terça-feira, 31 de março de 2020

Como os “cisnes negros” estão a moldar o pânico no planeta



«A equação aponta agora para uma confluência de Wall Street em pânico; histeria Covid-19 massiva; persistentes e inumeráveis abalos secundários resultantes da balbúrdia comercial global do presidente Donald Trump; o circo eleitoral dos EUA; e instabilidade política na Europa. Essas crises entrelaçadas significam Tempestade Perfeita.»

Está o planeta sob o feitiço de uma variedade de «Cisnes Negros» - um colapso de Wall Street causado por uma suposta guerra do petróleo entre a Rússia e a Casa de Saud, mais a disseminação descontrolada do Covid-19 - levando a um “pandemónio de cruzamento de activos”, como o designou Nomura, a holding japonesa?

Ou, como sugere o analista alemão Peter Spengler, seja o que for que “o evitado clímax no Estreito de Ormuz não provocou ainda até agora, pode agora suceder pela via das ‘forças de mercado’”?

Comecemos com o que realmente aconteceu depois de cinco horas de discussões relativamente educadas na última sexta-feira em Viena. Que se tenha transformado num efectivo colapso na OPEP+ foi uma reviravolta no enredo.

OPEP+ inclui Rússia, Cazaquistão e Azerbaijão. Essencialmente, depois de anos a suportar a fixação de preços pela Opep - resultado da implacável pressão dos EUA sobre a Arábia Saudita - enquanto reconstruía pacientemente as suas reservas em moeda estrangeira, Moscovo vislumbrou a janela de oportunidade perfeita para atacar, visando a indústria de xisto dos EUA.

As acções de alguns desses produtores dos EUA caíram até os 50% na “Segunda-feira Negra”. Simplesmente não podem sobreviver com um barril de petróleo nos US $ 30 - e é para aí que se está a encaminhar. No fim de contas, essas empresas estão afogadas em dívidas.

Mário Centeno alerta União Europeia para riscos de "fragmentação"


O ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo emitiu um aviso aos seus parceiros da zona euro, sobre uma potencial "fragmentação", se não houver resposta ao "choque colossal", provocado pelo covid-19.

João Francisco Guerreiro, em Bruxelas | Diário de Notícias

Mário Centeno já avisou os ministros de toda a União Europeia que deverão estar abertos à "discussão de propostas concretas, justificadas e eficazes, que possam ajudar a intensificar a resposta" da zona euro à crise do coronavírus". Uma crise da qual toda a Europa "sairá com níveis de dívida muito maiores", defende o ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo num documento interno, que fez chegar na segunda-feira ao Eurogrupo.

No texto já consultado pelo DN, Mário Centeno nunca chega a referir-se explicitamente à emissão de dívida conjunta. Mas, salienta que a União Europeia deve "estar aberta a considerar alternativas", quando os "instrumentos existentes (...) se revelam inadequados".

Com estas palavras, Mário Centeno demarca-se da posição da Comissão Europeia e de uma linha dura dentro do próprio Eurogrupo. A presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, já se opôs aos chamados coronabonds e tem vindo a defender que já estão em marcha "instrumentos" de resposta à crise do coronavírus.

Von der Leyen cita em particular a "máxima flexibilidade" em matéria de ajudas estatais, bem como a um montante de 37 mil milhões de euros, que ficou por gastar no atual quadro financeiro e será agora redirecionado para os Estados-membros da União Europeia. Outra das medidas passa pela suspensão da disciplina orçamental.

A REAÇÃO DA UE À CRISE É UM DESASTRE EM CURSO


Ricardo Paes Mamede | Diário de Notícias | opinião

Não venho falar da decisão de alguns países de proibirem a exportação de equipamentos essenciais para conter a propagação do vírus noutros Estados membros. Nem da gafe monumental da presidente do Banco Central Europeu. Nem do "discurso repugnante" do ministro das Finanças holandês. Nem da dificuldade em decidir em tempo útil sobre a emissão de dívida conjunta. A incapacidade da UE para lidar com os impactos económicos do covid-19 estão para lá da falta de qualidade dos líderes ou da enésima expressão dos egoísmos nacionais a que a UE nos habituou na última década. O problema europeu é bem mais profundo do que isto. E é um desastre em curso.

