< Artur Queiroz*, Luanda >
Isaías Samakuva está de regresso pelas piores razões. Primeiro deu a cara pela reabilitação do assassino e criminoso de guerra que liderou a UNITA, patrocinando, com a cumplicidade de João Lourenço, a Fundação Jonas Savimbi. Agora quer censurar quem vê o presente à luz dos acontecimentos passados. E estendido o véu de esquecimento sobre a verdade dos factos, venha daí uma condecoração do Estado ao chefe da associação criminosa e unidade especial das tropas do regime racista de Pretória.
Para o anterior líder da UNITA, lutar pela Independência Nacional ou alinhar ao lado dos colonialistas é a mesma coisa. Defender a Soberania Nacional e Integridade Territorial ou destruir Angola combatendo ao lado do regime racista de Pretória, é igual ao litro.
Calma Sanakuva. Ainda não chegámos à Jamba. Por enquanto lá na Cidade Alta estão imitando Kinshasa e o ditador Mobutu. Não chegou a hora de matar companheiros à paulada e atirar com mulheres e crianças para as fogueiras. Mal por mal, antes a “subnutrição” e a Dona Vera Daves, motosserra do chefe supremo. Na Argentina, a mesma política já deu resultados: A pobreza desceu de 52 para 38 por cento. Os outros pobres já morreram de fome.
No dia 31 de Maio de 2014 publiquei no Jornal de Angola a reportagem intitulada “Operação Secreta Lançou a Guerra Suja”. Com base em documentos dos serviços secretos militares do regime racista de Pretória conto como, apenas cinco dia depois da assinatura do Acordo de Bicesse, Isaías Samakuva cumpriu ordens dos seus chefes sul-africanos escondendo 20.000 homens e as melhores armas da UNITA, em bases secretas no Cuando Cubango.
As ordens foram dadas directamente ao então coronel” Samakuva, pelo Chefe do Estado-Maior da Inteligência Militar da África do Sul, Comandante DeA mensagem secreta foi enviada igualmente ao chefe máximo das Forças de Defesa e Segurança (SADF), General Geldenhuys, ao chefe dos Serviços de Combate e ao chefe da Logística. As bases secretas foram assim baptizadas: Girafa, Palanca, Tigre e Licua. Cinco mil homens em cada uma mais o mísseis Stinger oferecidos pela Casa dos Brancos no mandato de Reagan.
Os Generais Zau Puna e Tony da Costa Fernandes denunciaram este atentado ao Acordo de Bicesse. Mas não sabiam onde estavam localizadas as bases nem outros pormenores, como o número de militares e armamento. Savimbi e a UNITA perderam as eleições e estas forças, em poucos dias, ocuparam mais de dois terços de Angola. Assim começou a rebelião armada do Galo Negro contra a Democracia. Marcolino Moco, primeiro-ministro eleito, dizia que “Savimbi está a matar a democracia ainda no ovo”. Por isso chefiou um Governo de unidade nacional, à prova de guerra!
Isaías Samakuva deu uma entrevista ao Novo Jornal. Disse que 23 anos depois da paz, “continuamos com revanchismos, continuamos ainda a evocar permanentemente o passado, ao invés de nos sentarmos e olharmos para a frente, analisarmos o nosso futuro e como vamos avançar”. Ficou arrependido porque logo a seguir afirmou que “ temos de fazer uma reflexão profunda, analisando o passado que até nos facultou muitas lições”
Este palavreado foi assim rematado, a propósito das condecorações pelos 50 anos da Independência Nacional: “Não podemos de forma nenhuma dizer que estamos num processo de reconciliação e deixar de fora aqueles que, na realidade, foram condutores do processo para a independência” Quem ficou de fora? Samakuva nem hesita: lonas Savimbi.
O Coronel foi muito ingrato
e esqueceu-se de incluir na lista o Comandante De
Do lado de Holden Roberto, que
avance para as medalhas Mobutu, coronel Santos e Castro mais os mercenários que
julgámos no Tribunal Popular Revolucionário
Com o peito cheio pela entrevista de Samakuva, o criminoso de guerra e assassino às ordens de Savimbi, Abílio Camalata Numa, divulgou um vídeo onde diz que vai parar tudo: “O país fica parado! Ai de quem tiver medo! Quem tiver medo também vai ser corrido. Ninguém vai permitir que o MPLA brinque todos os santos dias connosco”.
O melhor é ficarmos por aqui. João Lourenço que encomende mais medalhas. Pelo menos para o Mobutu, os racistas de Pretória e os generais portugueses fascistas e colonialistas. Caso contrário os sicários da UNITA estão prontos para nos matarem com pauladas na cabeça ou nas fogueiras da Jamba, multiplicadas por toda Angola. Antes João Lourenço e a fome que tal sorte.
*Jornalista
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