Martinho Júnior, Luanda
Em pleno esgotamento da lógica inerente ao capitalismo neo liberal e em pleno declínio da “civilização ocidental”, com os anglo-saxões à cabeça nos índices das perdas, a contaminação do surrealismo da situação e a confusão psicológica decorrente dela, passou dos “mercados financeiros” às cabeças dos próprios “gestores” políticos, técnicos e mediáticos, que ainda por cima, na hora dos apertos, se sujeitam a todo o tipo de interpretações (os media alternativos apesar de tudo vão funcionando e desnudando os monstros)!
Com isso uma coisa me parece certa: “os deuses” estão loucos!!!
Vem isto a propósito do alegado comentário dum “infeliz” ao nível do Presidente do Conselho da Europa, o alemão Martin Schultz que afinal, entre o dito por não dito e em síntese, se queria inspirar na solidariedade de Angola para com Portugal, por que segundo ironicamente acabou por fazer constar, a Alemanha e a União Europeia não têm solidariedade para com Portugal!...
Muito simpático esse senhor para com Angola, esqueceu-se contudo da solidariedade de Angola para com a Alemanha, na base dos interesses que abaixo vou indicando e seguiu um raciocínio que por isso, ao privilegiar razões subjectivas, tentou fazer esquecer as razões objectivas!
Desde que a globalização neo liberal abriu as portas da China, da Índia bem como de outros BRICS e outros emergentes (entre eles Angola) a partir do início da década de 90 do século passado, que os capitais e tecnologias fluíram sobretudo para aqueles gigantes asiáticos e isso, somado aos créditos múltiplos mal parados, a todo o tipo de especulações financeiras e à emissão de simples papel ao invés de moeda “forte” com fundamento nas capacidades produtivas, se vem acentuando o declínio do tesouro norte americano, do dólar e agora, por arrasto, da União Europeia e do euro… enquanto os BRICS e outros “emergem”!
O “efeito boomerang” parece-me lógico: são alguns capitais disponíveis nos países agora emergentes, com a China à cabeça, capitais que se converteram em força por que são sustentados de facto por expedientes produtivos reciclados por um consumo em crescendo, que duma maneira ou de outra acabam por fluir aos Estados Unidos e à Europa, a única forma de restaurar pelo menos algumas das capacidades dos respectivos tesouros ora esgotados e procurar revitalizar as economias, em especial as “periféricas”, o grupo onde se inscreve a de Portugal.
Essa é a questão de facto, a questão objectiva, que choca com a interpretação subjectiva duma entidade ao nível do senhor Martin Schultz, que por outro lado, pasme-se, parece sofrer de amnésia: ao recordar a visita do Passos Coelho a Angola, esqueceu-se da visita da Merkel, que foi anterior mas em data muito próxima!
Merkel esteve em Angola em 12 /13 de Julho de 2011 (veja-se por exemplo o “site” da embaixada alemã em Luanda – http://www.luanda.diplo.de/) e Passos Coelho a 17 de Novembro de 2011 (veja-se a entrevista ao Jornal de Angola – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/pedro-passos-coelho-no-pais-da-sua.html), quer dizer: ainda por cima, a visita de Merkel ocorreu em dois dias e a de Passos Coelho foi só de um!
Acho que o senhor Martin Schultz deu prova de irresponsabilidade, talvez toldado pelas múltiplas emoções que tem vivido e um pouco cansado com o rumo dos acontecimentos.
De facto para África, Estados Unidos e Europa cansam nos seus argumentos históricos que parece nunca mais se esgotarem: depois de séculos de rapina, as emergências parecem procurar socorrer mais as premeditadas vítimas do que os opressores, “China oblige”!
Esquecem-se ainda que o carácter dos estados emergentes, muito tem a ver com a natureza do capitalismo neo liberal de que está inculcada neste “modelo” de globalização, daí a concentração em novas elites do poder político e económico que isso “providencia”, novas elites moldadas à imagem e semelhança das “Castas das Arábias” (recordo – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/castas-das-arabias.html)!
As manipulações deste processo inquinado podem ser testemunhadas de muitas maneiras; recordo uma delas conforme o que publiquei em “Jogos africanos de George Soros” – http://pagina--um.blogspot.com/2011/01/blog-post_26.html...
A propósito, pouco depois da publicação desse artigo (a 26 de Janeiro de 2011), o Banco que tem à frente o antigo Presidente do Banco Federal da Alemanha, Ernst Welteke, o Banco Quantum Capital (veja-se a Mensagem do Presidente do Conselho de Administração que saiu em http://www.bancoquantum.com/pt/o-banco/mensagem-do-presidente-do-conselho-de-administracao), mudou de nome para se tornar em Banco Kwanza Invest 10 dias depois da visita de Merkel a Angola, conforme se pode constar em “Banco Quantum muda de designação para Banco Kwanza Invest” (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/economia/2011/6/29/Banco-Quantum-muda-designacao-para-Kwanza-Invest,72479134-34af-40cc-a6ac-faa6bcbf0796.html)!...
