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Macau, China, 12 mai (Lusa) -- A aprendizagem da língua portuguesa na China está a crescer, mas os jovens estudantes que conseguem tirar o curso em Macau não perdem a oportunidade de conhecer uma nova realidade que os leva também a Portugal.
Prestes a regressar a Pequim -- assim ditam as regras do protocolo com Macau --, Li Yan Yan e Zhang Chen, ambos de 22 anos, dois dos 35 finalistas do curso de tradução e interpretação chinês-português do Instituto Politécnico de Macau (IPM), explicam à Lusa como levam "muito mais" de Macau do que a bagagem do curso.
Filho de comerciantes, Zhang Chen aprendeu a gostar do "modo de vida calmo da cidade". Não vai aos casinos porque não gosta "dessas coisas mundanas" e ainda não sabe o que vai fazer com o curso, mas, talvez por herança genética, mostra-se mais interessado na via dos negócios.
"Não sou bom tradutor simultâneo porque não tenho grande capacidade de concentração. Gosto mais de dialogar", justifica.
Preferências de emprego não tem, mas salienta que quer continuar a trabalhar na língua portuguesa, a mesma que o fez conhecer autores como Fernando Pessoa e o seu "O mostrengo", com que arrematou o primeiro prémio no concurso de poesia em português organizado pelo Politécnico.
O poema fala das trevas do mundo e Zhang está preocupado com "o pântano em que está Portugal", mas para ir para fora não escolhia outro destino, mesmo que tivesse "mais potencial".
"Brasil?", pergunta. "Não, não quero mudar o meu sotaque", afirmou.
Zhang Chen recordou também como chegou a Macau por acaso: "eu queria tradução de japonês/chinês, mas não consegui entrar na universidade e aproveitei esta oportunidade para conhecer outras pessoas e outras culturas", afirmou.
Menos expansiva, mas igualmente entusiasta da língua portuguesa, Li Yan Yan seguiu as pisadas do pai na tradução, embora este trabalhasse a partir do japonês.
Li Yan Yan elogia a qualidade de vida de Macau, a modernidade e o luxo, os arranha-céus e muitos hotéis e casinos.
"Em Pequim anda-se mais rápido e aqui as pessoas sabem mais como gozar a vida", acrescentou, recordando também que foi no curso que descobriu o brasileiro Paulo Coelho e aprendeu a gostar de José Régio, cujo "Cântico Negro" lhe rendeu a prata no concurso de poesia.
Quase a regressar a Pequim para "ficar mais próxima da família", Li Yan Yan quer também encontrar emprego no mundo empresarial, talvez na "indústria petrolífera ou na aviação".
"Quando era mais jovem tinha o sonho de ser diplomata, mas agora já não quero trabalhar na área política", reflete, não descartando a hipótese de se aventurar num mestrado de marketing ou gestão.
Nos quatro anos de curso, os dois estudantes cumpriram dois anos no Politécnico de Leiria, onde fizeram amigos com quem ainda trocam emails.
Ambos salientaram o futuro risonho que pode ter quem dominar o chinês e o português.
"Com os acordos comerciais entre Portugal, Brasil e China, as pessoas já sabem que é uma área promissora e que há mais oportunidades de emprego", concluíram.
Em Macau, o curso de tradução-interpretação tem 150 alunos distribuídos pelos quatro anos, além dos 37 estudantes que estão a cumprir dois anos de estudos no Politécnico de Leiria.
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