sexta-feira, 17 de junho de 2022

Angola | Jornalistas sem Ofício nem Oficina – Artur Qeiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas, disse que “pondo em prática a ética e deontologia profissionais, os jornalistas podem cobrir as campanhas com maior rigor e dedicação para a construção de reportagens que informem e mantenham os telespectadores, ouvintes e leitores dos vários jornais cada vez mais actualizados”.

Também diz que os profissionais devem “aprimorar cada vez mais a isenção e imparcialidade na cobertura dos partidos políticos e candidatos nas campanhas, promovidas no quadro das eleições gerais marcadas para Agosto próximo”.

Teixeira Cândido ainda não sabe, mas os critérios que suportam os conteúdos comunicacionais, não se “aprimoram”, simplesmente fazem parte do dever de cuidado que se exige a todas e todos os profissionais. Imparcialidade não tem gradações, não é mensurável, não se afina para as eleições. É critério que cada jornalista tem de respeitar sempre, em todos os momentos da sua profissão. 

O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos fez estas afirmações durante uma acção de formação sobre “Jornalismo Online e Cobertura Eleitoral”, com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) em Luanda. Senhor Teixeira Cândido, onde está a ética quando põe a nossa organização de classe a reboque de uma embaixada estrangeira? 

Onde está a deontologia de um profissional, que representa toda uma classe, quando rasteja aos pés dos agentes de um Estado que foi responsável pela morte de milhões de angolanos, pagou aos matadores, destruiu directa iou indirectamente todo o país? Montou duas pontes aéreas, em 1975, para ficarmos sem quadros superiores e médios, sem técnicos de todos sectores da vida económica e social? Até hoje, Washington não pediu perdão e desculpas ao Povo Angolano, pelos crimes que cometeu em Angola ou apoiou e financiou quem os cometeu. 

A prática dos EUA mostra que amanhã podem repetir os seus crimes em Angola e apoiar criminosos que os cometam por procuração. Washington limita-se a distribuir uns punhados de dólares por leprosos morais que com a maior desfaçatez falam de ética e deontologia!

Portugal | O ORÇAMENTO ERA DE ESQUERDA, NÃO ERA?

«Para os trabalhadores e para as camadas mais desfavorecidas, o Orçamento para 2022 será um mau Orçamento. Apesar de uma inflação superior a 5% e que não terá tendência para diminuir, bem pelo contrário, o PS manteve a recusa de aumentar salários e pensões de modo a evitar a redução do poder de compra que essa inflação necessariamente implica. Ao mesmo tempo, recusou a adopção de medidas para controlar e fixar preços nos alimentos, nos combustíveis, na electricidade, e no gás, como o PCP propôs, deixando intocáveis a especulação e os lucros dos grupos económicos.» Fica claro para o serviço de quem o PS manobrou pela maioria absoluta.

António Filipe * | opinião

Se era preciso alguma prova de que a reposição de direitos e os avanços sociais que se verificaram entre 2015 e 2019 não decorreram da vontade do PS, mas das cedências que teve de fazer à sua esquerda, e designadamente ao PCP, para poder formar Governo, essa prova aí está: o Orçamento do Estado para 2022.

Se as eleições de 2015 marcaram um virar de página após o histórico pronunciamento de Jerónimo de Sousa de que o PS só não formaria governo se não quisesse, as eleições de janeiro de 2022 foram um virar de página em sentido contrário.

As perspetivas de reposição de direitos e rendimentos roubados durante os anos dos PEC de Sócrates e da troika de Passos e Portas, ou a conquista de avanços sociais como o embaratecimento dos transportes públicos, a gratuitidade dos manuais escolares e das creches, os aumentos anuais das reformas mais baixas e muitas outras medidas de sentido positivo que seria fastidioso enumerar, não são hoje mais do que uma grata recordação de um passado recente. Por muito que o PS continue a afirmar a sua fidelidade ao espírito de 2015, o Orçamento do Estado para 2022 está mais preocupado com as “contas certas” do que com a perda do poder de compra dos trabalhadores, reformados e pensionistas.

Se em 2015 se abriu uma perspetiva de futuro, 2022 faz recear um regresso ao passado.

