quarta-feira, 7 de março de 2012

Moçambique: 8 Meses e muitos milhões depois, dezenas destes autocarros já não andam



Francisco Mandlate – O País (mz)

Há falta de acessórios no mercado, apesar de o Fundo para o Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações ter prometido, aquando da entrega dos autocarros, que o fornecedor ia garantir a sustentabilidade dos mesmos.

Os primeiros 32 autocarros movidos a gás natural, de marca Tata, foram entregues, a 4 de Julho de 2011, à extinta empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM), agora Empresa de Transportes Rodoviário de Maputo.

Passados oito meses, 50 destas viaturas, de um total de 150, estão avariadas e não há acessórios no mercado moçambicano para a sua reparação.

A nossa equipa de reportagem dirigiu-se ao parque onde é estacionada parte dos 150 autocarros dos TPM de marca Tata, na avenida Milagre Mabote. No local, foi possível ver, pelo menos, três autocarros que, pelo aspectos, estão mesmo avariados. Os mesmos estão suportados sobre troncos e sem os respectivos pneus, sendo que um aparenta estar em reparação. Mas a imprensa avança que, ao todo, são 50 autocarros que se encontram avariados e não estão a circular.

O porta-voz da direcção da empresa diz não ter conhecimento da existência de autocarros avariados e, por isso, não mais podia dizer. Entretanto, em contacto telefónico, o vereador municipal para a Área de Transporte, João Matlombe, confirmou a informação e delegou a um dos administradores da empresa para se pronunciar e fornecer mais detalhes sobre o caso, mas este não estava contactável.

No dia da entrega dos primeiros autocarros à empresa TPM, há oito meses, revelou-se que cada autocarro custou ao Estado cerca de quatro milhões de meticais, o que significa que, no total, o governo desembolsou cerca de 565 milhões de meticais através do Fundo para o Desenvolvimento de Transportes e Comunicações, para a compra dos 150 autocarros, com o intuito de fazer face à crise de transporte público de passageiros que se instalou nas principais cidades do país. Esperava-se que os autocarros movidos a gás natural reduzissem em 40% os custos de operações da empresa.

Aquando da entrega dos autocarros, o então presidente do Fundo para o Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações disse que estava assegurada, com o fornecedor, a disponibilização de acessórios para garantir a sustantabilidade dos mesmos.

Passados oito meses, ao que tudo indica, ainda não foi possível importar os acessórios para os autocarros em causa.

Questionado sobre a matéria, o ministro dos Transportes e Comunicação, Paulo Zucula, disse que o assunto já não estava sob sua alçada, uma vez que o governo transferiu a gestão da ex-TPM aos municípios de Maputo e Matola. Portanto, cabe a essas duas edilidades responder a questões relativas à avaria dos 50 autocarros.

No entanto, Zucula esqueceu-se de que, há oito meses, quando os autocarros foram comprados, a empresa TPM estava ainda sob sua tutela, além de o Fundo para o Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações, entidade que comprou os autocarros e prometeu a TPM que o fornecedor haveria de disponibilizar acessórios, estar ainda, até ao momento, sob sua tutela.

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