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Lisboa, 06 jun (Lusa) - A urgência de um crescimento sustentável e inclusivo para África foi a palavra de ordem hoje em Lisboa durante a apresentação do relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) sobre as perspetivas económicas para o continente em 2011.
O relatório, apresentado hoje em Lisboa, concluiu que os acontecimentos políticos no norte de África travaram o crescimento económico do continente, que deverá ficar-se pelos 3,7 por cento este ano, apesar das fortes recuperações nas regiões austral, oriental e ocidental.
O BAD indica que a África austral deverá crescer 4,5 por cento este ano, contra 3,3 em 2010, e as regiões oriental e ocidental deverão continuar as trajetórias de crescimento em torno ou acima dos 6,0 por cento (6,7 para a África oriental e 6,0 por cento a África ocidental).
O relatório ressalva, contudo, que o crescimento por si só não está a conseguir melhorar as condições de vida das populações.
Por isso, para o economista-chefe e vice-presidente do BAD, Mtuli Ncube, a "necessidade de promoção de um crescimento inclusivo é urgente para que o continente possa fortalecer a responsabilidade política e lidar com o grande aumento do número de jovens".
Realizado em parceria pelo BAD, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Comissão Económica da ONU para África (UNECA), o relatório destaca que os esforços governamentais devem incluir medidas para criar emprego, investir em serviços sociais básicos e promover a igualdade entre os géneros.
Mtuli Ncube alertou para o crescimento do desemprego, acima dos 14 ou 16 por cento em vários países, sublinhando o aumento do desemprego entre os jovens mais qualificados, muitos dos quais se contaram entre os líderes das recentes revoltas no norte de África.
Por seu lado, Pedro Conceição, economista-chefe do escritório regional de África do PNUD, defendeu que o crescimento económico não é suficiente para que se consiga atingir o desenvolvimento humano, considerando que esse crescimento deve ser abrangente e "diminuir os altos níveis de desigualdade" que persistem.
Pedro Conceição defende uma aposta prioritária na saúde, educação e serviços básicos de forma a "assegurar que os mais vulneráveis não são deixados para trás".
Mário Pezzini, diretor do Centro de Desenvolvimento da OCDE, sublinhou as novas oportunidades que representam para África os países emergentes como a China, índia ou Brasil, defendendo que é fundamental definir as prioridades de desenvolvimento, comércio, ajuda humanitária e investimento "para aproveitar ao máximo os benefícios dessa nova configuração".
O Banco Africano de Desenvolvimento está reunido em Lisboa desde hoje até sexta-feira.
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