Ao contrário do que o discurso de direita apregoava, as reuniões entre o PS e o PCP no âmbito da análise comum das propostas de Orçamento do Estado após 2015 nunca foram exercícios teatrais, ou meras encenações de desfecho anunciado. Foram reuniões demoradas, em muitos casos minuciosas, onde se procurava chegar a soluções que tornassem possível para o PCP aprovar os Orçamentos do Estado propostos pelo PS que, sozinho, não estava em condições de impor essa aprovação. Muitas medidas foram aprovadas nesses anos por proposta do PCP, vencendo em muitos casos a oposição inicial e a resistência do PS. Nunca o PCP determinou a sua posição por razões táticas ou por outras considerações que não fossem o conteúdo dos Orçamentos a aprovar e manteve sempre um prudente distanciamento político da governação do PS, nunca deixando de salientar a insuficiência e as limitações das propostas aceites não obstante o seu carácter positivo.

Portugal | OS PROBLEMAS DO SNS SÃO ESTRUTURAIS

AbrilAbril | editorial

O Serviço Nacional de Saúde está confrontado não com problemas conjunturais, mas, sim, dificuldades de ordem estrutural às quais o Governo não tem respondido e que, em alguns casos, se vão agravando

As dificuldades do SNS têm muito a ver com uma grande desvalorização de todos os profissionais de saúde e com a não implementação de medidas como a valorização das carreiras, nomeadamente através de remunerações atractivas, de uma real perspetiva de progressão na carreira e de horários que sejam compatíveis com o seu descanso.

No fundo, trata-se não só de criar condições para que não saiam mais médicos e enfermeiros do SNS, mas também o de fazer um caminho para os contratar, em particular para as especialidades em que são mais necessários e de forma a garantir o cumprimento das promessas de assegurar médico e enfermeiro de família para todos. Aliás, nem as recentes declarações da ministra da Saúde nem o Orçamento do Estado recentemente aprovado pelo PS (com a abstenção do PAN e do LIVRE) contêm soluções para salvar o Serviço Nacional de Saúde, considerando que é indispensável aumentar a capacidade de resposta do SNS, e para que isso aconteça são precisos meios financeiros, humanos e materiais.

Nesse sentido, talvez se perceba melhor a posição do PCP quando, em Novembro passado, votou contra o Orçamento do Estado para 2022, o que levou o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e a convocar eleições legislativas antecipadas, de que resultou a maioria absoluta do PS. A questão do SNS foi uma das principais razões para os comunistas terem chumbado o Orçamento.

A verdade é que, para além de encontrar soluções para contratar e fixar profissionais de saúde no SNS, nomeadamente a dedicação exclusiva para médicos e enfermeiros, com carácter opcional, com uma majoração da sua remuneração base e a uma bonificação na contagem do tempo para a progressão na carreira, são também necessárias medidas que passem pela contratação de técnicos superiores de saúde e de diagnóstico e terapêutica, e técnicos auxiliares de saúde e administrativos, num processo em que as contratações devem ter vínculo permanente.

Entretanto, aprofunda-se a estratégia daqueles que tudo fazem para descredibilizar o SNS, aproveitando a falta de resposta do serviço público para justificar mais contratações ao privado, com a consequente perda de recursos do SNS e favorecendo os grandes grupos económicos que intervêm na área da saúde, que já hoje usufruem de uma fatia de quase 50% do Orçamento da Saúde.

Rússia diz ter abatido 19 mercenários portugueses na Ucrânia

A Rússia disse esta sexta-feira que cerca de 2000 mercenários estrangeiros foram mortos na Ucrânia desde o início da intervenção militar russa.

A Rússia disse que cerca de 2000 mercenários estrangeiros, entre os quais 19 portugueses, foram mortos na Ucrânia desde o início da intervenção militar russa.

O Ministério da Defesa da Rússia disse em comunicado que 6956 "mercenários e especialistas em armas" de 64 países, incluindo 103 de Portugal, chegaram à Ucrânia desde o início do conflito e que "1956 já foram destruídos". Outros 1779 deixaram a Ucrânia, incluindo 16 portugueses, refere o comunicado.