Existe um modo eficaz de lidar com os problemas económicos que estão a desenvolver-se a cada dia que passa: o financiamento directo pelo banco central dos esforços nacionais de combate à crise.

Ao nível teórico, a proposta é hoje pouco polémica. É defendida tanto por marxistas e keynesianos como por neoliberais (convencidos, erradamente, de que a proposta tem por autor Milton Friedman). O principal argumento contra a monetarização dos défices públicos são os riscos de inflação, mas esse cenário é hoje pouco provável, dado o colapso da procura e do investimento a nível internacional. Os argumentos decisivos para defender esta opção passam pela rapidez com que poderia ser accionada, pela capacidade ilimitada dos bancos centrais para emitirem moeda e pela relativa facilidade em desenhar a operação de modo a evitar possíveis efeitos perversos.

No entanto, não encontramos nos comunicados oficiais da zona euro qualquer referência a esta possibilidade. Não é por acaso. A ideia é tabu e está proibida pelos tratados.

Greves e protestos alastram nos EUA com trabalhadores exigindo proteção contra covid-19


“Eles não se importam com a nossa saúde”

Jerry White | WSWS

Greves e protestos de trabalhadores exigindo proteção contra o mortal novo coronavírus ocorreram com uma frequência cada vez maior nos últimos dias. Ações nos locais de trabalho nos Estados Unidos e em outros países estão acontecendo mesmo com o governo Trump e outros governos capitalistas ao redor do mundo se apressando para retomar a produção e o fluxo dos lucros corporativos, sabendo muito bem que isso irá acelerar a propagação do novo coronavírus e aumentar o número de mortes.

“Isso é loucura”, disse Tonya, uma trabalhadora da fábrica da Fiat Chrysler de Jefferson North, em Detroit, a respeito dos comentários de Trump sobre suspender a quarentena e fazer a economia “voltar com tudo” até a Páscoa. “Não deve existir nenhuma pressa em voltar ao trabalho. Não existe cura e isso está se espalhando rapidamente e é mortal. Se voltarmos ao trabalho, estaremos com colegas que estão doentes mas não têm sintomas. Eles estariam nos enviando para a doença, se não para a morte.”

Na quarta-feira, coletores de lixo em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, iniciaram uma greve selvagem pelo medo de que colegas de trabalho pudessem ter contraído o vírus e por não possuírem equipamentos de proteção. Em um vídeo postado no Facebook, o coletor Fitzroy Moss disse que a prefeitura havia falsamente afirmado que os coletores de lixo foram “testados para o coronavírus” quando, na verdade, “eles não se importam com a nossa saúde”. O prefeito diz que o “lixo vai ser recolhido não importa o quê”, ele continuou, mas “só nos deram um pacote com quatro lenços umedecidos” e “nenhuma máscara, nenhuma luva, nada!”.

Os trabalhadores calaram e expulsaram um burocrata sindical do Teamsters, que tentou forçá-los a voltar ao trabalho. O sindicalista disse: “Mantenham o distanciamento social e façam aquela coisa dos 2 metros”, dizendo ainda aos coletores que a cidade não possuía instalações para testar trabalhadores.

“Estamos arriscando nossas vidas”, um coletor declarou a um repórter local, “se um de nós for infectado, todos nós seremos infectados”.

Cerca de 50 países pedem a Cuba o antiviral que teve êxito na China


O Centro Nacional de Biopreparados de Cuba (Biocen) anunciou que está a aumentar a produção do antiviral Interferón Alfa 2B, medicamento que mostrou ser eficaz para tratar pessoas afectadas pela Covid-19.

A directora do Biocen, Tamara Lobaina Rodríguez, afirmou que Cuba estará em condições de exportar o medicamento em grande escala a partir de meados de Abril.

«Temos de aumentar a produção de Interferón esta semana para poder cumprir com o aumento da procura e com os novos pedidos que possam chegar nos próximos dias», explicou, em declarações ao diário Granma, destacando ainda a preocupação em «garantir a qualidade do produto» que Cuba exporta «para que tenha a mesma eficácia que mostrou na China».

