quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Portugal | Um ano de verdade


Vítor Santos | Jornal de Notícias | opinião

A natureza transcendente da entrada de um novo ano até pode fazer sentido. Mas o momento surge sempre associado a mudanças de hábitos menos bons, depressa transformas em apostas quiméricos que caem no esquecimento, à espera do próximo 1 de janeiro, ao ponto de fazerem mais sentido como decisões de 1 de abril.

Quando o tema é Portugal, a sociedade, a atualidade política, torna-se mais aconselhável mantermo-nos atentos ao que se passou em 2018 e reforçarmos a vigilância - no meio das 12 passas às 12 badaladas, o desejo é o de não repetir.

Arrancámos com esperança, pensávamos que o pior já tinha passado, depois das terríveis consequências dos incêndios de 2017, mas a tendência para a irresponsabilidade nos organismos públicos manteve-se, muitos problemas - na saúde, na educação e na proteção civil, só para citar alguns setores - agudizaram-se e, como bem assinalava o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nas páginas do Jornal de Notícias, o clima de campanha eleitoral instalou-se muito cedo no país. Neste quadro, não repetir 2018 será, portanto, um desejo prudente para 2019. De olho no passado, bem sei, mas se chegássemos ao próximo dezembro com o problema dos professores e dos enfermeiros resolvido ou sem precisarmos de corar de vergonha com situações como a da falta de condições da Pediatria do Hospital de S. João, seguramente poderíamos fazer um balanço bem melhor.

Claro está, tudo vai depender, em boa medida, dos políticos. Se continuarem a acelerar em ritmo de campanha eleitoral, podemos contar com mais despistes, seguidos de aproveitamento e desorientação.

O melhor mesmo é percorrerem o caminho até à resolução dos problemas com verdade, sem olhar para as eleições, porque a mentira tem perna curta e o ano é longo. Qualquer tropeção pode ser irreparável.

*Editor-executivo

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