O ministério referiu que a Polónia era o "líder absoluto" entre os países europeus no número de combatentes enviados para a Ucrânia, seguido pela Roménia e Grã-Bretanha.

A Rússia também notou a presença de "mercenários" de Canadá, Estados Unidos e Geórgia.

O ministério disse que o número de combatentes estrangeiros está a diminuir e muitos estão a deixar a Ucrânia "no contexto do crescente número de fracassos militares do regime de Kiev e enormes perdas diárias de mão-de-obra e equipamentos".

A 24 de fevereiro, o presidente russo Vladimir Putin enviou tropas à Ucrânia para "desmilitarizar" e "desnazificar" o país.

Uma autoridade europeia disse em abril que até 20 mil mercenários da empresa militar privada russa Grupo Wagner, bem como da Síria e da Líbia, estavam a lutar ao lado das forças russas na Ucrânia.

No início deste mês, autoridades separatistas no leste da Ucrânia condenaram à morte os cidadãos britânicos capturados Aiden Aslin e Shaun Pinner e Brahim Saadun de Marrocos por agirem como mercenários e tentarem derrubar o governo.

Diário de Notícias | AFP | Imagem: © EPA/SERGEI ILNITSKY

Terrorismo de Estado: Governo do Reino Unido confirma extradição de Assange

A secretária do Interior do Reino Unido, Priti Patel, aprovou o pedido do governo dos EUA para extraditar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

O Ministério do Interior disse que o ministro do Interior "deve assinar uma ordem de extradição se não houver motivos para proibir que a ordem (de extradição) seja feita" e os tribunais não encontraram nenhuma. Assange tem 14 dias para recorrer.

O WikiLeaks criticou a decisão do governo do Reino Unido e prometeu recorrer da decisão. "Este é um dia sombrio para a liberdade de imprensa e para a democracia britânica", disse o grupo em comunicado, insistindo que Assange "não fez nada de errado" e está "a ser punido por fazer o seu trabalho".

A Justiça britânica deu a sua aprovação em abril para extraditar o ativista para os Estados Unidos, cuja Justiça o acusa por 18 alegados crimes de espionagem e invasão de computadores para as revelações do seu portal WikiLeaks.

O antigo 'hacker' enfrenta uma pena de 175 anos de prisão por revelar abusos dos Estados Unidos na sua base militar em Guantánamo (Cuba) e nas guerras no Iraque e no Afeganistão.

Julian Assange, preso em 2010 por alegados crimes sexuais hoje arquivados, passou mais de uma década no Reino Unido, primeiro em prisão domiciliária, depois, entre 2012 e 2019, como refugiado na embaixada equatoriana em Londres, e agora na prisão de Belmarsh, perto da capital britânica.

Amnistia Internacional diz que extradição põe "em risco" Julian Assange

A Amnistia Internacional considera que a autorização do Executivo britânico à extradição para os Estados Unidos do fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, "põe em grande risco" o jornalista australiano.

A secretária geral da Amnistia Internacional (AI), Agnès Callamard, lamentou em comunicado a decisão adotada pela ministra do Interior do Reino Unido, que assinou a ordem de "entregar o jornalista australiano" Julian Assange à Justiça dos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem.

"Permitir que Julian Assange seja extraditado para os Estados Unidos pode colocá-lo perante um grande risco e envia um 'recado arrepiante' aos jornalistas de todo o mundo", disse a responsável pela AI.

"Se a extradição se verificar (...) Assange pode enfrentar o risco de uma detenção prolongada", frisou Callamard.

"As garantias diplomáticas dos Estados Unidos de que Assange não vai ser submetido ao confinamento solitário não podem ser levadas a sério, dado o historial" no país, acrescentou.

"Pedimos ao Reino Unido que se abstenha de extraditar Julian Assange, que os Estados Unidos deixem cair as queixas e que Assange seja libertado", apelou a secretária-geral da organização não-governamental com sede em Londres.

