<> Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias, opinião
O sistema capitalista em que vivemos, praticamente globalizado, está a gerar oligarcas com poderes desmedidos, disfunções brutais nas células vitais e nas estruturas com que as sociedades e os países se têm organizado, a produzir tiranias complexas, a acelerar a criação de forças e políticas parafascistas.
Esta realidade não emergiu de repente. O processo leva décadas. As responsabilidades pela atual situação cabem, numa parte significativa, à condescendência e adesão de governantes das nossas democracias a agendas ultraliberais e retrógradas, que desapossaram milhões de pessoas de condições de vida digna, e fecharam os olhos e os ouvidos às reivindicações da imensidão de seres humanos que nada têm. Meios e valores que estavam instituídos para a conquista de dignidade e de bem-estar, de intermediações coletivas em que se sustenta a democracia, têm sido cilindradas. Criou-se o ambiente para a irracionalidade e as tiranias.
Em Davos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tomou por referência o comportamento dos banqueiros e o recuo de países fundamentais nos compromissos para o combate às alterações climáticas, para dizer que estes estão “do lado errado da História, do lado errado da Ciência e do lado errado da Sociedade”. Estão, mas são apenas dois dos campos de políticas erradas que se conectam com muitas outras. É um erro fatal buscar respostas assentes no negócio e na financeirização de tudo, para gerir a favor da Humanidade todos os grandes problemas e mudanças em curso na sociedade - das científicas e tecnológicas às de caráter intrinsecamente social. Em Davos discutiu-se, pretensamente a “Colaboração para a era inteligente”. Ora, esta era apresenta-se carregada de injustiças profundas, de individualismo exacerbado, de desprezo pela maioria dos seres humanos. Os pobres e deserdados são denegridos, catalogados de incapazes e burros, logo merecedores de todos os castigos. Isto é inteligente?
Choca ver Trump, articulado com
os oligarcas mais poderosos do Mundo (afinal há oligarcas no Ocidente), exibir
o seu poder, a sua arrogância e falta de valores contra deserdados e pobres, no
mesmo cenário
A conceção e os fundamentos do
contrato social, que se trabalhou e desenvolveu nos últimos dois séculos, estão
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