terça-feira, 27 de março de 2012

China: Fundo de mil milhões de dólares instituído "formalmente nos próximos meses"


DM - Lusa

Macau, China, 27 mar (Lusa) - O fundo de mil milhões de dólares a ser instituído "formalmente nos próximos meses" pela China para o desenvolvimento da cooperação com os países lusófonos consagra as componentes de investimento e empréstimo/financiamento, foi hoje revelado em Macau.

O Fundo de Desenvolvimento para a Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa - formalmente assim designado - ainda não tem data definida para ser ativado, mas segundo Zhang Xuguang, diretor-geral do 'China Development Bank Capital' (CDB Capital) - subsidiária do Banco de Desenvolvimento da China - "dentro dos próximos meses" deverá ter lugar a "instituição formal" ficando o fundo "oficialmente aberto a investimentos".

O CDB Capital e o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização de Macau assumem-se, em representação do Banco de Desenvolvimento da China e do Governo de Macau, como os financiadores do fundo, que será administrado pela companhia criada para esta finalidade, explicou Zhang Xuguang durante a sessão de apresentação dos contornos do fundo.

O valor global do capital social do fundo é de mil milhões de dólares (749 milhões de euros), sendo o valor da primeira fase de 200 milhões de dólares (150 milhões de euros).

Macau vai injetar 50 milhões de dólares (37,42 milhões de euros) nesta etapa do processo, não estando fechada a porta à introdução, "consoante as necessidades", da participação de instituições financeiras e de grandes empresas dos países lusófonos, para aumentar a dimensão do fundo.

Na sessão, que contou com cerca de 150 personalidades, entre as quais o vice-ministro chinês do Comércio, Jiang Zenghei, o diretor-geral do CDB Capital explicou que o fundo visa atender "ao benefício socioeconómico com especial atenção para "a melhoria da capacidade dos países de expressão portuguesa".

Os montantes a desbloquear vão ser investidos nomeadamente na construção de infraestruturas, transportes, comunicações, energia, agricultura e recursos naturais, entre outros domínios do "interesse" comum da China e da lusofonia.

Da dotação global, 200 milhões de dólares (20 por cento) destinam-se a fundos de capital, enquanto os restantes 800 milhões de dólares (599 milhões de euros) são para empréstimos e financiamento.

O fundo "apoiará o desenvolvimento conjunto das empresas do interior da China e dos países lusófonos através de um instrumento de serviço financeiro integrado 'investimento e empréstimo'" e em obediência dos princípios de orientação para o mercado, ou seja, o fundo "escolherá livremente projetos de investimento de entre os países participantes do Fórum".

"Tendo como objetivo servir os países de língua portuguesa com diferentes situações e etapas de desenvolvimento e atender às necessidades a vários níveis das empresas alvo de investimento", o fundo poderá fornecer modalidades de serviços de investimento variados, flexíveis e convenientes", argumentou Zhang Xuguang.

Além do investimento direto nas empresas locais com caraterísticas de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa, o fundo pode ainda "aprofundar a cooperação através da constituição de 'joint-ventures' estabelecidas nos respetivos países para alcançar a finalidade de 'dupla vantagem'".

A título de exemplo, o fundo pode constituir 'joint-ventures' com empresas dos países lusófonos que tenham interesse em fazer negócios na China, podendo o Banco de Desenvolvimento da China prestar um serviço financeiro integrado a essas 'joint-ventures' no âmbito de empréstimo, 'leasing', emissão de títulos e cotação, etc.

A sessão de apresentação do fundo - medida proposta pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em novembro de 2010 - foi precedida da assinatura de um memorando de entendimento entre o Banco do Desenvolvimento da China e o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de Língua Portuguesa (Fórum Macau).

Além da China, através da 'ponte' Macau, fazem parte do Fórum Angola, Brasil, Portugal, Moçambique, Timor-Leste, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

São Tomé e Príncipe não participa por manter relações diplomáticas com Taiwan em detrimento de Pequim.

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