A especialista cubana referia-se ao êxito que o Interferón teve quando começou a ser utilizado em pacientes infectados com a Covid-19 por uma delegação de médicos cubanos que chegou à China no final de Janeiro para ajudar o país asiático, tendo sido um de cerca de 30 medicamentos então escolhidos pela Comissão Nacional de Saúde chinesa pelo seu potencial para curar a doença respiratória.

O Interferón Alfa 2b Humano Recombinante – nome completo do medicamento – foi criado por investigadores do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB) de Cuba, na segunda metade dos anos 80, e, após a sua introdução no sistema de saúde público da Ilha, mostrou ser eficaz na terapia de doenças virais como as hepatites B e C, e o HIV, entre outras.

O portal uruguaio ladiaria.com.uy refere que a escolha do Interferón pelas autoridades médicas da China para fazer frente ao novo coronavírus está relacionada com o facto de, de um modo geral, estes vírus provocarem a diminuição da produção natural de interferon (uma proteína) no organismo humano, sendo que o fármaco cubano é capaz de suprir essa deficiência, reforçando o sistema imunológico dos pacientes com Covid-19.

Em 2003, nasceu a empresa mista sino-cubana ChangHeber, com sede na cidade de Changchun (província chinesa de Jilin). Passados dez anos, foi ali inaugurada uma fábrica moderna, que actualmente fabrica uma ampla variedade de produtos biotecnológicos criados na maior ilha das Antilhas, incluindo o Interferón Alfa 2b Humano Recombinante.

AbrilAbril

Imagem: O Interferón revelou-se um medicamento eficaz no tratamento (não na cura) da Covid-19, tendo sido adoptado pelas autoridades sanitárias chinesas no combate à doença CréditosLiu Dawei / Xinhua 

FAI comemora o Dia da Terra Palestina


NA QUALIDADE DE COLABORADOR DA FAI, JUNTO-ME A TODOS OS QUE COMEMORAM O DIA DA TERRA PALESTINA E PELO DIREITO AO RETORNO DE TODAS AS PALESTINAS E PALESTINOS ÀS SUAS TERRAS!

NA QUALIDADE DE ANTIGO COMBATENTE DA LONGA LUTA CONTRA O COLONIALISMO E O “APARTHEID” EM ÁFRICA, JUNTO-ME À CONDENAÇÃO AO “APARTHEID” SIONISTA QUE EM PLENO SÉCULO XXI BLOQUEIA ESPECIALMENTE GAZA!

NA QUALIDADE DE CIDADÃO DO MUNDO E PERANTE A PANDEMIA COVID-19, JUNTO-ME A TODOS QUE SÃO PELA LIBERTAÇÃO DAS PALESTINAS E PALESTINOS PRESOS PELAS AUTORIDADES SIONISTAS DE ISRAEL POR LUTAREM PELA CAUSA JUSTA DA LIBERTAÇÃO DE SUA PÁTRIA E PELA POSSE DE SUAS TERRAS!

PELA PAZ, PELA CIVILIZAÇÃO E PELA VIDA, BASTA! -- Martinho Júnior

El FAI conmemora el Día de la Tierra Palestina

Hoy se celebra el Día de la Tierra Palestina, en que se recuerda el día de 1976 en el que los palestin@s se manifestaron para protestar contra el incremento del robo de sus tierras por parte del ente sionista Israel.

El ejército sionista israelí respondió con el abuso de su fuerza y asesinó a siete palestinos, hirió e hizo prisioneros a centenares.

En recuerdo de estos sucesos cada año, se conmemora este día con manifestaciones y protestas, exigiendo el DERECHO al RETORNO de los refugiados y palestin@s que hay fuera de Palestina y la devolución de las tierras robadas por el ente sionista de Israel.

El Frente Antiimperialista Internacionalista, con este motivo y en las circunstancias de confinamiento por la pandemia del COVID 19, desea contribuir a esta celebración y a la Campaña por el Derecho al Retorno con la emisión de esta entrevista al compañero Maged Dibsi, periodista palestino, sobre el significado de esta efeméride:

Este año, también exigimos el levantamiento del BLOQUEO a GAZA y la LIBERTAD de los PRISIONEROS PALESTIN@S en las cárceles de Israel, agravado todo ello por el riesgo de extensión de contagio del Covid-19.

