segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cavaco: FAZER MAIS E PIOR COM O MESMO





Cavaco Silva publicou, hoje (14/1), um texto no seu facebook, com esta ideia originalíssima: os funcionários públicos devem fazer mais e melhor com menos, “para manter viva a esperança no futuro”.

Em primeiro lugar, seria importante que alguém, na Casa Civil, explicasse a Cavaco que só se pode ter esperança no futuro, embora – confesso – ainda me martirize a sonhar com um passado diferente daquele que tive, como, por exemplo, quando o actual Presidente foi Primeiro-Ministro e revelou a ausência de visão que viria confirmar até hoje.

Os funcionários públicos têm muito má fama, sendo, muitas vezes, considerados uma gente improdutiva muito bem paga, preocupada em cumprir horário, à espera do conforto injustamente seguro que chega sempre no fim do mês. Se Cavaco comungar desta visão, saberá, no fundo, que a recomendação para que os membros de uma tal tribo trabalhem mais e melhor, ainda por cima ganhando menos, só poderá cair em saco roto.

No entanto, mesmo que seja um exercício ocioso, podemos imaginar que existem, entre os funcionários públicos, alguns trabalhadores dedicados, sérios, preocupados, também, com o bem da nação. Não será difícil acreditar que essas raridades possam ser pessoas informadas e que, apesar da dedicação honesta com que trabalham, se sintam desmotivadas, ao sentirem-se roubadas por vagas de políticos desonestos, incompetentes ou ignorantes, e ao verificarem que são obrigados a viver com menos, devido àquilo que outros gastaram e continuam a gastar. Por muito que não queiram, insensivelmente, há muitas probabilidades de que se a revolta se instale ou de que o rendimento seja afectado pelo desencanto.

Não vejo, portanto, como poderá um mau funcionário trabalhar mais ou como poderá trabalhar ainda mais um funcionário competente. Da mais alta figura da nação esperar-se-ia que fosse um Presidente da República, ou seja, um defensor dos cidadãos, mas Cavaco só quer ser Presidente. A República não faz parte das suas preocupações: sendo ele tão pouco, não se espera que faça mais e melhor.

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