terça-feira, 27 de março de 2012

Estudantes do Timor-Leste são novos alunos na Unilab, Brasil




Melquiades Júnior -Diário do Nordeste – Foto de José Leomar

Cheios de esperança, jovens do Timor-Leste querem se capacitar no Brasil e auxiliar seu país na luta emancipatória

Redenção - Chegaram ao Ceará mais estudantes do Timor-Leste que ingressam nos cursos superiores da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab). A parceria com a Universidade Nacional de Timor-Lorosae possibilitou a vinda de mais 69 timorenses para o campus da Unilab em Redenção, na região do Maciço de Baturité. Em sua maioria jovens, todos trazem a esperança de aprender um ofício e levar o desenvolvimento para o país, localizado no continente asiático e que só há 10 anos consolidou processo de independência.

Agora, juntam-se a jovens brasileiros e de países africanos. A Unilab é uma instituição de ensino superior do governo brasileiro que objetiva firmar convênios de cooperação com os países lusófonos. Representa uma das primeiras grandes experiências brasileiras em intercâmbio cultural e educacional entre países de língua portuguesa.

São mais de 400 estudantes em Redenção vindo de países africanos como Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e de Timor-Leste. Não é apenas uma grande experiência, mas a realização de um sonho de pessoas que saíram de uma região pobre do planeta para um dia voltarem carregando esperança.

Euforia e brilho nos olhos de quem traz uma cultura diferente para o País que será moradia pelos próximos anos. Foi com o coração apertado que a estudante timorense Maria em Graça, de 21 anos, deixou os pais e sete irmãos para estudar administração pública na Unilab. Chegou no último fim de semana com outros 68 timorenses.

Mas, no desafio do novo encontram o apoio de conterrâneas. Já estavam aqui Maria, Santina e Brígida. Mulheres que um dia foram perseguidas no próprio país porque queriam estudar português (o idioma popular é o tétum). Só com o fim da colonização pela Indonésia que os timorenses começaram a conquistar a liberdade.

Determinação

"A educação é a nossa segunda luta. A primeira foi pela independência", afirma Brígida da Silva, de 50 anos, que por quatro foi prisioneira política. Está em Redenção desde o ano passado cursando Ciências da Natureza e Matemática. Quando formada, quer voltar para o Timor e, em bom português, levar conhecimento e desenvolvimento para o seu Município. O termo Unilab representa uma união afro-brasileira. A inclusão de Timor-Leste, que fica no continente asiático, mostra que o próprio nome não resume a abrangência, notadamente delimitada para língua portuguesa.

"A gente veio com determinação pela educação", comenta a timorense Santina Maria Afonso da Silva, de 52 anos. No coração não preenchido pela educação, está a saudade dos sete filhos. Tenta encurtar a distância com fotografias, telefonemas e mensagem na Internet. Não pode conferir de perto a sua primeira netinha, nascida há mês e meio.

A Unilab foi criada em 2010 pelo então presidente Luis Inácio Lula da Silva. É uma proposta de intercâmbio e integração dos países de língua portuguesa. O campus ainda funciona em sede improvisada no Município de Redenção, até que seja construído o Campus das Auroras.

Parceria

Mas a parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) garante, inclusive, aulas de laboratório. Atualmente, a Unilab oferece os cursos de Enfermagem, Administração Pública, Agronomia, Ciências da Natureza e Matemática, Letras, Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Engenharia de Energias. Cada estudante timorense recebe auxílio financeiro de U$ 500 para moradia, alimentação e transporte.

"A meta é que, em cinco anos, tenhamos cinco mil estudantes, dos quais 2.500 serão estrangeiros nos diversos cursos, e a construção do Campus das Auroras, entre Acarape e Redenção, significará a instalação de uma verdadeira cidade universitária", afirma Paulo Speller, reitor da Unilab. O embaixador do Timor-Leste no Brasil, Domingos de Sousa, também esteve presente fazendo a acolhida dos jovens timorenses. Seis concursos para admissão de professores estão em processo na Unilab, dos quais três estão com inscrições abertas.

A professora doutora Maria do Socorro afirma que vem aprendendo bastante com os alunos da instituição. "Percebemos nos alunos o tamanho da determinação. Eles estão aqui cheio de vontade de estudar, e isso é gratificante para qualquer professor".

Desenvolvimento

Não tenho dúvida de que todo o sacrifício que eles fizeram para chegar até aqui é motivado pelo desejo de aprender", afirma a professora. E após três meses em um curso para aprender português e poder estudar no Brasil, foi em bom tom que saíram as palavras da jovem timorense Maria em Graça, recém-chegada ao município de Redenção: "Eu quero levar o desenvolvimento para o meu país", ressalta.

Mais informações:
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)
Município de Redenção
Telefone: (85) 3332.1414

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado Brasil,

O projecto da Unilab é um dos melhores projectos de cooperação que temos visto. Para vençer a luta do Sub Desenvolvimento é necessário, formar os jovens. Esses 69 jovens quando regressarem a Timor, virão com outras ideias e mentalidades.

Beijinhos da Querida Lucrécia

Anónimo disse...

ainda é pequeno o número de timorenses no Brasil

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