Animamos a todos los amigos y simpatizantes a que emitan, a lo largo de este día, mensajes por redes sociales con los siguientes temas:

30 de Marzo de 2020 Día de la Tierra

Por el Derecho al Retorno de todas y todos los palestinos a sus tierras.

Contra la colonización y el apartheid israelí.

Rompamos el bloqueo a Gaza

O toque a finados do neoliberalismo? (2)

Michael Hudson [*] entrevistado por Ellen Brown e Walt McRee


Ellen Brown – Se nos ergueremos na nossa cátedra e apenas dissermos que isto precisa mudar, nada acontecerá. Poderíamos fazer isso nós próprios e justamente mostrar o que estamos a fazer, em contraste com o que eles fazem...

Michael Hudson – Está a pedir para haver simetria. Mas eles impõem-nos uma grande carga, que não precisam carregar. Lançam os dados a seu favor. A Ellen pretende parar o favoritismo interno. Para apresentar corretamente os bancos dentro do sistema tem de se dizer: "Olhem, essas pessoas estão a tentar manter o seu monopólio". Pode-se usar a legislação anti-monopólio que está em vigor desde a época de Teddy Roosevelt. Há muito poder legal para dividir os grandes bancos. Poderiam ser tratados como acho que poderiam tratar as empresas farmacêuticas se Bernie Sanders entrasse.

Walt McRee – Os monopólios estão a ser desafiados pelo setor bancário paralelo. Novas tecnologias de troca de pagamentos parecem estar corroendo essa fonte singular de crédito. Qual é o seu prognóstico para como isso vai evoluir? Os grandes bancos encontrarão uma maneira de o reprimir?

Michael Hudson – Estamos falar de criptomoeda?

Walt McRee – Seria um exemplo, sim.

Michael Hudson – Bem, não se pode impedir as pessoas de jogar. As pessoas pensam que comprar uma criptomoeda é como comprar uma gravura de Andy Warhol. Talvez o preço aumente se um grande número de pessoas quiser. Mas, basicamente, é lixo. É muito especulativo. Certamente não é estável. Sobe e desce. Um dia, pode haver uma erupção solar que apague todos os registos bancários dessas coisas. Mas não há como impedir que as pessoas façam algo que pareça idiotice ou jogo. Portanto, simplesmente, não se lhes dará nenhuma proteção contra perdas. Também vai ser necessário isolar a economia de ter transações em criptografia, essas coisas alternativas de dinheiro que contêm grandes riscos de perda. Não são dinheiro real, porque o governo não aceitará o pagamento em criptomoedas para impostos ou bens e serviços públicos. O governo aceitará apenas formas especificas de dinheiro. Pode-se criar qualquer tipo de troca ou aposta. Se se deseja criar o equivalente a uma pista de corrida de cavalos com apostas, pode-se fazer isso, mas é uma pista financeira. Eu acho que pode haver impostos nas pistas de corrida. Estão desregulamentadas desde há muito. Mas os filmes de Hollywood mostram que há muita criminalidade por aí.

Walt McRee – Estávamos, Ellen, eu e Tyson Slokum, um pouco divertidos imaginando como Max Kaiser gosta do Bitcoin e como ele o vê como o novo ouro.

Michael Hudson – Ele disse-me que muitas pessoas assistem ao seu programa porque estão muito interessados no ouro ou interessadas no Bitcoin. Acho que ele tenta ter uma visão neutra, nas nossas conversas pessoais. Ele não está especialmente interessado no ouro ou no Bitcoin. Mas muitas pessoas querem ter informação sobre isso, então ele tem convidados no seu programa dizendo-lhes: "Aqui está, faça a sua escolha". Faz parte do novo cenário financeiro especulativo, assim como os pântanos fazem parte do cenário imobiliário da Florida. Então, ele cobre todo esse espectro de opiniões. A Reuters produz os seus shows e o público quer ouvir falar sobre isso. Então ele fala sobre o que eles querem ouvir.

160 mortos e 7443 casos de covid-19 em Portugal. Mais de mil infetados em 24 horas


A atualização é feita pela Direção-Geral da Saúde no boletim epidemiológico, desta terça-feira (dia 31).

