Fábio Nassif – Carta Maior
O Levante Popular da Juventude realizou manifestações em várias capitais brasileiras na frente de residências e locais de trabalho de ex-militares e policiais acusados da prática de tortura durante a ditadura. Em São Paulo, protesto ocorreu em frente à empresa do delegado aposentado David dos Santos de Araújo, acusado pelo Ministério Público Federal de participar de torturas e assassinatos.
São Paulo - Às vésperas da data que marca os 48 anos do golpe militar no Brasil, um grupo de jovens iniciou nesta segunda-feira (26) uma série de ações que buscam dar visibilidade à impunidade de torturadores e acusados de outros crimes durante a ditadura ainda vivos. O Levante Popular da Juventude realizou "escrachos" em algumas capitais do país, como forma de denunciar os acusados desses crimes na frente de suas casas ou empresas.
O pano de fundo das manifestações é o início dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, que ainda não foi instaurada pela presidenta Dilma Roussef (PT). Além de recentes pronunciamentos do Clube Militar contrários à comissão, os militares ensaiam realizar diversas “comemorações”, o que acirra mais o embate.
Na capital paulista, cerca de 150 jovens, que apoiam a Comissão e pedem julgamento dos torturadores, se concentraram na frente da empresa de segurança Dacala, na avenida Vereador José Diniz. O dono é o delegado aposentado David dos Santos de Araújo, acusado pelo Ministério Público Federal de participar de torturas e assassinatos.
O “Capitão Lisboa”, como era conhecido, é acusado de ser um dos torturadores do Doi-Codi. O panfleto distribuído no ato afirma que David também é conhecido pelos estupros de filhos de pessoas que assassinou durante a ditadura civil-militar. E estampa as logomarcas da Anhanguera Educacional, Banco Safra, Banco Itaú, Jac Motors e Ford, empresas que são clientes de sua empresa de segurança.
Os 70 jovens participantes do ato em Porto Alegre foram à frente da residência do coronel Carlos Alberto Ponzi, na rua Casemiro de Abreu, 619. O ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) em Porto Alegre é acusado pela justiça italiana pelo desaparecimento do militante Lorenzo Ismael Viñas, capturado ao tentar atravessar a ponte que liga Uruguaiana à Paso de Los Libres (Argentina), em 26 de junho de 1980, durante a Operação Condor. O crime foi cometido depois da assinatura da Lei de Anistia, feita em 1979.
Em Belo Horizonte o grupo denunciou Ariovaldo da Hora e Silva, em sua residência na rua Biagio Polizzi, 240. Ele é acusado de torturar Afonso Celso Lana Leite, Cecílio Emigdio Saturnino, Jaime de Almeida, Nilo Sérgio Menezes Macedo e outros, quando era investigador da Polícia Federal. Segundo o livro Brasil Nunca Mais, Ariovaldo também é responsável pela morte de João Lucas Alves.
Adriano Bessa, acusado de ser um delator e prestador de serviços durante o período militar, foi o alvo dos 80 manifestantes em Belém do Pará. O Levante Popular da Juventude também realizou escrachos na Bahia e no Ceará.
“Comemorações”
O pano de fundo das manifestações é o início dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, que ainda não foi instaurada pela presidenta Dilma Roussef (PT). Além de recentes pronunciamentos do Clube Militar contrários à comissão, os militares ensaiam realizar diversas “comemorações”, o que acirra mais o embate.
Na capital paulista, cerca de 150 jovens, que apoiam a Comissão e pedem julgamento dos torturadores, se concentraram na frente da empresa de segurança Dacala, na avenida Vereador José Diniz. O dono é o delegado aposentado David dos Santos de Araújo, acusado pelo Ministério Público Federal de participar de torturas e assassinatos.
O “Capitão Lisboa”, como era conhecido, é acusado de ser um dos torturadores do Doi-Codi. O panfleto distribuído no ato afirma que David também é conhecido pelos estupros de filhos de pessoas que assassinou durante a ditadura civil-militar. E estampa as logomarcas da Anhanguera Educacional, Banco Safra, Banco Itaú, Jac Motors e Ford, empresas que são clientes de sua empresa de segurança.
