domingo, 31 de dezembro de 2023

Ano Novo em Gaza

Ahmad Qaddura, Suécia | Cartoon Movment

Acusação de genocídio da África do Sul mergulhará Israel em crise moral profunda?

A acusação de genocídio da África do Sul para “mergulhar Israel numa crise moral mais profunda” em meio à crescente preocupação com os riscos de repercussão do conflito

Deng Xiaoci | Global Times | # Traduzido em português do Brasil

À medida que "as hostilidades entre Israel e o Hamas e outros grupos em Gaza se intensificam", o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse numa última declaração através do seu porta-voz que estava seriamente preocupado com as futuras repercussões do conflito, que poderia ter consequências devastadoras para o toda a região.

O chefe da ONU disse que “há um risco contínuo de uma conflagração regional mais ampla, quanto mais o conflito em Gaza durar, dado o risco de escalada e erros de cálculo por parte de múltiplos atores”.

O Secretário-Geral está cada vez mais preocupado com os efeitos colaterais dos contínuos ataques de grupos armados no Iraque e na Síria, bem como com os ataques Houthi contra navios no Mar Vermelho, que aumentaram nos últimos dias, de acordo com uma transcrição da declaração. . 

Guterres exortou todas as partes a exercerem a máxima contenção e a tomarem medidas urgentes para diminuir as tensões na região, reiterando na declaração o seu apelo a um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza e à libertação imediata e incondicional de todos os reféns.

O Vice-Representante Permanente da China na ONU, Geng Shuang, disse ao discursar no Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira, horário local, que a natureza prolongada da guerra só causaria mais vítimas em ambos os lados.

“Não há lugar seguro em Gaza”, disse ele, alertando que a situação no terreno não permite que os humanitários realizem o seu trabalho e cheguem às pessoas necessitadas com ajuda.

Os EUA de Biden rendem-se ao criminoso de guerra Netanyahu

Interesses vitais dos EUA são sacrificados para evitar ofender Israel e o seu Lobby

Philip Giraldi* | Global Research, 29.12.2023 | # Traduzido em português do Brasil

Não tenho ninguém que eu considere amigo que apoie o genocídio levado a cabo por Israel em Gaza. Mas a minha interacção ocasional com os psicopatas que infestam o governo e os meios de comunicação dos EUA e que estão intimamente ligados em virtude dos seus instintos políticos, bem como dos seus interesses pessoais em doações de campanha e/ou salários elevados provenientes de Israel e do seu poderoso lobby, tem muitos fundamentos sólidos. mordidas para jogar fora para demonstrar seu amor pelo Estado Judeu em todas as suas manifestações.

Eles pronunciam a afirmação Pelosi-Schumer-Biden de que “Israel tem o direito de se defender” e que Israel é “o aliado mais próximo da América” e “melhor amigo”, o que pode facilmente ser exposto como uma série de mentiras egoístas e interpretações errôneas deliberadas do direito internacional. Além disso, citam inevitavelmente a sua opinião de que os críticos de Israel são totalmente responsáveis ​​pelo que escolhem referir como o mal supremo do “anti-semitismo crescente”. Ao fazê-lo, ignoram convenientemente o facto óbvio de que a raiva contra os judeus, colectivamente falando, é quase sempre derivada dos crimes contra a humanidade cometidos pela entidade política sionista que agora se define legalmente como judaica.

Por vezes pergunto aos amigos de Israel que interesse têm os Estados Unidos que justificaria que o nosso país se tornasse cúmplice na prática de crimes de guerra que, colectivamente falando, equivalem a precursores da completa expulsão ou morte de milhões de palestinianos do que resta das suas casas. Eles tentam escapar das implicações dessa questão, observando que os Estados Unidos não estão diretamente envolvidos no conflito, uma evasão que menosprezo ao salientar que Washington está a fornecer financiamento, armamento e cobertura política para os mais poderosos e parte letal envolvida no conflito, ao mesmo tempo que bloqueia tentativas de alcançar um cessar-fogo para cumprir ordens dessa mesma parte, o que certamente me parece envolvimento direto. Saliento também que Israel está a trabalhar arduamente para conseguir que os militares dos EUA se envolvam contra o Hezbollah no Líbano e também contra o Irão e é provável que seja capaz de manobrar os cabeças-de-pedra dentro e à volta da Casa Branca para cumprirem as suas ordens em relação a ambos os objectivos. .

Portanto, a grande questão tem de ser : “Porque é que os Estados Unidos se envolvem num conflito que, entre outras coisas, arruinou completamente a reputação do nosso país a nível mundial e para o qual não existe um interesse nacional real e convincente?” A resposta é, obviamente, desagradável para muitos, mas tem de ser que o governo dos EUA está, em muitos aspectos e relativamente a algumas das suas políticas nacionais designadas, completamente sob o controlo de Israel e do seu poderoso lobby interno, bem como internacional. Esta habitual reverência a casos de força maior distorceu o pensamento dos ambiciosos malandros que parecem estar presentes onde quer que nos voltemos, em lugares como Washington. De que outra forma se explica o comentário infame e francamente ridículo feito na reunião do Conselho Israelita-Americano de 2018 pela importante política Nancy Pelosi , que disse que

“Eu disse às pessoas que quando me perguntam se este Capitólio desmoronou, a única coisa que permaneceria é o nosso compromisso com a nossa ajuda... e eu nem chamo isso de ajuda... a nossa cooperação com Israel. Isso é fundamental para quem somos.”