No último dia, foram confirmados mais 1035 casos de covid-19 em Portugal e 20 mortes, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde desta terça-feira (31 de março), que inclui os dados recolhidos até às 24:00 de segunda. O país tem agora 7 443 infetados (a maioria na região norte) - mais 16% que ontem -, 160 mortes registadas e 43 recuperados.

Estão internadas 627 pessoas, 188 nos cuidados intensivos. Aguardam resultados laboratoriais 4610 cidadãos e outras 19260 estão em vigilância pelas autoridades de saúde (ou seja, recebem contactos regulares de profissionais por terem estado numa zona de risco ou terem estado com alguém infetado).

Dupla contagem dos casos no Porto

O número de infetados pelo novo coronavírus do Porto disparou, segundo dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgados na segunda-feira. O concelho registou um aumento de 524 casos em 24 horas, passando de 417 para 941 infetados. Estes dados podem, no entanto, estar errados, avançou o JN e confirmou o DN. Isto porque o aumento ultrapassaria não só o total da região norte, como aquele que foi registado em 24 horas em todo o país: mais 446 casos. Estes números fizeram com que Graça Freitas reconhecesse a possibilidade de criar um cordão sanitário no Grande Porto, em Gaia, Maia e Gondomar, hipótese mal recebidas pelos autarcas.

É a própria DGS que admite a possibilidade de estar errada a contagem do número de infetados no Porto. Ao JN e ao DN, a DGS explicou que está a ser utilizada uma "metodologia mista", que recolhe dados reportados pelas administrações regionais de saúde e pela plataforma Sinave (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), na qual os médicos inserem a informação sobre os doentes. "O universo pode ser indevidamente maior do que o número de casos por dupla contagem", adianta fonte da DGS.

A autoridade de saúde nacional refere que partir desta terça-feira serão utilizados apenas os dados do Sinave, deixando de ser tidos em conta os dados reportados pelas autarquias. Mas desta forma podem ser reportados apenas 70 a 75% do total de casos no país.

Mais de 38 mil mortos no mundo

São 38 720 mortes, 799 710 casos confirmados e 169 976 recuperações de covid-19 no mundo inteiro, de acordo com os dados oficiais, consultados às 11:30 desta terça-feira.

Os Estados Unidos da América são o país mais afetado (164 359 casos e 3173 mortes), com os pedidos de ajuda a multiplicarem-se. "Por favor, venham para Nova Iorque ajudar-nos. Agora", pedia aos profissionais de saúde ontem o governador nova-iorquino, Andrew Cuomo, perante um "aterrador" número de mortes provocadas pelo novo coronavírus.

Segue-se Itália com 101 739 pessoas infetadas e um total de 11 591 mortos (o maior número de óbitos do mundo). E em terceiro lugar está Espanha, que voltou a bater um novo recorde de mortes nas últimas 24 horas: números oficiais do ministério da Saúde divulgados esta manhã apontam para 849 óbitos declarados. Ao todo, já morreram 8189 pessoas e há 94 417 casos de coronavirus diagnosticados. Madrid é a cidade mais afetada.

Recomendações da DGS

Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos). E acima de tudo: fique em casa.

Rita Rato Nunes | Diário de Notícias 

Portugal | OS PROFISSIONAIS DA DESGRAÇA

Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

Numa crise, em que impera a incerteza e o medo se impõe à racionalidade, resistir ao populismo é o único caminho para não tornar a cura tão fatal como a doença. Não há razão nenhuma para confiarmos nos que tudo criticam, porque eles serão os primeiros a criticar quando fizermos o que eles pedem.

Descontando o Chega, com um comportamento abutre, os restantes partidos da oposição, mais ou menos assertivos na defesa dos seus pontos de vista, têm tido um comportamento bastante elogiável. Rui Rio tem estado exemplar como líder da oposição. A chefiar o governo, António Costa também tem revelado uma capacidade de liderança essencial num tempo de combate e unidade nacional. Dispensava-se o "excesso de entusiasmo" com que garantiu que não faltava nada nos hospitais, porque era evidente para toda a gente que faltava. Isso retira alguma confiança, numa altura em que precisamos de viver esta crise certos de que nos estão a dizer a verdade toda.