Esse não foi um processo inócuo se observarmos quem está à frente desses interesses!
… coisas que a globalização tece!...
Recomendação:
1 – A ler: “José Filomeno de Sousa dos Santos é uma aposta” – http://heitor-omximo.blogspot.com/2010/05/jose-filomeno-de-sousa-dos-santos-e-uma.html
2 – Leiam com atenção todos os artigos que indico para se aperceberem quanto “os deuses” estão de facto loucos!
1 comentário:
Banco do filho do Presidente da República funciona como uma “Lavandaria” de dinheiro
O dinheiro dos petróleos
A última vez que se discutiu sobre o emprego adequado das receitas das vendas de petróleo foi em 2004 por requerimento controverso duma pequena fracção da oposição, antes de ser aprovada uma nova “lei do petróleo”. Esse requerimento foi um insucesso, pois o partido governamental foi de opinião que não havia motivo algum para a alteração dos já aprovados moldes de distribuição das receitas.
Meses depois descobriu-se por acaso que Dos Santos e os seus conselheiros económicos elaboraram em segredo e fora dos debates parlamentares um conceito de um Sovereign Wealth Fund (SWF, Fundo de Riqueza Soberana), semelhante aos modelos da Rússia e dos reinos árabes.
Pelo menos no papel foi fundado um tal tipo de reserva monetária denominado Angola Reserve Fund for Oil (Fundo Angolano de Reserva das Receitas de Petróleo). Ocasião que foi aproveitada para dar mais umas calcadelas à legalidade, pois só depois de isso vir ao de cima é que o então ministro das Finanças, José Pedro Morais, deu conhecimento à imprensa internacional a existência desse fundo monetário e os membros do parlamento do seu partido tiveram autorização para discutir sobre esse assunto. O plano do governo era o de transformar os fundos de receitas das vendas de petróleo em investimentos empresariais ou investimentos em países considerados amigos do regime actual.
No ano de 2006, o governo fundou o Banco Angolano de Desenvolvimento, sustentado por receitas petrolíferas, mas sob o controlo da empresa petrolífera estatal Sonagol e não do parlamento. Mais uma calcadela! E somente no ano 2007 é que o conselho de ministro aprovou a lei de fundação da Angola Reserve Fund for Oil, para onde são depositadas as receitas monetárias que resultam das diferenças entre os preços de venda do petróleo angolano no Mercado internacional e do preço orçamentado no ano de 2007 no valor de 45 US$ por barril.
...
Ainda faltam explicações pela parte dos governantes angolanos até hoje em dia onde fica a diferença do valor do preço não referenciado. “The last but not the least” … calcadela da lei angolana!
Não vamos aqui repetir as peripécias de levaram Zenú dos Santos a integrar o elenco directivo do Banco Quantum. Apenas queremos salientar uma vez mais que na sua origem se encontra uma companhia offshore suíça situada no Cantão Zug, o qual, diga-se de passagem, não serve só como “Offshore Jurisdiction” assim como Zurique, Tessin etc., mas também serve de plataforma para negócios e contrabando de petróleos.
A partir de Zug, uma cidade católica com apenas 100.000 habitantes, mas com mais de 27.000 bancos e empresas offshore, muitas delas só com caixas postais, são exercidos quase todos os negócios de matérias-primas, que ditam o Mercado mundial: petróleo, diamantes e outros minerais, produtos agrícolas, sementes, etc. Os conselhos de administração dessas “fundações” duvidosas fazem crer que por terem nos seus órgãos o filho do presidente de um dos países considerado dos mais corruptos do mundo, visam trabalhar nos processos e movimentos do sector público e acabar com a corrupção nos sectores público e privado, mas …também manter a sustentabilidade dos mesmos”!
Essa Quantum Global Wealth Management AG tinha a liderá-la, Jean-Claude Bastos de Morais, um amigo de adolescência de Zénu dos Santos, filho primogénito do PR, porém, até agora, mantém-se um segredo sobre o tipo de actividades que essa firma exerceu até à data actual. Em todo o caso sabe-se que Bastos fundou numa dada altura do ano de 2004 a companhia Quantum Capital S.A., uma empresa autónoma de direito angolano, que dispõe de bancos e serviços de investimentos em Angola em cooperação com parceiros internacionais...
http://giuridicopolitico.blog.com/
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