terça-feira, 7 de abril de 2020

Portugal | É tão fácil Marcelo bater em Rio


Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

O que incomoda tanto em Rui Rio que está sempre a empurrar Marcelo para a oposição ao líder da oposição? Se Rio não faz é porque não faz, se faz é porque não devia fazer. E se o líder do PSD diz qualquer coisa que fique nos ouvidos dos portugueses, lá tem o presidente que aparecer a comentar.

A atração mais recente diz respeito à Banca. Rio disse no Parlamento que seria "uma vergonha e uma ingratidão" se os bancos tivessem lucros avultados este ano e no próximo, recordando que "a Banca deve muito, mesmo muito a todos os portugueses" e que se "impõe que agora ajude".

Em crise será difícil que tenham lucros, mas é sempre melhor avisar para não defenderem ao máximo os acionistas, preocupando-se ao mínimo com os contribuintes. Na sequência, o que se lembrou Marcelo de comentar? Que era "muito fácil bater nos bancos".

Os tais bancos que nos levaram milhares de milhões de euros e que, não tivesse chegado a Covid-19, já iam distribuir milhões aos acionistas, sem que houvesse levantamento de rancho. Ou seja, é mais fácil Marcelo bater em Rio do que quem quer que seja bater nos bancos.

A semana passada foi por causa do governo de salvação nacional. Depois de Rio ter dito que o assunto não se colocava nesta altura, lá acabou por dizer que esse governo haverá de aparecer mais à frente, deixando claro que até pode ser este que já existe.

Ou seja, a característica de ser de salvação nacional prende-se mais com a situação altamente critica que vivemos do que com a composição político-partidária desse governo. A Comunicação Social, viciada em polémicas, entendeu as palavras de Rio como estando a fazer-se a um lugar, e Marcelo, tão zeloso no comentário, também foi atrás do diz-que-diz.

Marcelo Rebelo de Sousa arrisca mesmo perder pau e bola. Sempre muito atencioso com o governo, tentando seduzir um eleitorado que anda insistentemente à procura de um candidato que não o obrigue a votar à direita, onde coloca Marcelo. E sempre muito disponível para deixar órfão uma parte do eleitorado de Direita que, sem eutanásia nem regionalização, pouco tem para se identificar com o presidente.

*Jornalista

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