sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Moçambique | A Armadilha das Eleições -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os resultados das eleições em Moçambique estão a dar uma uma guerra civil. Com o habitual cortejo de mentiras e suspeitas de fraude. O bolsonarista e trumpista Venâncio Mondlane falhou em toda a linha. Entrou com banga de soba grande e saiu a rastejar, vergado ao peso de uma derrota humilhante.

No dia seguinte ao encerramento das urnas, os evangélicos lançaram o sermão da vitória esmagadora. O seu candidato presidencial ultrapassou os 80 por cento. O logro fez caminho. Os votos estavam a ser contados e já cantavam a fraude. Sabiam muito bem que tinham perdido e imediatamente puseram em causa os resultados que ainda não tinham sido divulgados.

A Casa dos Brancos impôs a regra. Se os nossos kaxikos ganharem, tudo bem. Se perderem, houve fraude. Os trumpistas e bolsonaristas moçambicanos, além da cantilena da fraude deram um passo em frente, convocando uma greve geral e manifestações “pacíficas”, aquelas que dão para partir tudo e instalar o caos. 

Os derrotados continuam nessa onda. O bastonário da Ordem dos Médicos diz que se registaram nove mortos em todo o país, devido aos tumultos causados sobretudo pelo partido PODEMOS e outros concorrentes que ficaram abaixo de zero por cento. Os derrotados dizem que são centenas de vítimas mortais! Vão continuar a matar em grande escola E não escondem o objectivo.

Hoje começou a “grande marcha” contra a democracia moçambicana, convocada pelos bolsonaristas e trumpistas. Benzida pelos evangélicos, horda religiosa que dá cobertura aos neonazis e fascistas. Nada de novo. As religiões têm grandes dificuldades para virarem as costas ao banditismo político. Há honrosas excepções. 

O derrotado Venâncio Mondlane está instalado na África do Sul e de lá manda os seus apoiantes (felizmente poucos) para a morte. Quer a confusão. Vive da confusão. Nunca se esqueçam que temos em Angola os nossos Mondlanes prontos a fazer sangrar a democracia. Temos mais de dois anos e meio para evitar a tragédia.

O porta-voz do Tribunal Supremo de Moçambique informou hoje que no encerramento das urnas logo surgiram dezenas de processos contestando os resultados eleitorais. Só nove foram aceites. Os Tribunais de comarca rejeitaram liminarmente todos os outros por falta de provas. Os nove sobreviventes estão em apreciação e dizem respeito a alegações de irregularidades nas províncias de Nampula, Sofala e Zambézia. Aguardemos os resultados. Mas sejam quais forem, alteram umas décimas.

O Conselho Constitucional deu 24 dias à Comissão Nacional de Eleições para entregar editais e actas das eleições em várias províncias moçambicanas. Aguardemos pelos resultados definitivos. Mas as pressões dos derrotados sobre a Justiça Eleitoral são intoleráveis. Sim há fraude nas eleições moçambicanas. A mais grave é esta pressão que até vem da Ordem dos Advogados. Nunca visto!

Eleições na Geórgia. O Partido Sonho Georgiano-Geórgia Democrática faz parte da coligação de seis partidos que ganhou as eleições parlamentares de 2012. Agora voltou a ganhar e com maioria absoluta. Como a Casa dos Brancos e Bruxelas não querem os vencedores, puseram todo o ocidente alargado a cantar fraude.

Até a Presidente da República da Geórgia alinhou na cantilena. A Comissão Nacional de Eleições pediu-lhe para apresentar as provas das fraudes. E ela recebeu este recado de Bruxelas que papagueou sem gaguejar: “Não tenho provas. As provas que existem são as que ouvimos na rua, nos Media e as denunciadas pelos observadores”. Espero que as eleições de 2027 em Angola só tenham observadores angolanos. Em alguns círculos eleitorais da Geórgia já houve a recontagem dos votos.  O Partido Sonho Georgiano-Geórgia Democrática ainda teve mais do que tinha!

Hoje mando a reportagem que fiz há dez anos com o jornalista Adalberto Ceita sobre a libertação da cidade de Luena e todo o Leste de Angola. As tropas invasoras do regime racista de Pretória foram derrotadas. Os seus ajudantes da UNITA só pararam na Faixa de Caprivi e nos bantustões.

Este texto é informativo. E faz falta publicá-lo novamente porque os sicários da UNITA querem fazer passar uma mensagem mentirosa. Entre 1974 e a vitória estrondosa das FAPLA na Batalha do Cuito Cuanavale, todos os angolanos defendiam a liberdade. A Independência Nacional. A democracia popular ou a representativa. Mentira. Os sicários da UNITA e seus apoiantes queriam instaurar em Angola um regime racista. Estavam muito felizes por serem ajudantes dos racistas de Pretória.

* Jornalista

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