São igualmente dispensáveis protagonismos desnecessários de autarcas que até se têm revelado como um exemplo de iniciativa e trabalho no combate à Covid-19. Rui Moreira e Salvador Malheiro têm estado na linha da frente e merecem o nosso aplauso mas, ontem, o autarca do Porto a desqualificar a DGS por ter cometido o erro de pré-anunciar um cerco à cidade e, no passado, o autarca de Ovar ao antecipar-se a esse anúncio não contribuíram para a tranquilidade que tanta falta nos faz por estes dias.

Mau mesmo é a quantidade de gente nas redes sociais, locais de muita irracionalidade e para onde se deslocaram a totalidade das conversas dos cafés que agora estão fechados, se transforma em profissional da desgraça. E não estão sozinhos, com eles estão muitos ilustres comentadores e políticos. São os que criticaram por não termos avançado de imediato com o Estado de Emergência e a paralisação de toda atividade económica não essencial. E que agora criticam por não estarmos a despejar na economia o dobro, o triplo ou quádruplo do anunciado. E que vão criticar, quando chegar o momento de lançar a retoma, por não termos ainda mais milhares de milhões. E que se vão indignar, quando chegar a hora de pagar a fatura, por não termos sido capazes de perceber a irresponsabilidade de ter sido mãos largas sem perceber que tinha de haver limites. Haverá depois um momento em que os profissionais da desgraça não estarão todos juntos. Será o momento em que tudo tiver que ser resolvido com austeridade para voltar a diminuir o valor da dívida. Aí, os ilustres vão encher o peito de orgulho e fazer de conta que avisaram contra os desmandos que eles queriam no dobro. Eles passarão a concordar com o que tiver de ser feito, os que pagam sempre a conta é que não vão achar piada nenhuma.

*Jornalista

APESAR DE TUDO SE ESTAR A DESMORONAR… VENCEREMOS!


Traiçoeiramente, sem convite, o vírus ocupou globalmente os países, adoecendo e assassinando seus habitantes, obrigando-os a fecharem-se em casa para se salvarem, para que ele não os afete na saúde, nem lhes leve familiares queridos, nem amigos. No Planeta Terra tudo mudou e as cidades são semelhantes a desertos em que raramente passam os humanos.

Os efeitos tantas vezes mortais do vírus contamina também a economia. Os mais fracos são aqueles que mais estão expostos a serem dizimados. Há empresários que já nem sabem o que fazer, principalmente os pequenos empresários. Os grandes empresários, os que se podem incluir nas faldas aproximadas dos 1% que detêm as riquezas do mundo já vêem na pandemia do covid-19 novas oportunidades de aumentarem as suas fortunas e de radicalizarem ainda mais as suas predisposições para a especulação, para a obtenção de chorudas maquias que os governos lhes oferecerão de bandeja conforme já está planeado. Os trabalhadores, esses, são carne para canhão, como sempre.

Da angustia de empresários a “fala” é hoje da jornalista do Expresso Elisabete Miranda. Tema delicado porque sabemos que há empresários e empresários. Há os que com esta pandemia vão enriquecer ainda mais desassombradamente, mais descaradamente, mais desumanamente, mais imoralmente, e existem também no grosso da mole imensa dos dessa atividade, os patrões, aqueles que estão a ver e a sentir os seus esforços a serem derrubados por um vírus como se de um castelo de cartas tivesse sido o seu empreendimento, não sabendo como poderão pagar os ordenados aos seus poucos empregados. Sim, porque afinal o negócio está suspenso e nem dá para as despesas certas do quotidiano.

Evidentemente que compete aos governos olharem para esses e para os seus trabalhadores. Inteirar-se sobre os que são compulsivos oportunistas e vigaristas e os que não são. Mas como? Pois, a “coisa” assim será muito complicada. Aliás, como quase tudo nesta sociedade que sobrevive muito mal neste dia de cada vez. Apesar de saber que amanhá o dia será quase igual em quase tudo, exceto no número de vítimas mortais do vírus e dos números de cidadãos que são contaminados por ele. Ele, o covid-19.

