... vendidos pela empresa de Guebuza
Canalmoz
Maputo (Canalmoz) – Depois de o Canal de Moçambique/Canalmoz ter informado o público que mais de 50 autocarros de um lote de 150 comprados em Julho do ano passado pelo Estado, à empresa TATA Moçambique – participada pelo presidente da República, Armando Guebuza, e o ministro na Presidência para Assuntos da Casa Civil, António Sumbana – encontravam-se avariados, multiplicaram-se movimentações dos habituais “escovas” para defender a empresa do chefe e continuarem a lesar o Estado.
Vários outros órgãos, designadamente a STV, Savana e O País, reportaram posteriormente os mesmos factos.
Agora, o presidente do Conselho Municipal de Maputo, David Simango, está a tentar desacreditar o trabalho de campo da Imprensa. Em entrevista à Agência de Informação de Moçambique (AIM), a agência noticiosa controlada pelo Gabinete de Informação (GABINFO) que é um departamento do Ganinete do Primeiro Ministro, o edil de Maputo, David Simango está agora a tentar mostrar serviço e a culpar a Imprensa. Para ele, está tudo bem. Disse à AIM que “não houve muitos carros avariados, e eu penso que alguma Imprensa quis usar isso como um problema muito grande; houve algum atraso na importação de peças sobressalentes, porque, de facto, muitos daqueles carros não tinham avarias grossas”. Mas Simango não explicou à AIM como é que os autocarros alegadamente “novos” podem avariar em número de 50 sem terem estarem a rodar nem sequer há um ano.
A Reportagem do Canalmoz e do Canal de Moçambique esteve nas oficinas da TATA Moçambique e fotografou as dezenas de autocarros que estavam ali avariados. A oficina apresentava um ar desolador. Alguns autocarros já nem sequer pneus tinham. Na altura quisemos ouvir os responsáveis da oficina, mas um grupo de trabalhadores chefiados por um indiano (recorde-se que a TATA é uma empresa da Índia) informou-nos que o esclarecimento tinha de ser obtido junto à agora empresa municipal dos Transportes Públicos, ex-TPM. Note-se que depois de comprados os machimbombos a TPM ainda existia. Depois disso foi desmembrada em duas empresas municipais, uma da Matola e outra de Maputo-cidade.
Nos TPM falámos com o chefe das Relações Públicas que nos informou que não tinha autorização para falar e que encaminharia as questões ao Conselho de Administração. Passa quase um mês e ainda não fomos contactados para esclarecimentos desse mesmo Conselho de Administração. Enquanto isso decorre uma campanha de desinformação para fazer crer que está tudo bem.
Aliás, enquanto aguardamos há mais de um mês pelos esclarecimentos dos TPM, eis que a PCA Maria Iolanda Macamo apareceu ontem em Grande Entrevista à Televisão privada STV a negar que haja mais de 50 autocarros avariados quer nos parques dos TPM assim como da TATA Moçambique. Quer Iolanda Macamo assim como David Simango anunciaram que o problema dos autocarros imobilizados na empresa municipal de transportes está a ser resolvido, com a chegada de acessórios disponibilizados pelo fornecedor das viaturas.
Independentemente das entrevistas dadas para defender a empresa de Guebuza e do seu ministro na Presidência António Sumbana, o facto é que estão nos parques dos TPM, assim como da própria empresa TATA Moçambique, parqueados, mais de 50 autocarros com diversos problemas. Todos eles pertencem a um lote de 150, adquiridos ao Group Tata, na Índia, há menos de um ano.
Na altura em que os autocarros foram adquiridos o presidente da República, Armando Guebuza, visitou a Índia. Pouco tempo depois os autocarros desembarcaram em Maputo e foram apresentados à imprensa em acto público. O PCA dos TPM na altura acabou por ser exonerado quando o Canalmoz e o Canal de Moçambique expuseram todos os meandros do negócio.
Os TPM seriam depois desmembrados em duas empresas municipais.
Armando Guebuza e António Sumbana, seu ministro na Presidência, são ambos sócios da Tata Moçambique, participada pelo Grupo Tata.
A tutela dos TPM, na altura em que os machimbombos TATA foram adquiridos, era o Ministério dos Transportes e Comunicações. O ministro da pasta é Paulo Zucula. Nos termos da Constituição da República o chefe de Estado é também chefe do Governo.
A aquisição dos autocarros não obedeceu à Lei do Procurment. Não houve concurso público.
A tutela das empresas municipais são os próprios Conselhos Municipais.
Enquanto isso a população continua a ser transportada em Maputo, Matola e arredores como se fosse gado, em carrinhas de caixa aberta, e exposta a todos os riscos.
Há ainda provas de que autocarros dos TPM estão a operar fora da área de jurisdição das empresas. Um caso concreto está a ocorrer no Município de Inhambane (ver imagem). (Redacção)
- Foto: Autocarro dos TPM (Transportes Públicos de Maputo) desviado para Inhambane quando se aproxima a campanha eleitoral das eleições “intercalares” para eleição do sucessor do ex-edil, Lourenço Macul, falecido em Dezembro de 2012. (Foto: Fernando Veloso)
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