipais.
O encontro decorre com a
presença, entre outros, do primeiro-ministro Taur Matan Ruak, do presidente do
Parlamento Nacional, Arão Noé Amaral, do presidente do Tribunal de Recurso,
Deolindo dos Santos, de vários membros do Governo, deputados e outros
dirigentes nacionais.
O corpo diplomático "não foi
convidado" visto tratar-se de um seminário "nacional", explicou
à Lusa uma fonte do Gabinete de Fronteiras Marítimas.
ASP//MIM | Na foto: Gualdino da Silva
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