Portugal | O tautau


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Maioria vê Pedro Nuno Santos como próximo primeiro-ministro

Sondagem

Os inquiridos foram desafiados a comparar Pedro Nuno Santos com Luís Montenegro. Pedro Nuno Santos será "um melhor primeiro-ministro" para 37%.

Francisco Nascimento | TSF

três meses das eleições legislativas e duas semanas depois da eleição de Pedro Nuno Santos como secretário-geral do PS, a sondagem da Aximage para a TSF-JN-DN revela que o líder socialista é visto como o provável primeiro-ministro pela maioria dos inquiridos, com larga vantagem sobre o líder do PSD. Pedro Nuno é considerado o mais competente, solidário e com maior influência. Só perde para Montenegro na "honestidade".

Num confronto entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, o socialista "tem maior hipótese de se tornar o próximo primeiro-ministro" para 51% das pessoas que responderam ao inquérito. Luís Montenegro conta apenas com 29%, uma diferença de 22 pontos percentuais.

Há ainda 20% dos inquiridos que "não sabe ou não responde" a três meses das eleições.

Olhando para os eleitores de cada partido (tendo em conta a votação nas legislativas de 2022), 70% dos socialistas acreditam que Pedro Nuno Santos será o sucessor de António Costa. A confiança diminuiu no que toca ao eleitorado social-democrata: 55% veem Luís Montenegro no lugar de Costa.

Sobre as valias para o cargo, Pedro Nuno Santos será "um melhor primeiro-ministro" para 37% dos inquiridos. Neste parâmetro, Luís Montenegro perde apenas por três pontos percentuais, já que arrecadou 34% das respostas.

A grande maioria dos eleitores social-democratas escolhe Luís Montenegro (71%), tal como a maioria do eleitorado socialista apoia Pedro Nuno Santos, embora o valor desça (62%).

Confiança: 27% não confiam em Pedro Nuno Santos nem em Montenegro

No que toca à "confiança" que os portugueses depositam em cada um dos líderes partidários, Pedro Nuno Santos leva vantagem com 31% de respostas dos inquiridos. Luís Montenegro merece a confiança de 27%.

O valor registado por Luís Montenegro, quatro pontos percentuais abaixo de Pedro Nuno Santos, é igual ao daqueles que respondem "nenhum dos dois". Ou seja, 27% dos inquiridos não confia em Pedro Nuno Santos, nem em Luís Montenegro.

A resposta "nenhum dos dois" é principalmente relevante nos eleitores da Iniciativa Liberal (52%), do PAN (50%), do Chega (44%) e do Livre (44%).

Em quatro parâmetros, Pedro Nuno Santos só perde num (o da honestidade)

Os inquiridos foram desafiados a comparar Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro com base na "competência", "solidariedade", "influencia" e "honestidade". O líder do PS vence nos três primeiros e perde no que toca à "honestidade".

Para 38% dos inquiridos, Pedro Nuno Santos é o mais competente. Luís Montenegro arrecada 32%, um valor próximo dos que "não sabem ou não respondem" (30%).

Sobre a solidariedade e a proximidade com as pessoas, o secretário-geral socialista volta a receber a confiança de 38% das pessoas que responderam à sondagem. Os que "não sabem ou não respondem" são 32%, um número superior ao de Luís Montenegro (30%).

Quanto à influência, a maioria dos inquiridos responde por Pedro Nuno Santos (52%), com uma diferença de 26 pontos percentuais para Luís Montenegro (26%).

Ora, 45% dos inquiridos "não sabe ou não responde" no que toca à "honestidade" dos dois líderes partidários. No entanto, Luís Montenegro, com 30%, fica à frente de Pedro Nuno Santos, que conta com 25%.

Ficha técnica

Sondagem de opinião realizada pela Aximage para JN/DN/TSF. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 805 entrevistas efetivas: 688 entrevistas online e 117 entrevistas telefónicas; 390 homens e 415 mulheres; 174 entre os 18 e os 34 anos, 209 entre os 35 e os 49 anos, 230 entre os 50 e os 64 anos e 192 para os 65 e mais anos; Norte 277, Centro 175, Sul e Ilhas 122, A. M. Lisboa 231.

Técnica: aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para pessoas com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros.

O trabalho de campo decorreu entre 18 e 23 de dezembro de 2023. Taxa de resposta: 72,22%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.

