domingo, 9 de dezembro de 2018

Poço Bayun Undan no Mar de Timor deu à Austrália benefícios de 15 mil milhões de dólares -- regulador


Díli, 08 dez (Lusa) - Os gastos operacionais e de capital com a exploração do poço Bayu Undan no Mar de Timor representaram benefícios para a Austrália de mais de 15 mil milhões de dólares desde o arranque do projeto, segundo o regulador timorense.

As contas de "impacto económico", que não incluem os benefícios com impostos, foram divulgadas hoje pelo presidente da Autoridade Nacional de Petróleo e Minerais (ANPM), Gualdino da Silva num seminário sobre o Mar de Timor em Díli.

"Setenta e um por cento dos custos de capital e 81% dos custos operacionais beneficiaram a Austrália", explicou.

"A análise concluiu que até ao final do contrato do Bayu Undan a Austrália terá benefícios com despesas de capital e operacionais de mais de 15 mil milhões de dólares", explicou.

Os benefícios em gastos operacionais e de capital devem-se diretamente, segundo a ANPM, ao facto de a exploração dos campos de Bayun Undan ser feita com recurso a um gasoduto até Darwin (mais de 500 quilómetros) em vez de até Timor-Leste (a cerca de 250 quilómetros).

"Mais de 90% do fornecimento de bens e serviços para as operações no Bayu Undam e os impostos associados foram para a Austrália", afirmou Silva.

Numa apresentação em que, pontualmente, foi 'ajudado' com intervenções de Xanana Gusmão, negociador principal para os assuntos do Mar de Timor, Gualdino da Silva recordou que o projeto traduz-se numa ampla gama de benefícios par ao país vizinho, apesar do Bayun Undan estar em águas timorenses.

O poço, recorde-se, está na Joint Petroleum Development Area (JPDA) que correspondia à região do Mar de Timor onde havia disputa sobre fronteiras entre Timor-Leste e a Austrália e que era, como tal, gerida conjuntamente.

Timor-Leste sempre reivindicou essa zona como parte das suas águas territoriais, aspeto que se confirmou com a assinatura a 06 de março do novo tratado de delimitação de fronteiras permanentes entre os dois países.

O responsável da ANPM explicou que os campos de Bayu Undam já representaram para Timor-Leste receitas de 20,5 mil milhões de dólares até ao final de 2017, estimando-se que até ao final da vida do projeto (em 2002) se somem mais cerca de dois mil milhões.

Este total de 22,49 milhões de dólares inclui royalties, lucros e impostos.

Já no que toca a custos de capital, as contas da ANMP referem que totalizaram cerca de 3,5 mil milhões até final de 2017, alcançando cerca de 3,8 mil milhões até ao final do projeto, incluindo o custo de desmantelamento.

O total das despesas operacionais foi de 8,27 mil milhões de dólares até final do ano passado e será de 9,49 mil milhões até ao final da vida do Bayu Undan e as despesas downstream foram de 4,86 mil milhões de dólares até ao fim de 2017 e serão de 6,36 mil milhões até ao final de 2021.

O responsável da ANPM falava num "Seminário nacional sobre assuntos relacionados com Fronteiras Marítimas e o seu impacto sobre atividades petrolíferas" para que foram convidados todos os membros do Governo, diretores-gerais, diretores nacionais e responsáveis das autoridades municipais.

O encontro decorre com a presença, entre outros, do primeiro-ministro Taur Matan Ruak, do presidente do Parlamento Nacional, Arão Noé Amaral, do presidente do Tribunal de Recurso, Deolindo dos Santos, de vários membros do Governo, deputados e outros dirigentes nacionais.

O corpo diplomático "não foi convidado" visto tratar-se de um seminário "nacional", explicou à Lusa uma fonte do Gabinete de Fronteiras Marítimas.

ASP//MIM | Na foto: Gualdino da Silva

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