ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
O Governo português vai decidir este mês o aumento das taxas moderadoras.
Aos portugueses é pedido que, para além do uso de velas (o IVA da electricidade passou de 6% para os 23%), morram o mais depressa possível para, assim, ajudarem a pôr o défice onde os donos do país querem.
O aumento será superior à inflação, além da redução das isenções, mas as "pessoas de menores recursos" deverão manter-se isentas no acesso à saúde, anunciou o ministro da tutela. Não é certo, deverão.
"Haverá menos isenções do que o número que existe actualmente, haverá também algum agravamento, designadamente diferenciado", uma medida que deverá ser decidida em Conselho de Ministros ainda em Setembro, afirmou o ministro Paulo Macedo, em entrevista ao Jornal da Noite, da TVI.
Segundo o governante, uma das áreas onde o aumento das taxas poderá ser maior é no acesso às urgências.
Acho muito bem. Se os portugueses já se estão a habituar a viver sem comer, bem poderão aprender a morrer sem ficar doentes. É tão simples quanto isso.
"Como sabemos, hoje em dia, as taxas moderadoras não moderam o acesso às urgências. Não se moderou esse consumo", disse Paulo Macedo, que admitiu que as urgências são uma área em que poderão registar-se "alguns aumentos percentuais superiores".
Sobre o valor do aumento das taxas moderadoras, o ministro lembrou que o que está previsto no memorando da 'troika' da ajuda externa "é um aumento das taxas moderadoras e depois um acompanhamento através da inflação".
"Por isso", acrescentou, "o aumento das taxas moderadoras será superior à inflação".
A subida dos valores cobrados aos utentes dos serviços de saúde "vai ter em conta o rendimento das pessoas" e "será um aumento diferenciado entre cuidados primários e hospitalares", disse ainda o ministro.
Paulo Macedo adiantou que o projecto do seu ministério é que mantenham as isenções "as pessoas de menores recursos, designadamente desempregados e abaixo do salário mínimo nacional".
Não percebo esta benesse do Governo. Se já têm o privilégio de estar desempregados, de ter menores recursos, porque carga de chuva haveriam de ter isenções para ir ao médico ou ao hospital? É que assim o país não vai lá.
Essas isenções deveriam ser apenas para cidadãos trabalhadores que, como Américo Amorim, não são ricos. Esses sim, merecem.
Sobre o impacto esperado do aumento das taxas, o ministro escusou-se a especificar um valor: afirmou que "o aumento de proveitos não terá qualquer comparação com a redução de custos" no sector da saúde (estimados em 11% para o próximo ano) e acrescentou que o Governo espera "um valor mais substancial" do que os cem milhões de euros por ano de impacto actualmente.
Não é caso para os portugueses dizerem que estão entregues à bicharada. Isto porque a bicharada não gosta de se alimentar de corpos esqueléticos, famintos e em estado terminal.
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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