Ler/Ver em TSF:

Ao contrário de Montenegro, eleitores do PSD querem "geringonça" caso não vençam eleições

Costa despede-se de "um ciclo" em que se dedicou "de alma e coração a servir Portugal"

Portugal | Um dia escreverei um texto novo para 2024, mas não será hoje

Nuno Ramos de Almeida | Diário de Notícias | opinião

Gosto de reescrever textos, para além de roubar tempo ao trabalho, é uma espécie de mantra em que se pode convocar o passado e evocar gente que amamos, mas que não está presente entre nós. As palavras são uma forma de encantamento que trazem à vida quem determinou o nosso caminho e reafirmam as nossas fidelidades.

Persistimos em pensar que não nos esgotamos na morte e que os que ficam são uma espécie de continuidade sem nós, como os nossos persistem, no tempo, nos nossos atos.

É óbvio que o que pensamos tem muito a ver connosco e a nossa circunstância e que não somos nada, sem sermos em relação aos outros em que nos inserirmos. Mas vamos à história recontada.

Numa altura em que se branqueiam os negros tempos quando não tínhamos liberdade e transformam os amigos dos ditadores de turno em heróis da liberdade, a memória torna-se uma arma no presente. A única vantagem de ter vivido tempos é que eu sei o que é a ditadura, a revolução que faz meio século e a liberdade, simplesmente porque vivi. Aqui fica um conto sobre esse fio de tempo, como agora se diz.

Aproximava-se o Natal. Em casa cheirava a frio e a madeira nova. O móvel parecia-me estranho. Era encerado. Uma espécie de cómoda oca. Seria um bar daqueles kitsch? Já não me recordo. Tinha umas chaves. Lá dentro estavam prendas. Apenas uma era minha. Na nossa casa estavam brinquedos dados por camaradas na legalidade para as casas clandestinas onde viviam crianças. Era membro de uma comunidade, embora não nos conhecêssemos: as crianças das casas clandestinas. Hoje parece-me uma quebra das regras de segurança, a distribuição de prendas. E não percebo como chegaram os brinquedos a cada um de nós. Mas, na altura, isso fazia-me sentir que não estávamos sozinhos.

Tinha a nítida sensação de pertencer a um grupo unido por regras de fraternidade. Nesse coletivo estavam pessoas de muitas raças e países. Anos antes, andava na escola francesa em Argel. Estudávamos lá argelinos e filhos dos refugiados políticos. A guerra da independência tinha sido há poucos anos. O sangue tinha corrido pelas ruas. Milhões haviam morrido nos bombardeamentos dos franceses. A tortura durante a guerra tinha atingido níveis nunca vistos. A FLN (Frente de Libertação Nacional Argelina) tinha pedido aos militantes que tentassem aguentar sem falar três dias - apenas três dias, para permitir mudar os contactos e resistir à repressão. Depois da independência, a cidade viveu um sonho estranho. Lembro-me dos aromas das especiarias e do ruído das manifestações. Também me ficou a recordação do fedor a excrementos nos elevadores dos prédios abandonados pelos franceses e ocupados por argelinos que nunca tinham vivido em prédios europeus. Mais tarde, o meu pai e a minha mãe contaram-me que uma noite tinham conhecido aquele que mais tarde seria lembrado com o nome de Che. Já adolescente, interroguei o meu pai para saber como ele era. Será que se vê o heroísmo nos heróis? O meu pai insistiu que ele era sobretudo calado e tímido.

Eu frequentava uma escola de que só me lembro pelo cheiro a medo. Nos intervalos brincávamos às guerras. Os professores franceses que ainda restavam, quando nos apanhavam, batiam-nos e ameaçavam-nos com cães. Os meus pais descobriram que éramos espancados e confrontaram os professores, que negaram terminantemente as agressões. Um dia, alguns de nós montámos uma emboscada para apedrejar um dos agressores no meio da confusão do pátio. Lembro-me que algumas das nossas pedras lhe acertaram em cheio. Quando nos bateram a seguir, quase não doeu. Anos mais tarde, em França, numa casa de apoio de camaradas do PCF (Partido Comunista Francês) em Paris, o meu pai comunicou-me que íamos entrar em Portugal. Por causa dos "maus", a PIDE, tinha de escolher um nome. Um nome diferente do meu? Sim. Escolhi Sérgio. Passámos a fronteira por um sítio que os meus pais me explicaram ser um grande jardim. Era, de facto, grande. Caminhei até cair. O meu pai levou-me o resto do caminho às costas. Acordei no dia seguinte a vomitar, numa pensão em Chaves, com um daqueles lavatórios de ferro. Chegámos a Lisboa e arranjámos uma casa clandestina. A minha mãe mobilou-a com todos os cuidados conspiratórios: a maior parte da mobília na área social, para passarmos por uma família normal. Gastou menos que o previsto, estava feliz. Mas, mais tarde, o camarada responsável pelas casas criticou-a por ter gasto dinheiro num esquentador. A minha mãe nunca conseguiu esquecer o facto. Quando, anos depois, voltámos para a legalidade e apoiávamos o aparelho clandestino, pediram uma lista de coisas à minha mãe. Leu-a e respondeu, dura: "Diz ao fulano (o camarada com quem ela tinha discutido) que compro tudo menos o esquentador."

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