Diário de Notícias | AFP | Lusa | Imagem: © EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA

O OCIDENTE EM DECOMPOSIÇÃO

O neoliberalismo, como instrumento do imperialismo e do colonialismo globalista, parece ter começado a abanar à medida que a ordem mundial unipolar vai perdendo terreno.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

O mundo está a encolher para o Ocidente, esse conceito geopolítico que ignora limites geográficos e pretende submeter o resto do mundo às suas «regras» e «valores partilhados», entre os quais o militarismo, o desprezo pelas pessoas, o expansionismo, a rapina de recursos naturais, a submissão ao casino financeiro e a um papel-moeda de que se desconhece o valor real, a cultura da guerra, a civilização única e cada vez mais alienante.

Direitos humanos e democracia-liberal? Bem, direitos exclusivos de uns humanos que são bastante mais humanos que os outros, a esmagadora maioria; e democracia realmente neoliberal, quer isso dizer assegurada por rituais cumpridos segundo guiões capazes de garantir o domínio absoluto das oligarquias e a financeirização da sociedade de modo a que as pessoas sejam mais objectos que sujeitos. A maioria vota de tempos a tempos nos «vocacionados» para o poder que garantem esse desfecho, recomendados com recurso a métodos tão ilegais como asfixiantes pela propaganda institucional e a comunicação social de orientação única; o remanescente serve para compor o ramalhete do pluralismo virtual e pronto, respeita-se assim o único regime político aceitável e acima de qualquer crítica.

O mundo está a encolher para o Ocidente por ser essa a ordem natural das coisas uma vez que, em boa verdade, nenhum império sobreviveu às leis do tempo e às dinâmicas da História; e também por causa dos comportamentos do próprio Ocidente perante a guerra que em 2014 levou até à Ucrânia, embora queira fazer acreditar que o conflito se iniciou apenas em 24 de Fevereiro deste ano. Essa é mais uma mentira numa realidade de mentiras em que o próprio Ocidente vive, chegando a acreditar nela; e certamente por isso estamos a assistir a sucessivas rajadas nos próprios pés, acelerando o processo de transformação mundial e condenando o concílio dos senhores do mundo a um processo gradual de decomposição.

Uma clique dirigente à deriva

Apesar de a União Europeia ser conhecida como uma entidade antidemocrática – gerida por executivos não eleitos – autoritária, austeritária, ao serviço de uma percentagem ínfima da sociedade e desprezando os povos com uma arrogância cada vez mais ditatorial, será difícil encontrar na sua história uma clique dirigente tão incompetente e incapaz como a actual – onde ninguém se salva. Esta coincidência que não surpreende, uma vez que a chamada «classe política» é cada vez mais um palanque para medíocres convencidos, gera resultados muito mais trágicos do que em circunstâncias comuns porque se manifesta num momento crucial para a Europa e o mundo; uma época em que não será aconselhável proceder sem estratégia, à deriva, cumprindo ordens ditadas por interesses alheios e contraditórios, com a agravante de essa casta apodrecida o fazer com uma agressividade raivosa e irracional num cenário quase exclusivamente de faz-de-conta. E, contudo, é o futuro de todos e do planeta que está em causa.

Num momento em que sobretudo algumas publicações norte-americanas e britânicas ditas de «referência» começam a reconhecer que a guerra na Ucrânia parece não estar a decorrer segundo os planos e a propaganda ocidental, os dirigentes da União Europeia mantêm-se em negação dessa provável realidade e insistem no reforço das sanções à Rússia e no envio de armas para o regime falido de Kiev e o aparelho nazi que o sustenta. Ouvem-se, é certo, alguns apelos à realização de negociações de paz, designadamente da Itália, mas não passam ainda de vozes a pregar no deserto. A insistência na guerra continua a ser a perigosa aposta da casta dirigente europeia, sempre subserviente ao gang belicista que controla o teleponto do presidente Biden, ignorando até a voz avisada e experiente do dinossauro Henry Kissinger apelando à realização de negociações no prazo máximo de dois meses.

