HENRIQUE RAPOSO – EXPRESSO, opinião, em Blogues
Já que toda a gente tem opinião sobre os transportes públicos de Lisboa, eu também gostava de dar a minha achega. É que, bem vistas as coisas, eu estou a jogar em casa. Eu tenho a pegada carbónica (é assim?) mais pequena da Grande Lisboa, isto é, eu é que sou o verdadeiro ambientalista, isto é, eu não conduzo, isto é, eu conheço os transportes públicos como a palma da minha mão. Assim de repente, tenho uma licenciatura na Rodoviária de Lisboa, um mestrado na Carris e um doutoramento no Metro. Até fiz uma pequena pós-graduação na CP. Portanto, gostava de dizer uma coisa ao senhores do governo: não encomendem estudos sobre transportes públicos a malta que andou sempre de carro, e com motorista. É esquisito.
Bom, tendo em conta os pormaiores acima referidos, gostava de alertar para uma coisa que salta à vista na rede de transportes de Lisboa: a estúpida competição entre Carris e Metro. Se querem reformar e poupar, comecem por aqui. De forma incompreensível, a Carris repete vários trajectos do Metro. Ou seja, vários autocarros da Carris fazem à superfície aquilo que os comboios do Metro já fazem debaixo de terra. Não se percebe, por exemplo, a existência de dezenas de autocarros da Carris a varrer o eixo Saldanha-Campo Grande. Este eixo já é servido pelo Metro.
Moral da história e da racionalidade urbana? A Carris devia ser um complemento do Metro, e não um concorrente. Mais: a Carris e o Metro deviam varrer a cidade em eixos perpendiculares, e nunca de forma paralela. Mas isto sou eu, ok? Não se podem fiar muito em mim: eu não sei fazer uma conta de dividir, escrevi "perpendicular" porque me pareceu uma palavra séria e mui científica e, acima de tudo, nunca tive chofer. Aliás, eu nem sequer tenho carro.
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