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O escritor angolano José Eduardo Agualusa disse, esta quarta-feira, que a reacção excessiva do governo angolano contra a manifestação pacífica realizada, no sábado, em Luanda, pode indicar que "o regime está a começar a perder o controle".
"Estou a acompanhar as notícias de longe e um amigo, ligado ao regime, dizia-me que se está formando em Luanda uma ideia do início do declínio. É também a percepção que tenho. O regime vem reagindo como se acreditasse na capacidade de ser derrubado pelos mesmos. Isso parece-me significativo", reforçou.
O escritor chamou a atenção ainda para o facto de que a repressão policial em Angola aconteceu perante um protesto muito menos organizado - tanto em termos de estrutura quanto de ideais políticos - do que os que estão a ocorrer no norte de África e países árabes.
"O movimento [em Luanda] é ainda muito imaturo. Começou com pouca gente e com muita má organização -- ao contrário do que aconteceu no Egipto, onde tinham mais consciência do que é o combate não violento", explicou.
O escritor considera, no entanto, que apesar da fragilidade política dos organizadores da manifestação na capital angolana, existe a possibilidade de que o episódio de sábado dê início a uma nova onda de revoltas.
"Enorme desigualdade em Luanda"
Na sua opinião, o regime de José Eduardo dos Santos é mais fraco do que os de outros governos que já caíram na sequência de revoltas populares este ano e o contexto social em Angola é mais propício a revoltas.
"Luanda é uma cidade muito complexa, com uma enorme desigualdade social. Existe um potencial de revolta maior. E há sempre o risco desse tipo de manifestação degenerar em algo violento, caótico, mais difícil de controlar", acrescentou.
"O ideal seria que isso não acontecesse. Mas o regime partir para a violência não me parece uma boa ideia. [...] O ideal seria o regime perceber que o inteligente seria convocar eleições e iniciar um processo democrático", concluiu.
No último sábado, centenas de jovens reuniram-se no Largo da Independência, em Luanda, para uma manifestação pacífica com o objectivo de exigir a destituição do presidente José Eduardo dos Santos, no poder há 32 anos.
Após a alegada prisão de um dos manifestantes, os jovens decidiram iniciar uma marcha até ao Palácio Presidencial, altura em que a polícia terá decidido intervir.
A manifestação terminou com a detenção de 24 pessoas, segundo a polícia, enquanto fontes próximas dos manifestantes falam em 50 detidos, e alguns feridos, entre os quais jornalistas.
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1 comentário:
... Ó Lusa Água ... CHAMA A NATO !!!
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