Kissinger sabe, como o sabem também os militares ucranianos que, à revelia de Zelensky e dos corpos nazis, tentam chegar a negociações com Moscovo, que o prolongamento da guerra torna cada vez mais sombrio o futuro da Ucrânia e dos interesses europeus e norte-americanos apostados em «enfraquecer a Rússia». Pode chegar-se ao limite de as necessárias e fundamentais iniciativas diplomáticas chegarem tarde de mais para a dinâmica militar russa, situação que será um triunfo caído dos céus para os círculos mais nacionalistas, reaccionários, expansionistas e neoczaristas de Moscovo capazes de superar o próprio Putin nessas tendências. O maior aliado desses extremistas continua a ser o socialista que faz de chefe da «diplomacia» da União Europeia, Josep Borrell, para quem a guerra em curso só tem solução militar. Uma sentença que continua a prevalecer em Bruxelas.

A obsessão de impor sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia é outro sinal da vocação suicida dos dirigentes da União Europeia e que afectará duramente os povos dos Estados membros e de todo o continente, que não as oligarquias e respectivos serventes.

A incompetente mas arrogante presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Layen, disse há poucos dias que a União Europeia não iria cortar a importação de petróleo da Rússia para não desestabilizar o mercado e provocar aumentos de preços que iriam «financiar a máquina de guerra de Moscovo», um argumento que, em teoria, faria algum sentido.

Porém, nos dias a seguir e ao cabo de uma acesa discussão, o Conselho Europeu decidiu, numa notável atitude coerência, aprovar o corte da maior parte das importações de petróleo russo. A decisão foi tão acalorada e difícil que logo surgiram os federalistas do costume, mais federalistas ainda que os federalistas, a defenderem a abolição do sistema de consenso para tomada de decisões no Conselho Europeu para que não aconteçam hesitações em situações tão transcendentes.

A POLÓNIA E A UCRÂNIA

Thierry Meyssan*

A Polónia e a Ucrânia tem uma História complexa de massacres bilaterais. Ora, desde há oito anos, elas fazem frente comum contra a Rússia. Depois de ter pensado anexar um território russo se Moscovo perdesse a guerra, Varsóvia veria com bons olhos anexar algum território ucraniano, se Kiev perder. O Presidente Andrzej Duda teria recebido garantias do seu homólogo Volodymyr Zelensky: como agradecimento pela ajuda militar contra os Russos, o seu país poderia anexar a Galícia.

Da cadeia montanhosa dos Cárpatos até à dos Urais, não há nenhuma montanha. Por conseguinte a Europa Oriental é uma vasta planície pela qual muitos povos passaram e onde por vezes se fixaram sem que o relevo permitisse delimitar as fronteiras do seu território. A Polónia, a Moldávia, a Ucrânia, a Bielorrússia, os países Bálticos e a parte europeia da Rússia são corredores de passagem cuja história é dominada pelos fluxos de gente. A maior parte destes Estados estão ligados a um mar ou a uma montanha. Apenas a Bielorrússia e a Ucrânia não tem qualquer fronteira natural.

Quando, no fim da Primeira Guerra Mundial, a Conferência de Paz de Versalhes tentou fixar fronteiras na Europa Oriental, não teve sucesso. Quer se tivessem empregue critérios históricos, linguísticos, étnicos ou económicos, teria que se ter pensado em mapas diferentes, mas os interesses dos vencedores (os Estados Unidos, a França, o Reino Unido) eram contraditórios, de tal modo que as decisões tomadas apenas satisfizeram metade das pessoas envolvidas. Ainda hoje, se pode ver o problema por vários prismas : as fronteiras da Bielorrússia e da Ucrânia são e permanecerão artificiais. Trata-se de uma situação muito especial, difícil de entender por povos com uma longa história nacional.

Feita esta constatação, deve-se admitir que nem a Bielorrússia nem a Ucrânia podem ser nações no sentido habitual do termo, o que não quer dizer que não possam ser Estados. O «nacionalismo ucraniano» é uma ideologia artificial que só pode ser construída rejeitando os outros povos. Foi o que os banderistas (NAZIS) fizeram no período entre guerras e ainda hoje fazem contra os «Moscovitas» ou os «Grandes Russos». Esta forma de nacionalismo apenas pode levar à destruição. O exemplo da Bielorrússia mostra que uma outra via é possível.

