terça-feira, 16 de agosto de 2011

Moçambique: Camponeses cultivam feijão para combater fome e sair da pobreza




AYAC - LUSA

Chimoio, Moçambique 16 ago (Lusa) - Mais de 20 mil camponeses estão a produzir feijão boer, com semente melhorada, nas províncias de Manica e Sofala, centro de Moçambique, para reduzir insegurança alimentar e aumentar o rendimento familiar, disse à Lusa fonte governamental.

Eduardo Joaquim, chefe da estação de Sussundenga, província de Manica, do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), disse que além da produção de qualidade do feijão boer, a população camponesa introduziu consórcios de culturas, cereais e leguminosas, para melhorar a fertilidade dos solos e evitar queimadas descontroladas.

"Melhorámos a semente e incentivamos a agricultura de conservação. Na consorciação de culturas, as leguminosas incorporam nutrientes ao solo e ainda os camponeses fazem duas colheitas por época, o que reduz a constante insegurança alimentar", disse Eduardo Joaquim.

Com a semente melhorada a colheita sobe de duas para seis toneladas por hectares de feijão boer, o que irá contribuir para a melhoria do rendimento da agricultura e de rendimentos das famílias camponesas.

Esta variedade do feijão tem como principal mercado a Ásia. Uma indústria de processamento para exportação foi montada em Gurué, na província da Zambézia, centro.

"Este ano vou colher o que nunca consegui fazer nos meus 50 anos de idade. Utilizávamos semente degenerada e o rendimento era muito baixo. Não sei qual o preço por quilo do produto a vender, mas acredito que vou ganhar muito", disse à Lusa, Verónica Mico, camponesa de Nhanzea, Gorongosa (província de Sofala), mãe de 10 filhos.

Rosário Fazenda, com seis mulheres e cinco filhos, que vendia a 40 meticais (0.9 euros) o quilo de feijão boer, espera triplicar o rendimento, na época agrícola que termina em outubro.

"Vou ter mais dinheiro e minha família terá o que comer", disse a Lusa, Rosário Fazenda.
Sylvia Mwichuli, diretora da Aliança para Revolução Verde em África (AGRA), disse que o apoio aos camponeses em técnicas saudáveis de produção vai aumentar a independência financeira e segurança alimentar, fundamentais para sair da pobreza.

"A AGRA precisa juntar os pequenos produtores e potenciá-los para grandes produções, aproveitando a fertilidade da terra, sem recurso a adubos", disse Sylvia Mwichuli, numa visita a campos de produção de feijão boer, financiado pela AGRA em 350 mil dólares (cerca de 243 milhões de euros).

*Foto em Lusa

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