Este é o Curto do Expresso que importa ler porque os “patrões”, muitos deles, estão a ficar à mingua. Assim sendo ainda mais à míngua ficarão aqueles e aquelas que vendem a sua força de trabalho nos vários ramos de atividades que sustentam a economia dos países…

Vêm aí dias ainda mais difíceis para quase todos e muito mais para os mais fragilizados na saúde e na economia.

É disso que trata este Expresso Curto. Vá ler, a seguir. Inteire-se e não desanime. Resista. Lute. Procurem o coletivo, unam-se e lutem. Lutemos.

Bom dia, mesmo que tudo se esteja a desmoronar o arco-íris há-de acontecer e exibir-se  radiante, para nos maravilhar. Venceremos!

MM | PG

Portugal | Estado de emergência vai ser renovado. Mais medidas na mão do Governo


Marcelo quer renovar o estado de emergência mas o decreto presidencial não deverá mudar. Se o Governo quiser, tem margem para ir mais longe. "Vamos ter que prolongar as medidas adotadas", reconheceu o primeiro-ministro. E esta terça-feira, a "união nacional" dá início ao processo. Sondagem da Marktest diz que 94% dos portugueses quer que o PR prolongue as restrições por mais 15 dias.

O Presidente da República prepara-se para prolongar o estado de emergência que decretou há 15 dias e o Governo não se irá opôr. O sinal foi dado pelo primeiro-ministro na segunda-feira, quando afirmou que "vamos ter de prolongar as medidas que têm vindo a ser adoptadas, com estado de emergência ou sem estado de emergência”. Marcelo Rebelo de Sousa prefere que seja "com".

"Proponho aquilo que entender ser necessário", afirmou o Presidente aos jornalistas, sublinhando que antes vai "ouvir o Governo". A renovação do decreto não deverá alterar o seu conteúdo uma vez que, explicaram ao Expresso, o que está em vigor permite ao Executivo ir mais longe nas restrições, se assim o entender ou se sentir necessidade. Mas essa será uma decisão do Governo.

Um dos pontos em análise passa, como avançou o Expresso no sábado, por eventualmente calibrar algumas das medidas tendo em conta o período da Páscoa que se aproxima. E o facto de, como o Presidente alertou ontem, "sabermos que esta é uma situação que está para durar várias semanas", também está a exigir ponderação política e cálculo dos custos-benefício, do ponto de vista económico e social, de se prolongarem restrições às pessoas durante tanto tempo.

Por um lado, "a economia não pode parar", como Costa e Marcelo afirmam a uma só voz. Por outro, há o risco do cansaço começar a pesar nas pessoas levando-as a querer furar as restrições. O equilibrio tem que ser ponderado.

O processo começa hoje a ser preparado em mais uma reunião do poder político - Presidente da República, Presidente do Parlamento, primeiro-ministro, e líderes partidários - com especialistas do setor da Saúde e a que se juntam os parceiros sociais e os conselheiros de Estado. Depois de ter começado por os ouvir antes de decretar o estado de emergência, Marcelo decidiu associá-los ao encontro de hoje, onde entrarão por videoconferência.

António Costa já antecipou, de certa forma, o que aí vem quando disse que o país "vai entrar no mês mais crítico desta pandemia" e "sem fazer futurologia" considerou que "o que é expectável é que, sabendo nós que temos tido sucesso, felizmente, em baixar o pico da pandemia" se acabem por "prolongar" as restrições adotadas. Neste momento, recorde-se, as autoridades prevêem que esse pico chegue apenas no fim de maio.

Na quarta-feira, Governo e Presidente articulam agulhas e Marcelo enviará a sua decisão para o Parlamento que na quinta-feira a votará. Há 15 dias, tirando a abstenção do PCP, Verdes, IL e da deputada Joacine Katar Moreira, todos votaram a favor do estado de emergência. Ontem, o Barómetro de Opinião Covid19 da Marktest concluía que 94% dos portugueses consideram que o Presidente deve prolongar o estado de emergência por mais 15 dias.

Ângela Silva | Expresso

Imagem: Costa chamou Marcelo, Ferro e partidos para partilhar cenários da crise. Emergência vai ser prolongada com consenso / RODRIGO ANTUNES/LUSA

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