A Polónia (Polônia-br), que havia desaparecido completamente durante o século XIX, foi reconstituída após a derrota do Império Austro-Húngaro e da Revolução Russa. No entanto, a Conferência de Versalhes, se não teve problemas em fixar a sua fronteira ocidental, não sabia onde estabelecer a sua fronteira oriental. Assim, a Segunda República polaca (polonesa-br) tentou crescer lançando uma guerra à Ucrânia. Ela conseguiu anexar toda a Galícia. Hoje em dia Cracóvia continua polaca, enquanto Lviv é ucraniana. Na realidade, não há nenhuma razão evidente para essa divisão, para além do acaso dos conflitos armados.

Quando o Presidente Volodymyr Zelensky afirma que o Donbass e a Crimeia são ucranianos, ele descreve o estado actual do cadastro, mas não consegue justificá-lo.

Taxa diária de baixas de Kiev e demandas de armas confirmam que está perdendo

#Traduzido em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

A trajetória atual é que a vitória da Rússia na Batalha de Donbass parece inevitável, após a qual Moscou continuará se movendo para o oeste em direção ao Dnieper ou considerará um cessar-fogo se os termos propostos permitirem avançar os objetivos de sua operação especial por meios diplomáticos.

Duas notícias recentes confirmam que Kiev está perdendo em seu conflito com a Rússia, daí por que a Western Mainstream Media (MSM) liderada pelos EUA mudou decisivamente sua narrativa nas últimas semanas e a razão por trás da especulação de que os “Três Grandes” da UE podem discutir uma possível plano de cessar -fogo com Zelensky durante sua visita à capital de seu país. Estas são as estatísticas impressionantes de seu conselheiro sênior Arakhamia de que Kiev está experimentando mais de 1.000 baixas por dia na Batalha de Donbass e a ridícula demanda de seu outro conselheiro Podolyak pelo que o The Guardian estima equivale a metade dos lançadores de mísseis dos EUA e praticamente todos os seus obuses.

Não há como Kiev sustentar sua atual taxa de perdas indefinidamente, nem qualquer chance realista de que os EUA esvaziem seus estoques capitulando à demanda de seu proxy. Por outro lado, apesar das falsas alegações no último trimestre de que a Rússia ficou sem munição e que um terço de suas forças armadas foi destruída na Ucrânia, sua operação militar especial em andamento continua lenta, mas constantemente, tornando tangível a progresso no terreno. A conclusão é que nada além de mentiras foram lançadas sobre a campanha até agora, até que a verdade se tornou impossível de negar algumas semanas atrás.

Há um pânico palpável vindo da mídia e das autoridades ocidentais ao longo do conflito ucraniano que também se reflete na opinião pública europeia. De acordo com um relatório que acaba de ser publicado pelo Conselho Europeu de Relações Exteriores, mais europeus querem a paz em vez de punir a Rússia. Espera-se que essa proporção continue crescendo à medida que os gerentes de percepção continuam recalibrando a “narrativa oficial” mais próxima da verdade, o que pode coincidir com mais discussões públicas sobre um cessar-fogo nos moldes do que o influente jornal Politico tentou de forma impressionante nesta semana.

O público-alvo ocidental do MSM pode estar tão envolvido em acompanhar os eventos diários que muitos podem não ter percebido quão decisivamente sua cobertura de “fontes de notícias confiáveis” deste conflito mudou nas últimas semanas. Eles fariam bem em se perguntar por que não foram informados da verdade mais cedo, embora poucos provavelmente farão isso devido ao duplicidade que foram programados ao longo dos anos para experimentar quando confrontados com fatos “politicamente inconvenientes”. No entanto, ainda é importante apontar quão radicalmente a “narrativa oficial” começou a mudar.

É realmente possível que isso possa ser explorado pelo complexo militar-industrial para pressionar por ainda mais ajuda militar a Kiev, embora também seja possível que o público ocidental esteja finalmente ficando exausto de tudo e, portanto, agora tenha comparativamente o conflito do que antes. Se a segunda possibilidade mencionada é credível, mesmo que apenas em parte, então sugere que Kiev pode já ter recebido a grande maioria do apoio estrangeiro que seus patrocinadores estão dispostos a dar. Com sua taxa de baixas chocantemente alta e demandas de armas ridículas, poucos podem estar dispostos a investir ainda mais dinheiro nisso.