Os 70 jovens participantes do ato em Porto Alegre foram à frente da residência do coronel Carlos Alberto Ponzi, na rua Casemiro de Abreu, 619. O ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) em Porto Alegre é acusado pela justiça italiana pelo desaparecimento do militante Lorenzo Ismael Viñas, capturado ao tentar atravessar a ponte que liga Uruguaiana à Paso de Los Libres (Argentina), em 26 de junho de 1980, durante a Operação Condor. O crime foi cometido depois da assinatura da Lei de Anistia, feita em 1979.
Em Belo Horizonte o grupo denunciou Ariovaldo da Hora e Silva, em sua residência na rua Biagio Polizzi, 240. Ele é acusado de torturar Afonso Celso Lana Leite, Cecílio Emigdio Saturnino, Jaime de Almeida, Nilo Sérgio Menezes Macedo e outros, quando era investigador da Polícia Federal. Segundo o livro Brasil Nunca Mais, Ariovaldo também é responsável pela morte de João Lucas Alves.
Adriano Bessa, acusado de ser um delator e prestador de serviços durante o período militar, foi o alvo dos 80 manifestantes em Belém do Pará. O Levante Popular da Juventude também realizou escrachos na Bahia e no Ceará.
“Comemorações”
Os militares, aposentados ou não, realizarão uma série de atividades que remetem ao golpe de estado. O Círculo Militar de Campinas realizará um lançamento do livro “Médici – a verdadeira história”, com a presença do filho do ex-presidente ditador Emílio Garrastazu Médici. A atividade é organizada em parceria com o Grupo Inconfidentes, uma organização saudosista de militares.
Em São Paulo, o Círculo Militar organizará uma festa no dia 31, chamada “Viagem no túnel do tempo”. O Clube Militar do Rio de Janeiro organiza o evento “1964 – A Verdade”, no dia 29.
Organizações de esquerda pretendem organizar ações de contraponto a essas. Uma delas é o bem humorado Cordão da Mentira, que se concentrará no dia 1° de abril, às 11h30, no Cemitério da Consolação. “Povoemos os porões do imaginário, com tudo aquilo que a ditadura encarcerou na sua cultura! Levemos pra lá o samba dos cordões, as imagens censuradas, as bocas amordaçadas. Fantasiemos as ruas com seus símbolos de opressão! Enganemos a todos com as farsas de nossa história!”, diz o manifesto que convoca o batuque.
Fotos: Protesto realizado em frente à casa do ex-chefe do SNI em Porto Alegre (Foto: Leandro Silva)
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2 comentários:
Esses jovens desconhecem a história. Foram doutrinados até o fígado por professores de esquerda, e hoje são simplesmente marionetes na mão dessas pessoas que comandam hoje o país e nadam na corrupção. Obviamente, não se pode negar que ocorreram abusos durante o Regime Militar. Entretanto, esses abusos foram exceção e não regra. O que representa uma ditadura que vitimou apenas duas centenas de pessoas comparando-se com as ditaduras comunistas que por toda a parte fizeram e ainda fazem milhares e até milhões de vítimas? E a ditadura silenciosa de nosso Brasil? A violência atualmente é muito maior do que no passado. Vivemos hoje a ditadura dos traficantes, bandidos, estupradores, vândalos e, como se não bastasse, das minorias barulhentas. Como já consignado alhures, em 30 anos, o país teve mais de um milhão de vítimas de homicídio. Esses são os verdadeiros "anos de chumbo", mas ninguém fala absolutamente nada sobre isso e querem se vingar de militares por crimes já prescritos. Outrossim, é importante consignar que os "torturadores" moram em casas modestas enquanto os "torturados" estão todos milionários.
Durante o Regime Militar não havia guerra de torcidas, drogados nas ruas e nem grades nos edifícios. Não havia baixaria na televisão e as bancas de jornais respeitavam os mais jovens. Tampouco havia funk e a favelização era tímida. Não havia militantes gays e ateus e nem havia cotas e movimento negro. As igrejas neo-pentecostais já existiam, mas sua atuação era muito pouco ostensiva. Enfim, isso tudo para citar o mínimo. Havia mais respeito entre todos e vivíamos uma era dourada comparando-se aos dias atuais.
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