A trajetória atual é que a vitória da Rússia na Batalha de Donbass parece inevitável, após a qual Moscou continuará se movendo para o oeste em direção ao Dnieper ou considerará um cessar-fogo se os termos propostos permitirem avançar os objetivos de sua operação especial por meios diplomáticos. Tudo o que se pode saber com certeza é que o MSM está pré-condicionando o público ocidental a esperar qualquer um desses resultados depois de uma lavagem cerebral prévia com “pornografia da vitória” ligada à falsa fantasia da “vitória” de Kiev sobre a Rússia. A taxa de baixas de seu procurador é insustentável e suas demandas de armas irrealistas, o que sugere que o Ocidente poderá em breve pressioná-lo a aceitar algum tipo de compromisso.

*Andrew Korybko -- analista político americano

A PEREGRINAÇÃO DO OCIDENTE EUROPEU EM APOIO AOS UKRONAZIS

Ontem foram três dirigentes de países da União Europeia que estiveram com Zelensky. França, Itália e Alemanha levaram os seus máximos representantes em peregrinação. Do nazismo e das ameaças por procuração com que os credenciaram fazem a triste figura de cegos, surdos e mudos. Falta ali no trio acompanhante de Zelensky o PM Boris pelo RU e Biden do Império das guerras e dos crimes contra a humanidade... Do terrorismo.

Cada vez mais e melhor a população mundial fica esclarecida. Sabemos que procurarem condições para paz efetiva é que não. Aqueles cobardes são uns "guerreiros" contando com a vida e a morte dos outros. Urge vender armas. O negócio da guerra é extremamente lucrativo.

Um pequeno apanhado sobre a situação na Ucrânia nos cerca de quatro meses que lá vão de guerra reconhecida pelo Ocidente faccioso e cúmplice dos ukronazis ucranianos, sabendo-se que a situação de guerra interna na Ucrânia começou há muitos anos e que o domínio é precisamente desses ukronazis assassinando populações, colaborando e sendo mentores de tudo que culminou com o golpe de estado conhecido por Maidan. 

Além disso também se sabe do envolvimento do Ocidente no “assalto à Rússia” usando a Ucrânia e as suas populações como pinhão de ataque por procuração. Os dirigentes do Ocidente falso como Judas (EUA, RU, União Europeia) têm toda a responsabilidade na cumplicidade com os ukronazis e nos crimes contra a humanidade que são e foram os atos de genocídio praticados por esses. Assim como na introdução de laboratórios suportados a peso de ouro na preparação de uma guerra biológica que foi desativada pela Rússia e um dos motivos da invasão que teve de pôr em prática em legitima defesa.

A situação é muito mais complicada que o exposto mas o bastante para se compreender que a Rússia tem sido provocada e ameaçada desde há anos atrás e que os ukronazis e Zelensky embarcaram na estratégia impingida pelos EUA com a cumplicidade do Reino Unido e da União Europeia. 

Se antes e agora há guerra na Ucrânia é exatamente aos mentores Ocidentais que se deve a sua existência. Isso é claro como água e por certo não haverá dúvidas sobre as provocações e ameaças que têm vido a ser postas em prática contra a Rússia e a sua zona estratégica de influência, tão legítima como as reconhecidas zonas de estratégia do Ocidente. Há guerra porque há NATO – um eufemismo de cobertura para os EUA guerreiros e doentio “dono do mundo”. Um império falido e criminoso, em sobressalto e em vias de extinção assim tem acontecido com todos os impérios reconhecidos na história da humanidade.

Do Diário de Notícias trazemos alguns reportes sobre a Ucrânia, a situação na lupa e controle viciado do Ocidente. Aqui nunca constou nessa média dita livre e democrática a verdade sobre a realidade nazi-fascista que medeia a personagem e coadjuvantes de Zelensky e seus apaniguados. Não esperem que é agora que vai constar. Podemos emprestar à realidade a visão de uma fossa, que é a Ucrânia, onde os ukronazis e os altos responsáveis do Ocidente “democrático” e “humanista” chafurdam e tudo fazem para sobreviver aos bons olhos da população ocidental e do mundo. Enganados. Enganados sim. (PG)

Mais lidas da semana